Declaração Final
Queremos fortalecer e desenvolver todas as lutas dos trabalhadores e setores explorados e oprimidos em todo o mundo. Construir um pólo que busque aglutinar os setores dos movimentos sindical, popular, da juventude independentes e alternativos que, em todo o mundo se enfrentam contra os ataques do capital em todas as suas formas e não aceitam a lógica de conciliação das direções burocráticas tradicionais. Chamamos a todos que lutam a nos somarmos na construção de nossa unidade e solidariedade baseados no internacionalismo operário.
Entendemos ser fundamental, ante a crise, construir nossa unidade internacional, buscar coordenar e unificar nossas lutas. Chamamos a todos que lutam e resistem, independente de filiação ou não em alguma central ou organização internacional, que nos somemos para construir a unidade internacional, tão necessária para enfrentar os planos imperialistas.
Aprofundar nossas trocas de experiências, debater de maneira livre e democrática nossas concepções e visões, impulsionar uma Coordenação dos setores independentes e alternativos.
Para ações de solidariedade e unidade, com campanhas unitárias queremos construir uma rede que possa divulgar nossas lutas, ações e experiências, articular campanhas e iniciativas unitárias como passos no fortalecimento da unidade internacional.
Chamamos a realização de um Encontro Internacional de organizações sindicais e populares, independentes e alternativas para o final de abril, inicio de março de 2013, em Paris, na França para avançar no debate e compreensão da realidade e na unidade de nossa luta para enfrentar os ataques.
A crise econômica imperialista se repete e se potencializa com o aprofundamento das contradições de um sistema de produção de exploração e opressão.
A maior crise, desde 29, é profunda e atinge todos os aspectos da vida dos povos de todo o mundo. Para os patrões e seus governos é a necessidade de uma verdadeira guerra social. Ataques brutais contra nossos direitos e conquistas sociais. Apropriação de recursos naturais com consequências ambientais catastróficas. Assalto ao patrimônio público e desmonte e privatização dos serviços públicos. Desemprego para as novas gerações e perda da proteção social, aposentadorias e outras conquistas. Tudo isto para garantir o patrimônio dos banqueiros e empresas multinacionais.
Para impor sua saída se utilizam de todos os métodos necessários. Da repressão de todas as maneiras que a correlação de forças lhes permite. Com a criminalização com processos, prisões e repressão permanente contra todos que lutam e se enfrentam contra seus planos. Ocupações e intervenções militares para garantir seu projeto. Da divisão dos movimentos, se utilizando de todas as formas de opressão e discriminação que possa nos dividir como a xenofobia, o machismo, a homofobia, o racismo, etc.
As consequências concretas são os ataques às conquistas dos trabalhadores europeus, nos cortes na educação e saúde e investimentos públicos em todo o planeta, na ocupação militar do Haiti, na busca de intervir no processo da primavera árabe com militarização, tropas e ocupação, na crise alimentar consequência da monopolização da produção agrícola, na apropriação cada vez mais voraz dos recursos naturais em todo o planeta e o aumento da degradação ambiental, no racismo, machismo, sexismo, xenofobia e todo tipo de preconceito e opressão, no retrocesso brutal nas políticas sociais universalizantes como educação, saúde, previdência e outros serviços públicos.
Os efeitos da crise não são sentidos da mesma maneira em todo o mundo. O crescimento econômico, que ainda se mantêm na América Latina, China e outros países não, pode ser visto e compreendido como algo contraditório com a crise econômica imperialista. Mas como ritmos distintos dentro da mesma situação da crise econômica imperialista, que se utiliza inclusive de investimentos maiores em países onde pela combinação de aspectos como mão de obra mais barata, novos mercados, etc., permitem uma extração de mais valia maior neste momento. Compreender de um lado as especificidades e não colocar um sinal de igual nas situações é fundamental para os que querem resistir e lutar. Mas entender a realidade como um todo, onde mesmo com crescimento, se aprofunda a exploração e a apropriação de recursos públicos e naturais, é o que pode nos permitir manter uma política classista e internacionalista de combate à ordem imperialista internacional.
Mas por outro lado, nossa classe busca de todas as maneiras lutar e resistir por todo o planeta. Das Greves Gerais do povo grego, as mobilizações dos estudantes chilenos, das greves na China ao povo árabe se mobilizando e tomando praças e armas para derrubar ditaduras de décadas como na Tunísia, Egito, Líbia, Síria, Baherin, etc. Da luta heroica do povo palestino às mobilizações de povos originários na América Latina em defesa da água, dos recursos naturais. Das manifestações da juventude no estado nacional espanhol, às mobilizações nas praças dos Estados Unidos, as ações dos estudantes britânicos contras os custos da educação, os cortes no orçamento e a privatização até o enfrentamento da agenda privatizadora do governo por parte dos ferroviários britânicos. Das greves gerais e mobilizações na Espanha, Portugal, França as comunidades em Moçambique se mobilizando contra os efeitos da mineração das multinacionais, das lutas dos imigrantes em várias partes do mundo a resistência do povo palestino.
A Primavera árabe, ao conseguir através das ações das massas derrotar e derrubar ditaduras de décadas de existência, trazem novos ares para o movimento apontando a possibilidade de vitórias a partir das mobilizações. Por isso é decisivo o apoio aos povos árabes, na sua luta contra as ditaduras, combinado com a denúncia e o rechaço de qualquer intervenção militar imperialista na região. Estas mobilizações, junto com resistência heroica do povo palestino pode levar o imperialismo a derrota do estado sionista de Israel, que teria consequências profundas para a situação internacional.
Infelizmente, o grande capital e seus governos, contam para impor seus planos com a colaboração da maioria das direções das organizações sindicais e populares pelo mundo. Organizações burocratizadas, sem democracia onde sejam os trabalhadores e as bases que de fato decidam os rumos das lutas e resistências. E que apesar dos discursos, negociam e aceitam pactos e planos de austeridade dentro da lógica do capital. E por isso se negam a construir a unidade de fato de trabalhadores, trabalhadoras e setores explorados e oprimidos em todo o mundo. Este papel de não apoiar, coordenar ou unificar as lutas é claro e categórico na situação europeia, onde se sucedem greves gerais e tantas e tantas mobilizações e manifestações com as direções tradicionais mantendo as no máximo no âmbito nacional.
Neste processo surgem inúmeras tentativas de novas expressões de organização para as lutas. Tentativas de resgatar a democracia onde a base possa lutar, mas também decidir, onde nossas lutas não sejam conduzidas para pactos e negociações onde a lógica é a preservação da ordem do capital, onde nossa unidade seja retomada nas várias expressões das nossas lutas. Movimento sindical, movimentos populares, lutas por moradia e terra, povos originários em defesa de seus territórios e culturas, desempregados, juventude, lutas contra todas as formas de opressão e preconceito, contra intervenções militares, em defesa do direito de organização e manifestação, em defesa do meio ambiente como recursos da humanidade e não para os interesses do capital. A forma como se dá este processo de resgatar organizações de luta e contra a conciliação com democracia operária e independência em relação aos patrões e seus governos tem expressões diferentes de acordo com a realidade e história de cada país.
Nossas organizações se comprometem a buscar fortalecer nas lutas e resistência um programa de luta classista, anti opressão e exploração, anti imperialista, de defesa dos direitos sociais e trabalhistas, da defesa dos recursos naturais e do meio ambiente todas as experiências de organização onde a democracia operária, a participação da base e que combine a defesa das reivindicações concretas do dia a dia com a necessidade de construção de uma outra ordem, econômica e social que negue de maneira radical toda forma de exploração e opressão.
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