Desde o dia 1º de fevereiro, vários moradores do bairro do Pinheirinho começaram a relatar para o Ministério Público Estadual os abusos realizados pela PM do Estado no processo violento de desocupação do bairro. O Senador Eduardo Suplicy relatou parte desses depoimentos na sessão do Senado Federal no último dia 3 de fevereiro.
Além dos traumas psicológicos que podem ocorrer às crianças e além da desestruturação global da vida que a ação causou, derrubando as casas que muitos trabalhadores que demoraram anos para construir, com seus pertences dentro, também conquistados com anos de trabalho, alguns moradores foram submetidos à desmoralização da violência sexual, com abusos e estupros.
Segundo os relatos, na noite da desocupação, policiais militares entraram em uma casa do Pinheirinho e renderam um jovem de 17 anos e sua mulher, de 26 anos, que foi isolada e estuprada durante quatro horas pelos policiais. Segundo seu depoimento, isso ocorreu no interior de uma viatura da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a “tropa de elite” da PM de São Paulo).
Relatos parecidos com esses podem ser vistos em casos de guerra e ocupação militar, como as recentes denúncias dos casos no Haiti, em que a tropa brasileira é alvo de muitas acusações. A falta de moradia aos trabalhadores do Pinheirinho vem sendo resolvida pelo governo estadual como caso de guerra, assim como a tropa brasileira, de responsabilidade do governo federal vem fazendo no Haiti.
Mais uma vez, as mulheres trabalhadoras são alvo de forte covardia, violência e absurdo. Exigimos a punição de todos os policiais envolvidos nessa atrocidade e exigimos que o governo federal desaproprie da área do Pinheirinho e a devolva aos moradores, que são os verdadeiros donos da área.
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