No dia 8 de março, a presidenta Dilma Roussef fez um pronunciamento oficial parabenizando as mulheres pelo seu dia e apontando as ações que seu governo, o primeiro de uma mulher, está fazendo em relação às
mulheres.
Apesar de a presidenta apresentar em seu discurso um combate ao falso triunfalismo, de que a vida das mulheres ainda tem muito o que melhorar, a apresentação de seus projetos para as mulheres foi feita como se a vida das mulheres estivessem melhorando, mas será mesmo?
Uma das partes mais entusiasmadas de seu discurso foi em relação à construção de creches. A campanha da presidenta prometeu a construção de 6427 creches. No Brasil, apenas 18,4% das crianças de 0 a 3 anos estão matriculadas em creches, o que aponta para que a falta de creches seja a maior dificuldade para a mulher trabalhadora conseguir emprego, ou conseguir se manter nele.
Nesse cenário, o número de 6427 creches já se apresenta muito inferior à demanda. No entanto, sequer essa promessa vem sendo cumprida pela presidenta. Dos recursos previstos para serem repassados aos municípios, nem metade foi concretizado, o que promoveu o triste balanço de 2011, em que nenhuma nova creche foi entregue.
Do ponto de vista do combate à violência, a presidenta comemorou a decisão do STF, de que as denúncias não precisam ser feitas exclusivamente pelas vítimas. Isso é uma vitória da história da luta das mulheres, mas que se o governo de Dilma não investir suficientemente para promover amparo social às vítimas, assim como as delegacias e juizados especializados, pode se transformar em uma grande derrota. Do investimento previsto para 2011 nos programas de combate à violência, houve uma redução de mais de 2/3, o que não foi noticiado pela presidenta no discurso.
Também no seu discurso, Dilma se referiu a ampla quantidade de mulheres chefes de família que sustentam sozinhas suas famílias, mas ela não se lembrou das várias mulheres chefes de família que sofreram com a ação assassina e absurda que ocorreu no Pinheirinho. Apesar de pronunciar a festa em relação ao projeto Minha Casa, Minha Vida, ela não citou qualquer iniciativa para resolver um drama social que indignou o Brasil inteiro.
Do ponto de vista da Saúde pública, a presidenta comemorou a criação do cadastro de mulheres grávidas e o projeto Rede Cegonha. Ela só não contou que a história da luta das mulheres já conquistou muito mais avanços na atenção especial à saúde das mulheres do que esse projeto significa. E esses avanços estão sendo atacados pela falta histórica de investimento público na área da saúde, o que se agrava com o corte histórico no orçamento da união, que ela realizou em seus dois anos de governo (50 bi em 2011 e 55 bi em 2012).
A presidenta iniciou o discurso dizendo que estava se dirigindo às suas “irmãs brasileiras”, “uma conversa de mulher para mulher”. As mulheres que passam por essa realidade não são iguais a Dilma e assim, a identificação pelo fato de ser mulher se perde na diferenciação de acesso a direitos sociais básicos.
Tenho total acordo com os apontamentos do texto. Infelizmente, Dilma optou declaradamente em governar contra as mulheres trabalhadoras em favor da burguesia que a sustenta no poder.
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