Nos dias 23 e 24 de Julho, realizaremos o 1º Seminário Nacional do MML sobre Mulheres Negras. Esse espaço, que terá caráter de formação, foi parte das deliberações do nosso 1º Encontro Nacional e será de grande importância para avançarmos em uma atuação de
gênero, raça e classe.
Partimos da compreensão histórica de que o sistema escravista deixou resquícios nefastos para os negros e as negras da nossa classe, até os dias de hoje. Seja na manutenção da população negra nas condições sociais mais pauperizadas e nos postos de trabalho de maior exploração e precarização. Seja na reprodução da ideologia do mito da democracia racial, que faz com que a sociedade brasileira, incluindo dirigentes sindicais e movimentos sociais, não considere as diferenças estabelecidas entre negros e não negros no cotidiano.
No caso das mulheres negras, a situação é ainda pior, pois a combinação do machismo e do racismo impõe um grau de opressão e exploração absurdo, que se reflete também na organização para lutar, separando as mulheres negras dos movimentos feministas gerais.
Entendendo que somos um movimento de mulheres trabalhadoras, é necessário que assumamos a tarefa de superar essa dicotomia e avançar na organização de um programa e uma entidade na qual as mulheres negras tenham voz e possam se sentir representadas, sem a pretensão de substituir qualquer forma organizativa própria do feminismo negro ou dos movimentos de luta pela questão racial.
Nesse sentido, o Encontro constituirá uma espaço de formação, debate e troca de conhecimentos e experiências. Paralelamente, será também uma forma de saudar a coragem e disposição de luta demostradas pelas mulheres negras ao longo da história, liderando quilombos e terreiros; preservando os elementos africanos na cultura brasileira; sendo o sustento da família negra no período pós-abolição e até os dias de hoje, em que muitas delas criam seus filhos sozinhas.
A partir daí, farão parte do debate temas como a identidade e resistência da mulher negra, o machismo e o racismo no mundo do trabalho e no sindical, as religiões de matrizes africanas, assim como as formas culturais de resistência.
Em um momento em que as mulheres negras são vanguarda em lutas importantes da classe trabalhadora e da juventude, esse seminário ganha um destaque ainda maior, pois "Mulheres pretas têm e continuam fazendo história"!