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domingo, 22 de outubro de 2023

Outubro rosa: mulher, se toque! E venha lutar em defesa da saúde pública



Por Marcela Azevedo

O mês de outubro é marcado, internacionalmente, pela campanha de conscientização e prevenção do câncer de mama. A campanha teve início em 1990, a partir da Fundação norte americana “Susan G. Komen for the cure”.

Esse tipo de câncer é o que mais acomete mulheres em todo o mundo. No Brasil, tratar do tema é deveras importante, visto que o câncer de mama é o tipo que mais mata mulheres no país. Para 2023 a estimativa era de 73.610 novos casos de câncer de mama, assim como o risco foi estimado de 66,54 casos para cada 100mil mulheres.

A prevenção é o melhor remédio

O câncer de mama é raro antes dos 35 anos, grande parte dos nódulos são benignos, ou seja, não são cancerígenos, e podem acometer tanto mulheres quanto homens. Não existe uma forma de impedir o surgimento dos nódulos na mama, entretanto, quando identificado e tratado precocemente, as chances de cura são de 95%.

Por isso, é parte das orientações médicas, realizar o exame de toque nas mamas para identificar qualquer tipo de caroço (nódulos), alterações no bico do peito, pele avermelhada, saída de líquido das mamas que são os principais sintomas e sinais do câncer de mama. Além disso, deve se realizar a ultrassonografia de mama, a cada 02 anos, antes dos 40, e anualmente, após essa idade.  

As mulheres que, culturalmente, foram educadas a não tocar seu corpo, sofrem mais essa consequência da opressão machista. Ou seja, muitas vezes, não identificam precocemente os sinais do câncer de mama, devido à falta de hábito ou por não se sentirem autorizadas a fazer o toque da mama. Devemos ter como medida de educação em saúde, o combate ao machismo e à imposição de comportamentos conservadores as mulheres, que atentam contra sua própria saúde.

Acesso ao tratamento é um direito!

Entretanto, a opressão machista não é a única barreira para garantir a prevenção e tratamento do câncer de mama. Os nódulos, podem ou não ser identificados ao toque, e em ambos os casos é necessário acompanhamento profissional para orientações e medidas de cuidado. Os sucessivos cortes no orçamento da saúde e o sucateamento do SUS, visando a sua privatização, são medidas que afetam diretamente as mulheres trabalhadoras.

Em todos os governos, desde que o SUS foi implementado, os ataques à sua estrutura e abrangência foram constantes. No governo FHC, na década de 90 foram criadas as primeiras Organizações sociais - OS’s e Organizações de sociedade civil de interesse público - OSCIP’s , que assumiram a administração dos hospitais públicos de grande porte. Esse tipo de administração desresponsabilizou o governo de investir na saúde e desviou verba para a iniciativa privada.

Com os primeiros governos do PT a atuação das OS’s e OSCIP’s se expandiram para a atenção básica, aprofundando a terceirização e precarizando os serviços públicos. Os concursos públicos foram quase inexistentes, sendo que a contratação de equipes seguiu a lógica de mercado e não de demanda da população. É comum vermos essas empresas atrasarem salários e os profissionais abandonarem os postos de saúde. Além disso, é constante a quebra de aparelhos ou a falta de outros recursos para garantir a realização de exames ou tratamentos.   

No governo Temer, com a criação da PEC do teto de gastos, se aprovou o congelamento dos investimentos nas áreas sociais, incluindo saúde e educação, por 20 anos. Os governantes afirmam que o teto de gastos é uma medida de responsabilidade fiscal, mas, na verdade, é uma forma de garantir o envio de dinheiro público para as dívidas sem fim com setores da burguesia, que não renunciam a seus lucros.

Durante o governo Bolsonaro, além dele não ter feito nada para proteger a população durante a pandemia, ainda realizou cortes no orçamento da saúde e paralisou todos os demais atendimentos, sem garantir uma política de atenção a demanda represada, pós-período pandêmico, o que gera consequências até hoje para a população.

Seguindo essa mesma lógica, de preservação dos interesses dos ricos e poderosos, o governo Lula/Alckmin tenta implementar um teto de gastos ainda pior, com o arcabouço fiscal. Somente no último bloqueio de verbas, realizado no início do segundo semestre, foram cortados R$1,5 bilhão do orçamento de 2023. O setor da saúde teve o maior corte com R$ 452 milhões.

Lutar pela saúde pública e gratuita é defender nossas vidas!

Diante da real situação enfrentada pelas mulheres trabalhadoras, que precisam superar inúmeras barreiras para preservar suas vidas, nós, do Movimento Mulheres em Luta, chamamos as mulheres a se tocarem, enfrentando o machismo e priorizando o autocuidado. Contudo, precisamos ir além e nos organizarmos, com independência dos governos e patrões, para lutar em defesa do SUS; da saúde pública, gratuita e de qualidade; contra qualquer forma de teto dos gastos, que prioriza o lucro de poucos, em detrimento das necessidades da maioria da população; por uma sociedade sem opressão e sem exploração, na qual nossos direitos elementares sejam garantidos plenamente.