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sexta-feira, 12 de junho de 2015

A Cardiopatia Congênita mata mais os filhos das mulheres trabalhadoras.

Desde 2010 o dia 12 de Junho não é apenas o dia dos namorados. Por iniciativa da AACC Pequenos Corações, foi aprovada em algumas cidades a lei que inclui o dia 12 de Junho como o Dia de Conscientização da Cardiopatia Congênita. A ideia é alertar a população sobre a Cardiopatia Congênita, doença que pode se desenvolver nos corações dos bebês no momento da sua formação. A Cardiopatia Congênita mata mais os filhos das mulheres trabalhadoras.

A cardiopatia congênita é o resultado de erros que levam ao defeito cardíaco. Uma em cada 100 crianças nascidas vivas tem algum defeito no coração. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, atualmente no Brasil nascem por ano em média 28.648 crianças cardiopatas. Mais de 23 mil, para sobreviver precisam passar por uma ou mais cirurgias cardíaca. Estima-se que apenas 5.773 cirurgias foram realizadas no ano de 2014 neste país. O deficit na realização dos procedimentos cirúrgicos chegam a 90% em alguns estados, sendo que as regiões Norte e Nordeste são as que não contam contam com hospitais especializados e preparados para as cirurgias necessárias nesses casos, elevando o índice de mortalidade dos pacientes. 

Diante da precariedade dos serviços prestados pelos governos municipais e estaduais, muitas famílias precisam recorrer ao Tratamento Fora do Domicilio (TFD), um benefício concedido aos pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde para, quando esgotadas todas as possibilidades dentro do estado onde reside, buscar tratamento em outro estado. No entanto, para conseguir esse auxílio, muitas vezes a família (geralmente a mulher/mãe) precisa encarar a burocracia, transtorno e humilhação. Apesar da cardiopatia congênita ser uma doença que atinge ricos e pobres, são os filhos da classe trabalhadora que mais sofrem e morrem, já que o acesso aos serviços especializados é insuficiente para atender todos os casos.

 Quem mais sofre com a situação são as mulheres trabalhadoras Sem sombra de dúvidas as mulheres são as que mais sofrem nessa situação, pois além da negligência do estado com a saúde pública, somos nós quem acabamos nos isolando e vivendo em função dos cuidados da criança doente. Somos nós quem deixamos nossos planos de lado para mudar de casa e passar meses nos em hospitais. Quando retornamos para casa ainda temos que nos dedicar, acompanhar aos diversos médicos e tratamentos e somos nós quem enfrentamos a dura realidade de não ter uma saúde pública e de qualidade. Mais de 80% das mães deixam seus empregos e vivem a depender financeiramente dos companheiros, sendo que a maioria dos relacionamentos acabam nesse processo. 

A resposta do governo (Mulher): Ajuste fiscal para manter o bem estar dos banqueiros e empresários Ao invés dos governos fazerem investimentos na saúde pública, de forma consciente, o governo sucateia cada dia mais os serviços e a única saída para quem tem condições, é recorrer a iniciativa privada. Além da precariedade que todos os governos submetem a saúde pública, o governo federal vem desferindo uma série de ataques contra as trabalhadoras e os trabalhadores. O Ajuste Fiscal é um deles! Com esse plano Dilma corta do orçamento da Saúde R$ 11,7 bilhões para garantir o pagamento da dívida pública e os juros aos banqueiros. Com esse corte no orçamento, a vida dessas mães vai ficar ainda mais difícil e o número de crianças que morrerão por falta de tratamento em tempo hábil deverá aumentar ainda mais.

 A resposta da classe trabalhadora A nossa resposta só pode ser a luta pela saúde e atenção integral às crianças e às mulheres trabalhadoras. É preciso fortalecer o SUS e exigir que seja 100% estatal, público e de qualidade. Temos ainda que exigir 10% do PIB para a saúde pública. E principalmente construir a greve geral para derrubar o Ajuste Fiscal, que retira o pouco dinheiro que é investido na saúde,. Derrubar também as medidas 664 e 665 que retira os direitos que beneficiam as mulheres da nossa classe!

Artigo da Mari Mendes, professora, militante do Movimento Mulheres em Luta de São Paulo e mãe da Ana Rosa, que tem a cardiopatia congênita.


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