NÃO
EXISTE ESTUPRO CULPOSO!
A jovem Mariana Ferrer foi
vítima de estupro em Dezembro de 2018, na boate onde trabalhava como promoter, em
Santa Catarina. Segundo seu relato, ela foi dopada pelo empresário André de
Camargo Aranha e levada para um camarim restrito da casa. Um vídeo mostra
Mariana descendo uma escada tonta apresentando um evidente estado de
embriaguez, em sua comanda constava apenas uma bebida, em quantidade
insuficiente para causar o apagão que a jovem teve.
A vítima fez várias
ligações para amigos que estavam no local, pedindo ajuda e para não deixá-la
sozinha com André, mas infelizmente não pode contar com a solidariedade de ninguém.
Chegou em casa aos prantos, com a roupa suja de esperma, sangue e sem a sobriedade
totalmente recuperada.
Mariana Ferrer buscou
forças onde não tinha para denunciar o caso, mas o delegado responsável sequer
pediu as câmeras de segurança da boate, que meses depois, quando solicitadas,
já estavam sem os registros daquela fatídica noite.
O
QUE EXISTE É JUSTIÇA BURGUESA E MACHISTA!
Após meses de
investigação, mesmo não havendo nenhuma dúvida quanto à materialidade e à
autoria do crime, o Ministério público apresentou a absurda tese de estupro
CULPOSO (que não existe na legislação penal) para aliviar a barra do estuprador
e a tese foi aceita pelo juiz.
Segundo a defesa do empresário,
o abusador não tinha como saber se a vítima estava inconsciente, portanto, se
estava de acordo ou não com a relação sexual. Essa é uma argumentação friamente
construída para, mais uma vez, responsabilizar a vítima pela violência que
sofreu. Visto que, o advogado anexou ao processo, fotos de Mariana maquiada e
em posições sensuais, retiradas de seu perfil em redes sociais.
Estamos cansadas de ver
a naturalização do estupro ser justificada pela roupa que usamos, pelo nosso comportamento
ou pelo local onde estamos. Nada disso é salvaguarda para desrespeitar as
mulheres e violentar seus corpos.
O advogado, o ministério
público e o juiz responsável pela sentença que inocentou André Aranha não se
acanharam em construir essa tese e nem de criar um crime que não existe na
legislação brasileira, porque sabem que representam uma classe social, que no
Brasil e no sistema capitalista quem tem dinheiro é colocado acima da lei.
Todas as instituições
da burguesia servem apenas para manter os privilégios de classe e impedir os trabalhadores
de se rebelarem, principalmente os setores oprimidos dentre esses. É por isso
que não podemos nutrir nenhuma ilusão de que a nossa libertação se dará por
dentro desse sistema e que basta denunciarmos o machismo ou mudarmos a cultura
de costumes para superar a opressão cotidiana. Cada vez mais precisamos lutar
com todas as forças para destruir o capitalismo, suas representações e os privilégios
que ele garante a um pequeno grupo.
JUSTIÇA
PARA MARIANA FERRER! PUNIÇÃO PARA O ESTUPRADOR!
Isso não quer dizer, em
nenhum momento, que vamos cruzar os braços e deixar aberrações como essa
acontecer. Não vamos nos calar porque essa violência não foi só com a Mariana,
mas com todas nós. Essa postura do judiciário
abre precedentes para casos futuros, reforçando ainda mais a impunidade e colocando
a vida e a integridade física das mulheres em um risco muito maior.
A cada 8 minutos uma
mulher é estuprada no Brasil. Dentro de casa, no caminho para o trabalho,
dentro da igreja ou até mesmo no hospital. Isso é reflexo do discurso
permissivo e de naturalização que sempre existiram e que se aprofundaram com o
governo Bolsonaro e seus apoiadores, assim como é também reflexo da falta de
investimento em políticas públicas que coíbam tamanha vulnerabilidade.
Temos que organizar a
luta cotidiana em defesa da vida das mulheres e garantir a unidade de toda a classe
trabalhadora para por fim a esse sistema de opressão e exploração! Nós do
Movimento Mulheres em Luta repudiamos esse desfecho e nos colocamos na
trincheira da luta até que essa sentença caia e tenhamos, de fato, a punição a
quem merece!
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