Nas últimas eleições presidenciais, o debate sobre a legalização do aborto esteve colocado de forma muito categórica. De um lado, Serra, então candidato a presidente do país, tentou ganhar votos divulgando o posicionamento histórico de Dilma Roussef de defesa da legalização do aborto. Essa postura de Serra apoiou-se em uma ampla opinião contrária do povo brasileiro sobre essa questão. De outro lado, Dilma Roussef abadonou sua posição histórica para ajudar em sua vitória eleitoral e assinou uma "Carta ao Povo de Deus" que assegura que a legislação sobre a legalização não seria alterada em seu governo.
Grande parte dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros conhecem alguém que já fez aborto. E se perguntarmos à maior parte dessas pessoas se as mulheres que fizeram aborto devem ser presas, muitos vão dizer que não. Mas ao mesmo tempo, se perguntarmos se o aborto deve ser legalizado, muita gente também vai dizer que não.
Arcebispo de Campinas Dom Airton José dos Santos |
Entretanto, há uma realidade inquestionável em nosso país, de que mais de 200 mil mulheres por ano realizam abortos. A maior parte das mulheres que fazem aborto são católicas e a segunda maior parte são evangélicas. Isso demonstra que a realização da prática do aborto não deve estar determinada pela religião desta ou daquela mulher, mas sim pelas condições de a mulher manter uma gestação e de criar os seus filhos. É diante dessas dificuldades concretas que as mulheres decidem por abortar ou não.
Pela dificuldade desse debate, nas eleições em geral, tanto a presidencial, quanto as municipais, muitos candidatos declaram suas posições contrárias com orgulho, e outros ou mudam de posição, ou escondem suas verdadeiras opiniões em relação ao tema. Os que defendem de forma coerente e humana a legalização e descriminalização do aborto são questionados por líderes religiosos e políticos, como aconteceu com Silvia Ferraro, candidata a prefeita da cidade de Campinas/SP pelo PSTU.
O Arcebispo Metropolitano da cidade, Dom Airton José dos Santos, escreveu uma carta na qual orienta os fiéis da Igreja Católica a levarem em conta o posicionamento dos candidatos em relação ao aborto na hora de votar. Além de propagar uma ideia que não leva em consideração a realização do aborto e a morte de milhares mulheres por o realizarem de forma clandestina, o arcebispo impôs um critério religioso sobre uma definição que é política, porque se trata de uma questão de saúde pública.
O Movimento Mulheres em Luta se solidariza com a candidata Silvia Ferraro diante dos ataques desferidos pela publicação de seu posicionamento, declara apoio incondicional à luta pela legalização e descriminalização do aborto e reforça o chamado para que o conjunto dos candidatos ligados às lutas dos trabalhadores apresentem a defesa da vida das mulheres também na forma de tratar a questão do aborto como um problema de saúde pública e não um caso de polícia.
Confira vídeo das Católicas pelo Direito de Decidir de campanha pela legalização e descriminalização do aborto:
http://www.youtube.com/watch?v=LTXWm0HxiXg&fb_source=message
Eu só tiraria o "Grande parte dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros" pois nem sempre as vitimas são trabalhadoras(es), as vezes são até crianças; e quem vota e opina também pode estar desempregado.
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