“Virgem Maria, faça-se
feminista, Virgem Maria, livrai-nos do Putin!!!”
Com esses versos as meninas da
banda feminista russa Pussy Riot foram condenadas a dois anos de prisão. A
justificativa foi “ódio religioso”. As jovens feministas ecoavam o grito de
liberdade que está dentro de muitas mulheres que questionam o papel social
historicamente imposto sobre as mulheres. Essas regras estão ditadas também por
diversas religiões, por isso a alusão a “Virgem Maria” na música.
No entanto, questionamos se
haveria alguma condenação se os versos se restringissem a dirigir-se a Virgem
Maria. Além da crítica aos padrões de comportamento impostos sobre as mulheres,
há um repúdio escancarado a Vladimir Putin, presidente da Rússia.
Ao acompanharmos o processo
político que vive a Rússia sob o governo de Putin, teremos claro que essa
atitude foi mais uma de suas medidas autoritárias, que ataca o direito de
expressão e, portanto, o direito de protestar contra seu próprio governo.
Além de condenar a banda
feminista, Putin também é partidário de ideias homofóbicas, concretizadas na
proibição da realização de paradas gays, ou de protestos de homossexuais no
país, reproduzindo e relembrando episódios lamentáveis e condenáveis da
história da humanidade, como o ódio propagado por Hitler aos homossexuais.
O fervor autoritário das
ideias e medidas de Putin é reforçado pelo conservadorismo machista e homofóbico
do presidente que está em seu terceiro mandato, tendo exercido também o cargo
de 1º ministro. As últimas eleições são extremamente questionáveis quanto a sua
lisura, o que gerou fortes protestos nas ruas de Moscou.
Esse projeto político de
controle das ações políticas dos movimentos organizados e espontâneos que
ocorrem no país está a serviço de entregar toda a economia do país para as
grandes multinacionais, acabar de vez com sua soberania e massacrar a vida dos
trabalhadores que sofrem com péssimas condições de trabalho, os distanciando
drasticamente das conquistas que a revolução socialista de 1917 garantiu.
É visível em todos os
protestos russos o justo receio de retornar à ditadura que assolou o país na
era stalinista, que foi responsável pela restauração capitalista no país,
proporcionando retrocessos sobre as conquistas políticas, sociais, culturais e humanas
da revolução. De um país socialista com uma das Constituições mais igualitárias
no que dizia respeito aos direitos das mulheres, a Rússia se tornou um país
capitalista que hoje prende mulheres que se expressam contra o machismo e o
autoritarismo.
Os agentes históricos desse
processo foram a burocracia stalinista que preteriu os direitos dos
trabalhadores em favor de seus privilégios e de uma coexistência pacífica com o
imperialismo norte americano, destruindo uma das maiores conquistas de mulheres
e homens da classe trabalhadora em todo o mundo, que foi o estado operário
soviético.
Hoje, Putin registra na Rússia
sua carga de responsabilidade com o rumo político do país, perseguindo,
prendendo e torturando ativistas como o jogador de xadrez Gary Kasparov que foi
espancado pela polícia russa quando foi pego em uma manifestação protestando
contra o governo.
Pela evolução dos
acontecimentos, Putin parece se inspirar na ditadura Síria, a quem o presidente
russo declara apoio total e aberto, mesmo diante do massacre sangrento que vem
realizando sobre os manifestantes que consolidam cada vez mais o enfrentamento
civil armado.
Os movimentos sociais de todo
o mundo precisam manifestar-se em apoio às meninas da Pussy Riot, e também em
repúdio às medidas repressivas e autoritárias do governo de Vladimir Putin.
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