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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Falta d'água em São Paulo: quem mais sofre são as mulheres.

    A população de São Paulo vive um dos momentos mais dramáticos dos últimos tempos, com a ameaça cada vez mais concreta de ficar sem água. O racionamento já afeta 60% dos paulistanos, logicamente que a falta de água começou nos bairros da periferia e a população pobre vem enfrentando verdadeira maratona para conseguir sanar suas necessidades. Na cidade de Itu, interior do Estado, os moradores relatam que a falta de água segue desde Setembro de 2013.

    Diante dessa realidade, não temos dúvida de que as mulheres são as mais afetadas com a falta de água. Uma vez que são elas as responsáveis pelas tarefas domésticas como lavar roupa, louça, limpar a casa, etc. Tanto aquelas que não trabalham fora ou estão desempregadas, quanto as que têm um emprego são prejudicadas por essa realidade. As mulheres têm em média 60 horas semanais de trabalho, devido à dupla jornada. A essa rotina inclui-se agora a busca por água, o que estende seu tempo de trabalho e a expõe a riscos de violência, pois em alguns bairros, andam-se longas distâncias para se chegar ao um poço ou torneira coletiva.

    O governo Alckmin de maneira oportuna negou que houvesse o risco da água terminar e camuflou o racionamento, até sair o resultado de sua reeleição, no primeiro turno do pleito. Contudo, alguns dias depois, já não é possível esconder os problemas no abastecimento de água do estado. A principal justifica utilizada pelo governo é a falta de chuvas, numa tentativa evidente de minimizar a responsabilidade desse governo que há 20 anos não realiza investimento na rede de abastecimento hídrico.

    Nos últimos 30 anos a população da região metropolitana passou de 10 para 22 milhões de habitantes, sem que os mananciais tivessem acompanhado esse crescimento. Pelo contrário, ao longo desse ano a empresa pública responsável por esse serviço foi entregue a iniciativa privada e hoje tem como principal objetivo garantir os lucros dos acionistas. Além disso, um terço da água tratada pela Sabesp é desperdiçado, por conta dos vazamentos na tubulação e a redução de funcionários que atuam na manutenção da rede.

    Enquanto isso, o governo pede a população para reduzir o consumo e apresenta bônus de gratificação na conta de água como alternativa. Mas, as grandes empresas da cidade, que são as responsáveis pelo maior consumo de água na produção, não estão sendo tensionadas a reduzir o consumo ou para aumentar o reaproveitamento da água que utilizam.

    Por isso, em diversas cidades já começaram a ter protestos exigindo respostas das autoridades ao problema, manifestações essas que tiveram como retorno a repressão policial. Não é possível aceitarmos calados mais essa imposição aos trabalhadores e população pobre de pagar pela irresponsabilidade e ganância de Alckmin/ PSDB e os empresários que estão se beneficiando no mercado das águas.

    Nós, do Movimento Mulheres em Luta, estaremos construindo essa luta, junto com diversos setores organizados dos trabalhadores e o movimento popular. Fazemos um chamado a você dona de casa, trabalhadora e chefe de família a vir conosco exigir do governo Alckmin uma solução que atenda as necessidades da população e que não siga mantendo os lucros de meia dúzia de empresários.

    No sábado dia 1 de novembro às 15h no Largo da Batata acontecerá um ato organizado por diversos movimentos e entidades para denunciar toda essa situação e exigir medidas concretas para solucionar essa crise. O Movimento Mulheres estará presente e convida todas a se somarem nessa mobilização.



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