Nota do Movimento Mulheres em Luta em repúdio à ação da PM de SP
O dia 29 de maio se mostrou muito vitorioso com paralisações de trabalhadores e trabalhadoras em quase todos os estados do país. Na linha de frente das greves e manifestações estão as mulheres, que estão sentindo na pele os cortes na saúde, na educação, na moradia, nas medidas que retiram direitos previdenciários como o PIS, a pensão por morte e o seguro desemprego, assim como serão as mais afetadas com a terceirização. Para as mulheres saírem às ruas, pararem suas atividades, se enfrentarem com seus familiares e com a sociedade machista, sempre é muito mais difícil e têm que superar muito mais obstáculos. Porém, apesar de todos os empecilhos, as mulheres jovens e trabalhadoras estão dando exemplo de garra, luta e determinação contra o ajuste fiscal e a retirada de direitos.
Por isso, quando a Polícia Militar de SP, com covardia e truculência agride com socos na cara, rasteira, gás de pimenta e empurrões, mulheres, estudantes e trabalhadoras da USP, que estavam na manifestação promovida pelo SINTUSP e pelo DCE da USP, neste dia nacional de paralisações, não estamos tratando só da repressão policial, que comumente é desferida contra todos aqueles que lutam, mas para além disso, estamos tratando de uma violenta agressão machista por parte do Estado.
Nós, mulheres, já suportamos o medo constante de sermos assediadas ou estupradas quando andamos nas ruas ou estamos no transporte público, o medo e o constrangimento nos locais de estudo e trabalho através do assédio moral e sexual e o medo da violência doméstica. Quando finalmente superamos as barreiras que são impostas e nos sentimos fortes para sairmos às lutas e ocuparmos as ruas com nossos gritos entalados, nos deparamos com um Estado, que através da força policial, nos agride fisicamente e moralmente na tentativa de nos intimidar e querendo dizer: o que vocês estão fazendo aqui?
Por isso a violência policial que foi cometida contra as companheiras estudantes e trabalhadoras da USP deve ser amplamente repudiada. É uma violência institucional, que visa intimidar as jovens mulheres que estão despertando para a luta de irem para as ruas e as mulheres trabalhadoras de fazerem greves e manifestações. No entanto, a demonstração de coragem e de valentia das companheiras e também da solidariedade dos movimentos sindicais e sociais é que deve ser o exemplo para todas as mulheres que lutam, assim como a exigência de que todos os crimes cometidos pelos policiais sejam punidos.
Após a agressão às companheiras e à prisão arbitrária de um companheiro, a PM ainda seguiu cometendo barbaridades, perseguindo os manifestantes em uma verdadeira caçada nas ruas ao redor da USP. Foi tão bárbaro, que o Secretário de Segurança Pública declarou que afastou o policial que estava com o corpo de fora do carro da PM, atirando balas de borracha nos manifestantes que corriam pelas calçadas. É claro que estas investigações da PM são todas suspeitas e nada transparentes e este é mais um motivo para defendemos o fim da Polícia Militar.
Nós mulheres, não vamos nos intimidar com mais esta ação criminosa da PM de SP. O dia 29 de maio demonstrou sua força e as mulheres jovens e trabalhadoras são parte fundamental da construção desta resposta da classe trabalhadora a todos os ataques que estamos recebendo seja do governo Alckmin do PSDB, seja do governo Dilma do PT. Por isso estaremos firmes na luta pela construção da Greve Geral e contra toda a violência machista e policial!