As políticas afirmativas na educação trazem a tona o debate e reconhecimento de que há um amplo setor social que historicamente foi privado do acesso à educação. Elas também trazem a idéia de que a população negra brasileira está localizada entre as classes mais pobres no Brasil.
A força do debate sobre as cotas nas universidades ganhou um setor social favorável a algum tipo de medida social que se enfrente com a distância entre o povo brasileiro e o ensino superior. Mas muitas vezes as opiniões favoráveis a essas medidas se restringem a defender as cotas que levam em consideração apenas a disparidade social no Brasil.
Essas opiniões não levam em consideração que as elites desse país possuem uma dívida enorme com o povo negro. Essa dívida é mascarada com a falsa idéia, construída pelas elites desde meados do século XIX, de que a sociedade brasileira é aberta e democrática a todas as raças e etnias.
A democracia racial não existe, nem nunca existiu no Brasil. Ainda que avanços jurídicos tenham localizado o racismo como crime inafiançável, o que foi fruto de muita luta do povo negro, a verdade é que a população negra está localizada nos postos de trabalho mais precarizados, com os piores salários e as piores condições de trabalho.O acesso à universidade é restrito e particularmente à universidade pública é mais restrito ainda.
A relação do tempo de estudo entre homens e mulheres tem indicado que as mulheres vêm ampliando seu acesso à Educação, chegando inclusive a ter mais tempo de estudo do que os homens, segundo os dados do Anuário das Mulheres publicado pelo DIEESE. Mas quando falamos das mulheres negras, a barreira do racismo segue em vigor. Embora do ponto de vista do combate à idéia de que as mulheres foram feitas para cuidar do lar, haja avanços importantes, fruto de muita luta dos movimentos de mulheres, do ponto de vista da inserção do povo negro – homens e mulheres – esses avanços precisam crescer.
Tudo isso no marco de uma barreira social enorme que coloca a classe trabalhadora e o povo pobre sem nenhuma perspectiva de acesso ao ensino superior público brasileiro. Como expressão disso, as mulheres negras estão localizadas nas piores condições de trabalho e chegam a receber até 33% a menos do que um homem branco.
Todo apoio à greve das Universidades Federais!
O Movimento Mulheres em Luta apóia a greve das universidades federais. Acreditamos que essa luta questiona o projeto educacional que vem sendo implementando no Brasil desde o governo FHC, passando pelos 8 anos do governo Lula e agora com Dilma. Este projeto é responsável pela exclusão da ampla maioria do povo pobre e negro desse país do ensino superior.
O Movimento Mulheres em Luta é um movimento de mulheres trabalhadoras que luta contra o machismo e a exploração e como um movimento da classe trabalhadora também se esforça para refletir e fortalecer a luta da mulher negra trabalhadora, que concentra as terríveis conseqüências da exploração capitalista e da opressão racista e machista. Acreditamos que a luta contra o machismo não pode estar separada da luta contra o capitalismo, sistema que explora e oprime as mulheres trabalhadoras.
Somos um Movimento filiado à CSP Conlutas, e essa relação permite que a luta contra o machismo e a exploração esteja mais forte, pois a unidade entre a juventude e a classe trabalhadora e entre homens e mulheres, negros e brancos trabalhadores é o que achamos determinante para a luta.
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