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quarta-feira, 22 de junho de 2016

Mulheres Pretas tem História - seminário nacional

Nos dias 23 e 24 de Julho, realizaremos o 1º Seminário Nacional do MML sobre Mulheres Negras. Esse espaço, que terá caráter de formação, foi parte das deliberações do nosso 1º Encontro Nacional e será de grande importância para avançarmos em uma atuação de
gênero, raça e classe.

Partimos da compreensão histórica de que o sistema escravista deixou resquícios nefastos para os negros e as negras da nossa classe, até os dias de hoje. Seja na manutenção da população negra nas condições sociais mais pauperizadas e nos postos de trabalho de maior exploração e precarização. Seja na reprodução da ideologia do mito da democracia racial, que faz com que a sociedade brasileira, incluindo dirigentes sindicais e movimentos sociais, não considere as diferenças estabelecidas entre negros e não negros no cotidiano.

No caso das mulheres negras, a situação é ainda pior, pois a combinação do machismo e do racismo impõe um grau de opressão e exploração absurdo, que se reflete também na organização para lutar, separando as mulheres negras dos movimentos feministas gerais.

Entendendo que somos um movimento de mulheres trabalhadoras, é necessário que assumamos a tarefa de superar essa dicotomia e avançar na organização de um programa e uma entidade na qual as mulheres negras tenham voz e possam se sentir representadas, sem a pretensão de substituir qualquer forma organizativa própria do feminismo negro ou dos movimentos de luta pela questão racial. 

Nesse sentido, o Encontro constituirá uma espaço de formação, debate e troca de conhecimentos e experiências. Paralelamente, será também uma forma de saudar a coragem e disposição de luta demostradas pelas mulheres negras ao longo da história, liderando quilombos e terreiros; preservando os elementos africanos na cultura brasileira; sendo o sustento da família negra no período pós-abolição e até os dias de hoje, em que muitas delas criam seus filhos sozinhas.

A partir daí, farão parte do debate temas como a identidade e resistência da mulher negra, o machismo e o racismo no mundo do trabalho e no sindical, as religiões de matrizes africanas, assim como as formas culturais de resistência.

Em um momento em que as mulheres negras são vanguarda em lutas importantes da classe trabalhadora e da juventude, esse seminário ganha um destaque ainda maior, pois "Mulheres pretas têm e continuam fazendo história"!

domingo, 5 de junho de 2016

Punir o estupro, não a mulher! Seguiremos nas ruas e nas lutas com a classe trabalhadora!

Junho começou com o grito das mulheres contra a violência sexual


A última quarta-feira foi marcada por uma maré de mulheres que tomaram as ruas em diversas cidades. Em são Paulo participaram 15 mil pessoas, no Rio de Janeiro 10 mil, Belo horizonte, Porto alegre, Fortaleza, Aracaju e mais de 40 cidades também tiveram suas versões da manifestação “Por todas elas”.
O motivo? A princípio, a indignação pelo caso de estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro. Mas não só isso, fomos às ruas para denunciar a cultura do estupro que naturaliza a violência sexual e busca argumentos para responsabilizar a vítima. Também tomamos as ruas para denunciar a negligência dos governos com as políticas para as mulheres e a conivência com projetos reacionários como o estatuto do nascituro, o PL 5069/13, o estatuto da família e os planos de educação que excluem o debate sobre gênero.   
A realidade que vivemos não nos permite pensar em ficar calada. A cada 11 minutos uma de nós é vítima de estupro em algum lugar do país, a cada 5 minutos uma de nós é espancada e a cada 1 hora e meia uma de nós perde a vida por conta do machismo. Diante de números tão alarmantes as políticas implementadas para garantir a vida das mulheres foram totalmente insuficientes.
A Lei Maria da Penha, conquista do movimento de mulheres, que foi promulgada há dez anos, teve muita propaganda pelo governo do PT, mas não contou com os investimentos necessários para se efetivar. As delegacias de mulheres seguem funcionando no horário comercial e concentradas nos centros das cidades. Dos 27 centros especializados prometidos por Dilma em 2014, apenas três estão em funcionamento. Além dos sucessivos cortes no orçamento da Secretaria de políticas para mulheres, que fez com que tivéssemos apenas R$0,26 centavos por cada mulher vítima de violência.

Governo Temer e sua secretária não nos representam!

Mudou o governo, mas não mudou a negligência com o tema das mulheres. Temer assume interinamente a presidência e já deixa evidente qual será sua postura frente a luta das mulheres trabalhadoras. O fechamento da secretaria e depois a indicação de uma representante da bancada conservadora para a pasta é uma afronta a toda luta que nós estamos travando. Fátima Pelaes é contra a legalização do aborto mesmo nos casos de estupro, foi presidente da Frente Parlamentar da Família e Apoio à Vida e votou contra o projeto de lei do Chico Alencar que previa salário igual para trabalho igual nas empresas. Além de estar envolvida em casos de desvio de verbas públicas no ministério do turismo. Ou seja, enquanto milhares de mulheres estão sendo demitidas, tem seus direitos atacados como a aposentadoria e seguro-desemprego, enfrentam o aprofundamento da violência machista como reflexo da crise econômica, o governo do PMDB quer nos impor uma falsa representação.
Por isso, durante todos os atos ecoava um grito de indignação que exigia o Fora temer, que afirmava que Fatima não representa nossa luta, comemorava-se a saída de Cunha e se exigia que Bolsonaro, Malafaia e Feliciano o acompanhem.


Mulheres e homens da classe trabalhadora contra a violência machista


Diversas entidades dos trabalhadores também se posicionaram na defesa dos direitos das mulheres. A coordenação nacional da CSP-Conlutas - central sindical e popular- aprovou moção de repúdio e encaminhou para as instâncias das entidades filiadas; o seminário da campanha salarial dos trabalhadores da construção civil de Belém também fez o debate sobre o tema e se posicionou repudiando os casos de violência.  Essas são iniciativas importantes e é necessário combinar cada vez mais as lutas gerais com o combate a toda forma de opressão, isso porque são as mulheres e homens da classe trabalhadora que podem destruir as bases de sustentação do machismo que é a sociedade capitalista.



Uma segunda rodada de atos já está sendo convocada. É preciso seguir ocupando as ruas, já que a guerra esta apenas começando. É preciso exigir o arquivamento do PL5069/13 que foi aprovado na CCJ; exigir o não pagamento da dívida pública e a aplicação de 1% do PIB para as políticas de combate a violência machista; a punição imediata dos estupradores e parte de nossas tarefas também por pra fora o temer e todos os governos que oprimem e exploram as mulheres trabalhadoras!







Ato na paulista, em São paulo


Ato no Capão redondo, zona sul de São Paulo


Ato em Teresina, Piauí