Nesse dia 20 de novembro nós do Movimento Mulheres
em Luta fomos para as ruas em todo o país nos atos e intervenções, marchando
pelas periferias para trazer à tona a
memória de referências de luta contra o racismo, o preconceito e a exploração.
Zumbi dos Palmares simboliza isso, mas ao seu lado, sempre estiveram guerreiras
mulheres, como Dandara e Luiza Mahin, que transformaram o sofrimento causado
pelo racismo, o machismo e a exploração em força para a luta.
Esses exemplos de mulheres precisam ser
reconhecidos e apresentados a todas as mulheres trabalhadoras do nosso país.
Nós, mulheres negras, por essa história de exclusão, recebemos menores
salários, ocupamos os piores postos de trabalho, somos maioria dentre as
mulheres que sustentam sozinhas suas famílias.
Diante do genocídio que nossa juventude sofre, são
também as mulheres negras as mais atingidas, porque perdem seus filhos ou
filhas para a violência policial que toma conta das periferias das grandes
cidades brasileiras.
A violência contra a mulher, que mata milhares de
mulheres em nosso país e no mundo, também nos tem como alvo. Somos 60% das
mulheres que sofrem violência doméstica. Também somos quem mais morre com a
realização dos abortos clandestinos. Se essa prática fosse de responsabilidade
dos hospitais públicos, veríamos menos mulheres morrer nessas situações.
Não é possível que não reconheçamos uma relação
sobre a nossa presença em todas essas duras realidades. Reconhecemos que a cor
de nossa pele, a história de nosso povo negro, é uma história marcada pela
exploração e pelo preconceito, que faz com que sejamos as maiores vítimas dos
problemas sociais que persistem em nosso país. E nós, mulheres negras,
combinamos essa história com a história de superexploração das mulheres, sob a
ideologia machista que nos trata como seres inferiores.
Datas como o 20 de novembro deve servir para erguermos
a cabeça. Ter orgulho da nossa história de resistência e fazer presente essa
garra para os embates presentes. Sem nos deixar iludir pela presença de
mulheres ou negros e negras nos postos de comando político dos países. Porque
somos negras trabalhadoras, e precisamos de políticas e programas condizentes
com a retirada de nosso povo dessa situação.
É exatamente porque sofremos com as amarras do
preconceito que quando saímos para a luta, garantimos muito mais força para as
lutas do conjunto da classe trabalhadora. É preciso ter consciência negra,
classista e feminista, no dia 20 de novembro, no 25 de novembro e em todos os
dias do ano!
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