Rosas, presentes, cumprimentos farão parte do dia das mulheres nos locais de trabalho, em casa, nas propagandas da TV. As grifes de perfumes, jóias, roupas vão falar para as mulheres gastar mais e mais, para ficarem mais bonitas.
Quem vive isso no dia, muitas vezes nem imagina que o 8 de março surgiu como uma data de luta, para homenagear mulheres trabalhadoras que enfrentaram seus patrões contra a exploração e a opressão. E também é uma data que surgiu para estimular as lutas pela igualdade e contra o machismo.
Há quem diga que hoje isso não é mais necessário, que as mulheres já atingiram a igualdade em relação aos homens. Mas infelizmente, essa não é a realidade da maioria das mulheres trabalhadoras no Brasil e no mundo.
Com a eleição de uma mulher para presidir o Brasil, há também quem diga que os problemas das mulheres vão acabar de vez. Infelizmente, com a experiência de um ano de governo, vemos poucos avanços no sentido da resolução dos problemas das mulheres trabalhadoras. E vemos muita iniciativa em favor dos grandes banqueiros, empresários e latifundiários.
Por isso, nós seguimos lutando...
Por saúde pública integral, para não morrermos mais em decorrência dos abortos clandestinos.
A cada ano, 1 milhão de mulheres realizam aborto no Brasil e 200 mil morrem em decorrência dos abortos clandestinos. A maior parte das mulheres que fazem aborto são as mesmas que frequentam as igrejas católicas, evangélicas, que pregam que o aborto é um crime. As mulheres abortam porque na maioria das vezes não tem condições criar e sustentar os filhos. E elas engravidam porque boa parte não possui orientação do serviço público de saúde do Estado sobre como evitar a gravidez.
A mortalidade materna pode e deve ser combatida com a legalização do aborto, pois essa prática demanda um procedimento simples, que qualquer hospital público poderia desenvolver. Ao contrário de perseguir e criminalizar as mulheres que fazem aborto, o Estado deveria garantir a realização dessa prática de forma segura. Para as mulheres ricas, o aborto já é legalizado, pois elas possuem dinheiro para pagar caríssimo pelo aborto e clínicas clandestinas com mais recursos. As mulheres pobres amargam a dor e o sofrimento de procedimentos amadores, com agulhas, pinças, alicates. Com isso e mais recursos para o atendimento integral à saúde das mulheres, a MP 557 não seria necessária, tampouco seu efeito de criminalização sobre as mulheres.
Pelo direito à maternidade, por creches públicas, gratuitas e de qualidade.
Ao mesmo tempo em que as mulheres não podem optar se querem seguir com a gravidez, não podem exercer o direito de ser mãe, pois o Estado não lhes garante licença maternidade efetiva, tampouco creches públicas de qualidade para uma etapa muito importante da vida das crianças.
No Brasil, apenas 18,4% das crianças de 0 a 3 anos estão matriculadas em creches, logo o acesso a esse direito é muito restrito. O machismo atribui a responsabilidade do cuidado e da educação dos filhos apenas às mulheres, logo quem mais sofre com essa realidade são as mulheres. O Anuário das Mulheres brasileiras de 2011 revelou que a maior dificuldade para as mulheres conseguirem emprego, ou se manterem nele é a falta de creches. A presidenta Dilma prometeu a construção de mais de 6 mil creches, mas não cumpriu nem a meta do primeiro ano de governo.
Pelo direito à moradia
O episódio do Pinheirinho demonstrou que a luta por moradia é uma luta fundamental para as mulheres trabalhadoras que não tem acesso a direitos sociais básicos, como a moradia. Exigimos que o governo Dilma desaproprie o Pinheirinho e invista em mais moradias para atender as mulheres pobres, chefes de família que não tem condições de pagar aluguel e se organizam nos movimentos por moradia pelo país.
Contra a violência machista, que nos mata, nos machuca, nos desmoraliza.
A cada 2 minutos, 1 mulher é espancada no Brasil. Casos extremos como os de Eloá, Mercia e Elisa Samúdio são recorrentes no nosso país. Mas a violência cotidiana, os xingamentos, as agressões físicas, os empurrões, o assédio sexual no transporte público compõe o dia a dia de muitas mulheres que trabalham fora de casa e ainda amargam a violência machista dos seus companheiros dentro de casa. A Lei Maria da Penha não vem sendo implementada e os programas de combate à violência têm seus recursos cada vez reduzidos. Assim, as mulheres seguem sofrendo com essa triste realidade.
Com independência, junto aos homens da classe trabalhadora
A experiência com o governo de Dilma mostra que não basta ser mulher, pois na medida em que defende os interesses dos grandes empresários, se contrapõe aos interesses das mulheres trabalhadoras. Dessa forma, nesse 8 de março, queremos fortalecer o pólo de oposição de esquerda ao governo de Dilma Roussef, composto por homens e mulheres da classe trabalhadora. Para isso, necessário seguir lutando de maneira independente contra homens e mulheres das classes dominantes.
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