O feminicídio da Daiane Griá Sales, indígena de 14 anos, provocou revolta e apreensão nas comunidades da Terra Indígena do Guarita, no município de Redentora. A reserva de 24 mil hectares, no Noroeste gaúcho, foi redemarcada em 1997 e abriga mais de 7 mil indígenas em 16 setores Kaingang e dois da etnia Guarani. Maior terra indígena do estado do RS, a reserva é alvo constante de violências e ameaças externas ao aldeados devido à disputa por terras e de violência sexual contra crianças e adolescentes. O corpo de Daiane foi encontrado em uma lavoura próxima a um mato, nua e com as partes inferiores (da cintura para baixo) arrancadas e dilaceradas, com pedaços ao lado do corpo. Um crime hediondo, de muito ódio, de racismo e machismo extremado. Uma violência inominável que exige uma investigação primorosa e de total respeito a vítima, à sua condição de adolescente, de menina, e pelo fato de pertencer a uma etnia originária, a qual sofre com a nossa sociedade que não reconhece os direitos indígenas e segue o genocídio desde a invasão do Brasil.
A violência que se pratica contra indígenas se intensifica na medida em que se proliferam os discursos de ódio e intolerância contra os povos em âmbito nacional, enquanto avançam projetos de lei que visam legalizar a grilagem de terras, o desmatamento e colocam territórios indígenas e quilombolas numa situação de extrema insegurança. Lamentavelmente os jovens indígenas, especialmente as meninas, têm sido vitimadas por homens perversos, feminicidas e estupradores.
Exigimos que o crime, 50º feminicídio no estado do RS em 2021, seja devidamente investigado com os agravantes observados de feminicídio, racismo, crime praticado “com os priores requintes de crueldade”. Basta de impunidade e normalização das mortes das mulheres! A desumanidade exposta em corpos femininos indígenas precisa parar! Exigimos que a Funai e os órgãos de investigação federais promovam ações no sentido de coibir as violências e responsabilizem os agressores e criminosos, bem como averiguem e identifiquem se os crimes estão vinculados com a intolerância e o racismo contra os povos indígenas.
A violência contra os povos indígenas, o etnocídio que perdura há mais de 500 anos tem se intensificado a cada dia no governo de Bolsonaro e Mourão. As queimadas, os assassinatos de jovens, das mulheres, das lideranças indígenas, o roubo das terras dos povos originários e a retirada de seus direitos devem parar. A violência contra as mulheres indígenas é intensa desde a invasão portuguesa.
Exigimos justiça por Daiane, que os responsáveis por esse crime bárbaro sejam punidos.
Exigimos a demarcação imediata das terras indígenas e o fim da violência etnocida contra as mulheres indígenas que são defensoras das florestas e guardiãs da mãe terra.
Não a PL2633 e a PL 490! Indígenas tem o direito ancestral a essas terras, tem o direito originário ao território e o direito de proteger o que chamam de sagrado, a natureza.
Fora Bolsonaro e Mourão!