Páginas

domingo, 31 de agosto de 2014

Carta do MML aos candidatos à presidência da República

Nesse sábado, dia 30 de agosto, durante a Coordenação Nacional da CSP Conlutas, houve um debate eleitoral com candidatos de esquerda. As companheiras da Executiva Nacional do MML, entregaram uma carta do movimento aos candidatos a presidência da esquerda socialista.
Segue abaixo a carta:



Carta aos candidatos à presidência da República
Nós, do Movimento Mulheres em Luta, aproveitamos este período de campanha eleitoral para expor a realidade das mulheres trabalhadoras no Brasil e ao mesmo tempo exigir dos candidatos à presidência da República um posicionamento em relação às demandas das mulheres e do nosso movimento.
A vida da classe trabalhadora é penosa num país desigual e injusto, mas as mulheres da nossa classe sentem ainda mais o peso da exploração e da opressão machista. As mulheres trabalhadoras, apesar de ser quase a metade classe trabalhadora, continuam ganhando 33 % menos do que os homens. O desemprego estrutural também afeta mais as mulheres. Entre os trabalhadores desempregados há mais de um ano, 63,2% são mulheres. Além disso, uma parte significativa das mulheres não pode trabalhar por não ter onde deixar os seus filhos. De cada 10 crianças, 08 não tem acesso à educação infantil. A maioria das creches prometidas não saiu do papel.
No sistema de saúde público, precarizado e sucateado pelos governos federal, estaduais e municipais, as mulheres também são as mais prejudicadas pois representam 75% dos usuários do SUS. Consideramos que os programas de saúde da mulher sofreram retrocessos. A Rede Cegonha representou um atraso em relação ao PNAISM de 2004, pois defendemos que as políticas de saúde da mulher não devem se restringir à saúde materno-infantil e ao ciclo gravidez-parto-puerpério, como é o objetivo da Rede Cegonha, mas à integralidade da assistência, garantida através da atenção qualificada em todas as fases, ciclos e situações de vida da mulher. Não existem programas efetivos de educação sexual nas escolas e nos postos de saúde e hospitais faltam contraceptivos e a pílula do dia seguinte.
O Aborto é a quarta causa da morte de gestantes no Brasil. Estimativa do próprio Ministério da Saúde considera o número de 1 milhão o número de abortos induzidos e destes, cerca de 200 mil resultam em internação. É a terceira causa de ocupações nas maternidades. Fechar os olhos para estes números é criminoso e qualquer política séria de saúde para as mulheres teria de levar isso em consideração, sobretudo quando já existem estudos que comprovam queda desses índices em países onde o aborto é seguro e descriminalizado.
 Os dois grandes problemas que hoje o Brasil enfrenta para a redução da mortalidade materna são a baixa qualidade do atendimento e a condição clandestina do abortamento que expõe ao risco a vida das mulheres. Ceder às pressões de grupos religiosos e não debater a questão do aborto no Brasil é ser conivente com a continuidade do sofrimento das milhares de mulheres sequeladas ou mortas por abortos mal feitos. Por isso exigimos a aplicação de 10% do PIB somente para a saúde pública e a descriminalização e a legalização do aborto, assim como a sua garantia pelo SUS. Projetos como o Estatuto do Nascituro, que vão na contramão da legalização do aborto devem ter o compromisso de veto do próximo presidente, se acaso for aprovado no próximo congresso nacional.
O enfrentamento à violência contra as mulheres não tem sido prioridade de nenhum governo. No Brasil, a cada 5 min uma mulher é espancada e a cada 2 horas uma é assassinada devido à violência doméstica. Somos o 7º país que mais mata mulheres no mundo. O número de estupros em 2012 aumentou 230% em relação à 2006. Em 2012 tínhamos um estupro a cada 10 segundos. A violência atinge todas as mulheres, mas são as trabalhadoras e pobres as que mais sofrem. Não é à toa que os casos de violência contra mulheres negras é três vezes maior do que contra brancas, porque são as mais pobres e mais discriminadas. As mulheres lésbicas também são vítimas dos estupros corretivos, que já configuram 6% dos casos gerais de violência sexual.
A violência contra as mulheres é uma verdadeira epidemia. Neste ano o MML teve uma militante sua assassinada pela violência machista. Sandra, professora e militante do MML e seu filho Icauã, foram barbaramente assinados por seu ex-namorado em Pernambuco em fevereiro de 2014.
Apesar de considerarmos uma conquista da luta do movimento de mulheres, a aprovação da Lei Maria da Penha no Brasil, esta já se apresenta limitada e tem a sua implementação barrada principalmente pela falta de estrutura e investimento, pois no Brasil existem apenas 226 Centros de Referência, somente 497 delegacias especializadas e o vergonhoso número de 77 casas abrigo. Enquanto temos mais de 5000 municípios.
Gastou-se em programas de combate à violência, através do Programa 0156, míseros 0,26 centavos por mulher ao ano, enquanto que com juros e amortizações da dívida pública o governo federal gastou em 2012, R$ 465 bilhões.
Em março de 2013 foi anunciada pela presidenta Dilma, a construção de 27 “Casas da Mulher Brasileira”. Passados mais de um ano, nenhuma casa ainda foi inaugurada, sendo que várias obras da Copa foram construídas e inauguradas com toda a rapidez e prioridade do mundo.
Estes são alguns dos fatos mais alarmantes que atingem as mulheres trabalhadoras, porém as mulheres convivem com o machismo diariamente e a opressão deixa marcas profundas em nossas vidas. O Estado é negligente e omisso, quando ele mesmo não é o próprio agente da violência como ocorre com a violência policial, com as UPP´s, em que a mulher do Amarildo, a mãe do DG e a Cláudia Silva são exemplos de mulheres vítimas da violência do Estado. Assim como todas as mulheres do Pinheirinho e todas as ocupações que são violentamente despejadas pela força policial e pela justiça que quase sempre fica ao lado do poder econômico.
É por tudo isso que nós estamos entregamos esta carta, para denunciar o que acontece com as mulheres trabalhadoras e sobretudo para cobrarmos quais serão os posicionamentos dos candidatos diante da pauta que trazemos:
1-  Por emprego, salário e moradia digna para as mulheres trabalhadoras.
2- Por uma lei federal que garanta salário igual para trabalho igual. Fim do assédio sexual e moral no trabalho
3- Pelo fim da dupla jornada e socialização do trabalho! Lavanderias e restaurantes públicos
4-  Creches públicas, gratuitas, de qualidade e em tempo integral para todos os filhos e filhas dos trabalhadores.
5- Educação sexual para prevenir, anticoncepcionais gratuitos para não abortar. Aborto livre, gratuito e seguro para não morrer. Pela descriminalização e legalização do aborto no Brasil
6- Compromisso de veto ao Projeto de Lei do Estatuto do Nascituro
7- Mais recursos para aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha. Delegacias da mulher em todos os municípios, com funcionamento 24 hs e todos os dias da semana. Abertura de Centros de Referência e casas abrigo em todos os municípios e um Centro de Referência a cada 50 mil habitantes.
8-  Pelo fim da violência nos transportes públicos! Redução das tarifas, passe livre para desempregadas e estudantes, ampliação da frota, vagão exclusivo para as mulheres, investimento de 2% do PIB em transporte público e estatização dos transportes.
9- Pela criminalização da homofobia. Aprovação do PL 122.
10-         Contra a criminalização das mulheres que lutam. Pela desmilitarização da PM. Fim das UPP’s.


Confira mais moções aprovadas no Seminário Nacional do MML

MOÇÃO DE APOIO À LUTA DO POVO PALESTINO! CONTRA A AGRESSÃO DE ISRAEL

Israel está promovendo um verdadeiro massacre, se aproveitando da sua brutal superioridade militar. São milhares de mortos, em uma barbárie que está atingindo escolas e hospitais, com muitas crianças entre as vítimas.

O bombardeio indiscriminado da população civil transformou Gaza em um gueto, cercado e isolado, que agora está sendo invadido por tanques, sem que a população possa fugir ou se refugiar em qualquer lado.
Israel tentou utilizar a farsa de que está se “defendendo contra terroristas”, mas no mundo todo existe uma indignação contra o genocídio. Mesmo com todo apoio não disfarçado da mídia mundial, não dá para esconder o massacre. As redes sociais em todo o mundo estão cumprindo, mais uma vez uma tarefa progressiva, mostrando as imagens.

A resultante é que temos em muitos países as maiores mobilizações contra o massacre e nos territórios ocupados é possível que ecloda uma terceira intifada, pelo grau de revolta da juventude.

Fazemos um chamado para que o governo brasileiro rompa suas relações diplomáticas e os acordos militares com Israel. O governo petista fez uma crítica suave ao “uso da força de forma desproporcional” por parte de Israel, e  recebeu uma resposta extremamente dura do governo sionista, que afirmou que o Brasil era um “país irrelevante”, um “anão diplomático”. Caso não responda à altura estará de fato reduzindo sua estatura.

O Movimento Mulheres em Luta apoia a luta do povo palestino e repudia veementemente o massacre promovido por Israel!


MOÇÃO CONTRA A NOMEAÇÃO DA JUÍZA MÁRCIA LOUREIRO PARA A VARA CONTRA A VIOLÊNCIA DE SJCAMPOS

Esta juíza que executou a reintegração de posse do Pinheirinho, que resultou em violência sexual contra mulheres, destruição de seus lares levando essas mulheres e seus filhos a uma situação de extrema vulnerabilidade.


MOVIMENTO MULHERES EM LUTA

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Resoluções completas do Seminário Nacional do Movimento Mulheres em Luta!


Confira aqui!
Resoluções do Seminário Nacional do Movimento Mulheres em Luta

1)    Campanha Nacional contra a violência
Propostas de Ação Aprovadas
Nosso programa e a campanha contra a violência às mulheres

Direto ao trabalho
- Aumento Geral dos Salários! Salário Igual para Trabalho Igual!
- Criação de empregos plenos, com estabilidade, direitos e sem precarização!
- Redução da Jornada para 36 horas, sem redução de salários!
- No setor de saúde, defesa de 30 horas na educação 20 horas de jornada semanal, pelas especificidades das funções;
- Defesa de todos os direitos sociais e trabalhistas, inclusive direito à sindicalização, contra a flexibilização de direitos;

(CONTINUE LENDO):

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

TODO APOIO À GREVE NA USP!



O governo de São Paulo mais uma vez ataca os trabalhadores. Nessa quarta-feira dia 20 de agosto a polícia militar a mando do governador Geraldo Alckmin do PSDB e do Reitor da USP Marco Antonio Zago, reprimiu fortemente com um desproporcional contingente policial, utilizando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, um ato “trancaço” realizado no início da manhã  no campus Butantã em São Paulo. Vários trabalhadores e estudantes ficaram feridos.

Os trabalhadores dessa Universidade estão numa forte greve que já dura mais de 80 dias. A greve teve início em resposta à proposta de 0% de aumento apresentado pelo conselho dos reitores das três universidades estaduais paulistas (USP, UNESP e UNICAMP). Uma proposta de reajuste que se quer cobre as perdas salariais decorrentes da inflação do último período. A resposta dada por estudantes, funcionários e professores das três estaduais paulistas veio através de uma forte greve unificada, que atravessou o período de realização da Copa do Mundo bem como das férias escolares.

A resposta de 0% de reajuste apresentada pelos Reitores faz parte de todo um plano de desmonte da Universidade Pública, precarizando e abrindo espaço para a privatização.  Para avançar esses ataques a reitoria, que cortou os gastos da USP e congelou a contratação de funcionários e professores, agora quer implementar um Plano de Demissão Voluntária para 3 mil  funcionários técnico-administrativos, além de entregar o Hospital Universitário (HU) à Secretaria Estadual de Saúde e de autarquizar o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de Bauru (HRAC ou “Centrinho).

Trata-se se uma série de medidas que vão desmantelar por completo a Universidade. O seu impacto na precarização de políticas de assistência estudantil, direitos trabalhistas e serviços para a população vão atingir mais duramente os setores oprimidos como as mulheres, negros e Lgbt*s.

Durante todo esse tempo o Reitor e o Governador se negam a receber os grevistas para negociação e estão intransigentes. As respostas que dão para uma greve justa são a ausência de diálogo e a repressão.

Para nós do Movimento Mulheres em Luta é um absurdo que isso esteja acontecendo. Lutar não é crime!  Estamos com os trabalhadores em defesa da Universidade pública, gratuita e de qualidade! Estamos com os trabalhadores em defesa do direito de lutar e contra a criminalização das greves, lutas e mobilizações!



segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Vídeo sobre a Campanha Nacional de Combate à Violência

Em 25 de novembro de 2013 o MML lançou em todo o país a Campanha Nacional de Combate a Violência à Mulher Trabalhadora. De lá pra cá muita coisa foi feita para avançar na luta contra a violência machista. No  Seminário Nacional do MML foi apresentado esse vídeo de retrospectiva da Campanha, das iniciativas feitas e participação nos principais processos de luta do Brasil. Pois a luta contra a opressão é parte da luta da classe trabalhadora. O Movimento Mulheres em Luta está nas greves e nas lutas combatendo o machismo, a violência e a exploração!


No link abaixo é possível assistir o vídeo:




O Vídeo também é uma homenagem à nossa companheira Sandra Fernandes, militante do MML e dirigente sindical que foi assassinada junto com o seu filho Icauã pelo namorado dela. Sandra era uma guerreira, uma lutadora da classe trabalhadora que foi vitimada pelo machismo. A Nossa campanha contra a Violência é dedicada à ela. No final de semana de realização do Seminário completaram-se seis meses da morte deles.