As mulheres têm
participado ativamente desta mobilização. No entanto, após a primeira revolução
de janeiro de 2011, cresceram os casos de estupros e violência sexual contra as
mulheres. Segundo a Anistia Internacional, foram entre 180 a 200 casos, fato
que tem suscitado muitos debates se as mulheres devem ou não ir às ruas.
Ao contrário do que muitos imaginavam, os
constantes casos de estupros ao invés de inibir a presença de mulheres nas
mobilizações provocou a auto organização das mulheres e de homens voluntários. O “Tahrir bodyguard”, que teria uma tradução
como “corpo de guarda da Praça Tahrir”, forma uma corrente humana que protege
as ativistas que estão nas ruas. Além disto, as mulheres formaram grupos para
aprender a auto defesa. A solidariedade de homens nesta luta contra a opressão
à mulher é fundamental para fortalecer a Revolução. O machismo que tenta tirar as mulheres das ruas e da Praça serve aos militares e governantes,
enfraquecendo a luta do povo egípcio.
Em entrevista à imprensa, ativistas declararam que, graças
às manifestações, as mulheres que usam véus puderam se unir às que não usam para
lutar por melhorias em suas vida. Isso teria mudado a visão que as muçulmanas
tinham das demais egípcias.
A cultura da violência sexual é bastante disseminada no
Egito. Durante os últimos anos, gangues que praticam estes ataques não sofreram
nenhum tipo de punição pelas autoridades egípcias. O silêncio dos governantes
sobre os ataques nada mais é do que o apoio à forma de tratamento dado às
mulheres. Além disso, policiais e militares têm sido acusados de participarem
dos estupros. Algumas ativistas quando presas em manifestações têm sido
obrigadas a fazerem testes de virgindade.
Outra prática de violência muito comum são as mutilações
genitais. Segundo a matéria publicada no Estado de S. Paulo e baseada em dados
da OMS, 50% das mulheres egípcias tiveram seu clitóris cortado, o que além de
provocar dor durante o ato sexual,provoca inúmeras mortes por hemorragias e
outras complicações.
A presença das ativistas nas manifestações e a solidariedade
dos mais diversos grupos, independentes da religião, fortalece a luta das
mulheres a nível internacional. É
importante que o Movimento mulheres em Luta apoie a luta das mulheres egípcias,
sua organização e reivindicações que muito se aproximam das bandeiras que
levantamos aqui no Brasil, como melhores condições de vida.
Muitas destas ativistas afirmam que após estas mobilizações
o nível de organização das mulheres egípcias não será mais o mesmo, assim
também esperamos que seja no Brasil. Que as mulheres da classe trabalhadora
possam levantar juntas as bandeiras por mais saúde, educação e direitos paras
as mulheres.
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