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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Neste final de ano, o blog do Movimento Mulheres em Luta vai ficar sem alimentação. A partir do dia 6 de janeiro, voltamos com mais declarações políticas, apresentação dos encaminhamentos da nossa luta e com bastante disposição de seguir a batalha contra o machismo e a exploração. Bom final de ano a todos e todas! Vamos recarregar as baterias para encararmos 2012 como mais um ano de lutas e desafios!

Mulheres egípcias são parte fundamental da luta revolucionária no país

O mundo inteiro chocou-se com a imagem amplamente divulgada de uma manifestante egípcia sendo espancada por policiais que tentavam conter as manifestações. A frieza e a violência covarde, digno de quem está defendendo interesses muito fortes. Está um curso, no Egito, um importante processo revolucionário, que teve início em 25 de janeiro, quando desencadearam centenas de manifestações, com milhares de trabalhadores e jovens egípcios que exigiam o fim da ditadura de Hosni Mubarak, que estava há 30 anos no poder.

Com a queda de Mubarak, em fevereiro, as manifestações arrefeceram, mas o clima de mudanças e transformações seguiu tomando conta do país e de toda a região dos países árabes, que viram mais ditadores caírem, como Kadafi, na Líbia, após uma sangrenta guerra civil e como Ben Ali, que caiu antes de Mubarak, na Tunísia.

O exército assumiu o poder no Egito sob uma pressão muito forte da população, que esperava mais aberturas democráticas do que foram imediatamente garantidas. Porém, a população deu um tempo para o exército e aguardou as mudanças. O tempo dado foi proporcional à sede de mudanças e meses depois, os egípcios voltam massivamente às ruas insatisfeitos com o ritmo de abertura democrática, exigindo a saída da Junta Militar do comando político do país e insatisfeitos com as mazelas do capitalismo e de sua crise no país: desemprego, fome, miséria, difíceis condições de trabalho,etc.

A força e capacidade revolucionária deste ascenso se expressa na presença e ação das mulheres nessa revolução. Desde o “25/jan”, as mulheres tem tomado a linha de frente dos protestos e manifestações. Em um país de religião muçulmana, que reproduz ideologias machistas muito fortes, a presença de mulheres nas manifestações e nas lutas é um enfrentamento à ordem e que só se desenvolve, na medida em que a luta de classes no país se desenvolve, na medida em que a luta democrática abre espaço de questionamento não apenas de um sistema político, mas sobretudo de um sistema social que utiliza a falta de liberdades democráticas, para explorar a classe trabalhadora do país e atender aos interesses imperialistas para a região.

A força desse processo questiona a política do imperialismo norte-americano e europeu para a região, que foi conivente, no caso do Egito, com 30 anos de ditadura. Evidentemente, o objetivo do imperialismo na região é o controle político, para que haja exploração econômica dos importantes recursos naturais da região mais rica em petróleo do mundo.

Por isso, o imperialismo norte-americano se coloca “ao lado da revolução”, porque visa a estabilidade do país, se com ditadura não há estabilidade, apoiemos as lutas democráticas. No entanto, a cada dia que passa, abrem-se novas contradições, pois a resolução dos problemas do povo egípcio não está apenas em abertura democrática, mas com a destruição do capitalismo, motivo fundamental das condições políticas e sociais do país e de toda a região árabe.

Foi por isso que vimos o pronunciamento de Hillary Clinton, secretária de Estado norte americano, condenando as imagens do espancamento que chocaram o mundo. A ação policial quebra um rigoroso tabu da tradição árabe acerca da violência contra as mulheres desarmadas, assim como o fato de despir a mulher. Isso demonstra que o que está em jogo na disputa entre manifestantes e o exército é o controle do Estado, o controle político e social do país, por isso, para o Exército, vale a pena quebrar esses tabus em favor desse interesse maior.

Isso nos faz por um lado, visualizar melhor a motivação política de tal estupidez. E, por outro lado, entender a força da revolução. Para a burguesia egípcia e seus representantes políticos e militares, não há tabus e tradições que segurem a crueldade em defesa do seu Estado.

Para o imperialismo, abre-se a contradição de “apoiar” um processo que pode fugir do seu controle. Atos como o que ocorreu em frente à Embaixada de Israel revelam o que é o movimento de massas egípcio “sair do controle” e a possibilidade de isso acontecer.

As mulheres em luta na Praça Tahir, em protesto contra essa agressão estúpida e atroz à manifestante demonstram que também para os trabalhadores e o povo egípcio, as tradições podem ser frágeis e que a luta, em última instância pelas suas vidas, pode assumir um método, um programa e um enfrentamento revolucionários.

Todo apoio aos trabalhadores e ao povo egípcio!
Basta de violência contra as mulheres!




sábado, 17 de dezembro de 2011

Após aprovar mais dinheiro para FMI, Dilma tenta cortar na aposentadoria

Uma semana após aprovar na Câmara cota maior para o FMI, governo mira aposentadoria integral de novos servidores; sindicatos tentam impedir

O governo da presidenta Dilma Rousseff tentará aprovar no plenário da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (13), o projeto de lei que reduz o direito de novos servidores à aposentadoria ao pôr fim ao benefício integral. A investida contra a Previdência, que sindicatos de servidores tentam evitar, está marcada para acontecer uma semana após os deputados ratificarem a mensagem da Presidência da República que aumentou o número de cotas de participação do Brasil no Fundo Monetário Internacional. Em todo mundo, o FMI tem sido um dos organismos internacionais que mais pressionam governos a cortar despesas com aposentadorias e salários de trabalhadores.

De acordo com o analista político Antonio Augusto Queiroz, do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), o governo joga peso para votar o PL 1992/2007 e a tendência, até o momento, é que isso aconteça na terça. Servidores do Judiciário Federal, do MPU e de outros setores do funcionalismo, porém, devem agregar a pressão sobre os deputados para que o projeto não seja votado às atividades políticas e de articulação por projetos específicos de cada setor.

Embora conte com maioria e trabalhe para aprovar o projeto, o governo tem contra si o calendário apertado de final de ano do Congresso Nacional – que entra em recesso no dia 22 de dezembro. O PL 1992 cria um fundo de previdência complementar para novos servidores, que passariam a ter o benefício pago pela União limitado ao teto do Regime Geral da Previdência. A complementação viria desse fundo, que poderá ser controlado por bancos privados, mas em valores incertos: o sistema a ser adotado é o de contribuição definida, na qual o trabalhador sabe quanto paga, mas não sabe quanto receberá.

Crise na Europa
Enquanto nesta semana o discurso vendido pelo governo no Congresso é de que o país precisa reduzir despesas com a aposentadoria para que a Previdência pública não entre em colapso, tese contestada por especialistas não atrelados ao Planalto, na semana passada a retórica usada para aprovar a mensagem relativa ao FMI era outra: a de que a economia está sólida, o país vai bem e deve aumentar o seu peso no Fundo Monetário Internacional.

A proposta aprovada prevê o aumento do número de cotas do país no FMI. Pode até não significar o desembolso imediato de mais dinheiro para o Fundo, mas está diretamente ligada à promessa do governo brasileiro de participar do pacote de recursos destinados a ‘socorrer’ países da União Européia – em geral, dinheiro público que vem sendo usado para conter a voracidade do mercado financeiro. Especula-se que o país poderá arcar com 15 bilhões de dólares para isso.

A ‘aliança’ do governo brasileiro com o FMI é criticada pelo economista Washington Lima, do Departamento de Economia do Sintrajud-SP. “O Brasil vai contribuir ainda mais com o Fundo Monetário Internacional, que está destruindo a economia dos países do mundo”, disse. Ele observa que foi o Fundo que preparou alguns anos atrás as medidas que “levaram ao desastre das economias” européias. “Os trabalhadores na Europa e no mundo têm tido diminuídas suas rendas ano a ano, pela política que o FMI prega”, afirma.

O economista critica as medidas impostas à Grécia pelo FMI e o Banco Central Europeu. “Vão reconstruir o país? Não. Tem que demitir servidores, cortar salários. É um dinheiro usado para salvar o sistema financeiro e os bancos e não o país e os trabalhadores”, diz.

Para Washington, a aprovação de mais recursos para o FMI é uma medida que de certa forma explica porque não há dinheiro para os projetos salariais dos servidores do Judiciário e do MPU. “Por que o PCS não pode ser aprovado, por que não tem orçamento? Claro que tem, tem quase metade do orçamento para dívida [pública]. Não é problema orçamentário”, constata.

Por Hélcio Duarte Filho
Luta Fenajufe Notícias

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A criminalização da homofobia e a manobra política de Marta Suplicy

Um passo à frente, dois passos atrás

No dia 8 de dezembro  ocorreu a votação no Senado da lei que criminaliza a homofobia. Contudo, o projeto que foi apresentado é um substitutivo do PLC-122/2006, o projeto que o movimento vem defendendo. Este substitutivo foi apresentado pela Senadora do PT Marta Suplicy, e é o resultado de uma negociação com os senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), ligado à Igreja Universal, e Demóstenes Torres (DEM-GO), líder do DEM no senado, com apoio e respaldo da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais).

Qual a diferença entre o PLC 122 original e o Substitutivo de Marta Suplicy?

O substitutivo é fruto de uma negociação com alguns dos maiores inimigos do movimento LGBT. Nesse sentido, as negociações feitas mutilaram o projeto original, descaracterizando seu objetivo e tonado-o praticamente inócuo. Em outras palavras, com o projeto que Marta  está apresentado, seguirá sendo permitido que LGBTs sejam impedidos de demonstrar seu afeto em locais públicos e estabelecimentos abertos ao público. Além disso, as igrejas continuarão pregando o ódio contra nós, as ofensas e humilhações que sofremos em todos os lugares não serão criminalizadas, as emissoras de TV continuarão livres para nos ridicularizar, nos humilhar e incitar a homofobia em programas como “Zorra Total”, “Casseta & Planeta”, “A Praça é Nossa”, “Pânico na TV”, dentre tantos outros. Mais do que isso, o texto levado hoje ao Senado, se comparado com a lei anti-racismo (Lei Caó), torna a homofobia um crime inferior ao racismo, exatamente pelas alterações feitas pela senadora.

Qual o objetivo deste Substitutivo?

Com este texto, o governo pode acenar para o movimento dizendo que está, finalmente, adotando medidas concretas em favor da comunidade  LGBT. Mais ainda, isso vem na véspera da Conferência Nacional LGBT, convocada e controlada pelo governo federal.

Ao mesmo tempo, pode manter seus compromissos com os setores evangélicos de sua base aliado e com os setores mais reacionários da burguesia nacional. Deste modo, o movimento ficará desarmado, uma vez que suas reivindicações foram “atendidas”. Ou seja, com um aparente avanço (um passo para a frente), chega-se à uma imensa derrota (dois passos para trás), pois o movimento se enfraquece, e tanto o governo quanto os fundamentalistas saem fortalecidos. Enquanto isso, nada muda no cotidiano de gays, lésbicas e travestis, pois a mídia seguirá disseminando preconceito, algumas igrejas seguirão pregando o ódio e a consciência média da sociedade permanecerá influenciada pela ideologia homofóbica, que o que    permite que grupos neofascistas sintam-se encorajados para fazerem o que fazem.

O que fazer?

Para nós do setorial LGBT da CSP-Conlutas é preciso denunciar com força esta manobra de Marta Suplicy.  Embora não se acabe com a discriminação no “canetaço”, o PLC-122 original estabelecia condições mais favoráveis para avançarmos em nossas lutas.
Infelizmente, alguns grupos do movimento como a ABGLT e o Coletivo LGBT da CUT estão apoiando o substitutivo, com a lamentável desculpa de que isso é o “possível neste momento”. Tal retórica derrotista não faz mais que enfraquecer a luta, demonstrando o comprometimento destes grupos com o governo federal.
Por outro lado, existem amplos setores do movimento que estão criticando com força o substitutivo. Em uma plenária dos diversos grupos que atuam no estado de São Paulo(28/07/2011), da qual a CSP-Conlutas participou, foi aprovada a CARTA ABERTA DA PLENÁRIA DO MOVIMENTO LGBT DE SÃO PAULO EM DEFESA DO PLC Nº 122 DE 2006, defendendo o texto original e criticando o substitutivo de Marta.

Queremos dizer que estamos do lado daqueles que são contrários ao substitutivo e que defendem o texto original. Precisamos aprofundar este debate no interior do movimento e organizar a luta direta, independente dos governos e dos patrões.

Setorial LGBT da CSP-Conlutas

fonte: www.cspconlutas.org.br

Participe e Divulgue a Consulta Eletrônica da Campanha pelos 10% do PIB Já!

A Campanha pelos 10% do PIB está colhendo votos em todo o país, através do Plebiscito Nacional.

A campanha também está fazendo uma consulta eletrônica com o objetivo de ampliar a participação popular e de divulgar a coleta oficial de votos e dessa forma, avançar na luta pelo investimento de 10% do PIB para a Educação Pública Já!

Para participar da Consulta basta clicar neste link http://www.dezporcentoja.com.br/ e votar. Repasse para seus colegas, familiares, amigos, etc. Mas não se esqueça: a coleta de votos não terminou! Diga para esses mesmos colegas, amigos e familiares que a votação nas urnas também é fundamental para fortalecer a campanha! 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A exploração sexual das mulheres e os eventos esportivos internacionais

Hoje pela manhã (02/12), antes de iniciar o sorteio do torneio de 2012 da Eurocopa, ativistas da organização feminista Femen da Ucrânia fizeram um protesto, ficaram seminuas e exibiram cartazes contra o aumento da prostituição em decorrência do torneio. O questionamento é feito porque os grandes eventos internacionais estimulam o crescimento do turismo sexual, prática recorrente que tem como alvo mulheres jovens, muitas vezes menores de idade.

No Brasil, essa prática já é recorrente há muitos anos. Segundo reportagem da BBC, “A cada semana, operadores de turismo despejam nas cidades brasileiras milhares de homens europeus que chegam em voos fretados especialmente ao Nordeste em busca de sexo barato, incentivando assim a prostituição. O problema, que foi constatado pela BBC em Recife, já estaria levando o Brasil a alcançar a Tailândia como o principal destino mundial do turismo sexual.”

Assim como com a Eurocopa de 2012, a Copa no Brasil tende a estimular essa prática que já é marca do Brasil, explorando sobretudo mulheres jovens e negras. É necessário organizar a resistência e as ações que combatam este tipo de prática, mas diferente das feministas da Femen, é necessário organizar a classe trabalhadora, homens e mulheres trabalhadores para este combate.

As filhas e filhos da classe trabalhadora são os que estão mais submetidos e este tipo de exploração sexual. O machismo é a ideologia que orienta este tipo de prática, de conduta e de exploração. Por ser uma ideologia do patrão, que lucra mais ao valer-se dela, deve ser combatida pelos trabalhadores e trabalhadoras.

É necessário unificar a luta dos operários da construção civil que estão sendo superexplorados nas obras da copa, com a luta das mulheres trabalhadoras contra a exploração sexual que oprime e humilha mulheres que são iludidas por um futuro mais promissor do que o dia a dia de sofrimento de falta de emprego e de falta de condições dignas para sobreviver.