sexta-feira, 30 de setembro de 2011

1º Encontro Estadual do MML: uma vitória para a luta e a organização das mulheres em Minas e no Brasil!

Por Lívia Furtado, da Direção Executiva Nacional do MML


Desigualdades, direitos, indignação, sonhos. Esses são apenas alguns dos motivos que levaram as mulheres mineiras ao 1º Encontro Estadual do Movimento Mulheres em Luta, nos dias 24 e 25 de setembro, no município de Mateus Leme. Foram dois dias de debates sobre machismo, a condição da mulher nos dias de hoje, direitos e política para as mulheres e para os trabalhadores. O Encontro e seus resultados significam um passo importante para o Movimento Mulheres em Luta e a organização das mulheres, no estado e nacionalmente.

Participaram 117 mulheres de diferentes profissões e categorias, de 11 cidades mineiras. Estiveram representados 11 sindicatos, 4 oposições, além de movimento popular e entidades estudantis. Entre elas, professoras estaduais e municipais, trabalhadoras da saúde, bancárias, estudantes, metalúrgicas, servidoras e mulheres ligadas ao movimento popular. Muitas estavam ali discutindo, pela primeira vez, como o machismo e o capitalismo tornam suas vidas tão difíceis, e por que a condição feminina ainda é tão desigual no trabalho, em casa, nas escolas.

Após mesas de debate e grupos de discussões sobre saúde, direito à maternidade, mulher negra, mulher no trabalho, violência e sexualidade, a plenária final, no domingo, foi vitoriosa ao apontar a luta e a organização das mulheres como forma de vencer a situação de opressão e exploração em que elas vivem sob o capitalismo. O Encontro debateu o governo Dilma, o primeiro governo “feminino” na história do País, e que mantém a política de atacar duramente a classe trabalhadora e os serviços públicos, e enriquecer banqueiros e empresários. Diante desse fato, a conclusão das participantes é de que os movimentos de mulheres precisam ser independentes de governos e empresários e confiar apenas em sua luta e organização.

Nesse sentido, as mulheres presentes reafirmaram a concepção de um movimento de mulheres classista e independente e votaram por exigir de Dilma políticas efetivas em prol das mulheres e da classe trabalhadora, denunciando também os cortes de verbas no orçamento, a postura conservadora de Dilma em relação à legalização do aborto, as políticas assistencialistas desse governo, que não melhoram de fato a vida da população mais pobre, na qual a maioria são mulheres.

O Encontro também votou resoluções importantes para a organização estadual das mulheres, como uma Secretaria Executiva e uma coordenação com representantes estaduais, que se reunirá periodicamente. A orientação é que se construam grupos do MML nas cidades, sindicatos e locais de trabalho. As resoluções do Encontro apontam também as campanhas prioritárias em Minas Gerais e nas categorias, resumidamente:
universalização das vagas na Educação Infantil/creches públicas, com qualidade e funcionamento em todos os turnos;
todo apoio à luta das trabalhadoras da Educação Infantil por valorização e melhores salários;
luta por creches mantidas pelas empresas e universidades;
campanha pelo direito à licença maternidade de seis meses para todas as mulheres, obrigatória e sem isenção fiscal aos patrões;
luta contra o assédio moral e sexual nas empresas;
campanha “Trabalho igual, salário igual”, votada pela CSP-Conlutas.

A aliança com a classe trabalhadora como parte fundamental da luta das mulheres está expressa também nas resoluções. O MML é filiado à Central Sindical e Popular – Conlutas e participa de seus fóruns e campanhas, ao acreditar que só a luta conjunta de toda a classe pode levar a uma sociedade sem machismo e sem desigualdade.

Os resultados do Encontro já estão aí! No dia 27/09, o MML realizou sua primeira reunião em Divinópolis, tendo como pauta principal a situação da Educação Infantil naquela cidade. Em outubro, será realizado um Encontro de Mulheres em Itajubá, Sul de Minas. O que prova que lugar de mulher... é na luta!

Publicaremos em breve, no blog de Minas, as resoluções do Encontro na íntegra e um material com as discussões que foram realizadas lá. Acompanhem: www.mulheresemlutamg.blogspot.com.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

28 de Setembro: Dia Latino Americano e Caribenho de Luta pela Legalização e Descriminalização do Aborto

Chega de trabalhadoras mortas!
Legalizar e descriminalizar o aborto  já!

No Brasil, por ano, mais de 200 mil mulheres morrem ou ficam com seqüelas por realizarem abortos clandestinos. 1 em cada 7 mulheres realiza aborto. Há uma realidade em nosso país, inquestionável, de que muitas mulheres abortam. O Estado deve direcionar essa realidade para uma situação digna, em que as mulheres não precisem morrer, ou carregar problemas de saúde para o resto da vida.
A maioria dos representantes do Estado brasileiro são responsáveis por essa cifra de morte de mulheres. As conseqüências dessa postura é a legalização do aborto para as mulheres ricas e a proibição para as mulheres pobres, ou seja, mais um motivo de mortes e de situações difíceis e humilhantes.
O governo do PT está em seu 3º mandato e o que vemos é um retrocesso das conquistas que existem neste aspecto. A prática segue sendo tipificada como crime no código penal, e os casos de exceção relacionados ao estupro e a risco de vida da mãe, sofre ameaças do Projeto de Lei nº 478/07 (deputados do PT e PHS) que quer criminalizar a prática também nesse caso.
O projeto Rede Cegonha ajuda na criminalização das mulheres que venham realizar a prática do aborto, pois propõe um cadastro nacional de mulheres grávidas. As conseqüências disso é o controle de quem está grávida e de quem concluiu a gravidez até o final.
Essas propostas conservadoras encontraram eco com a postura que Dilma Roussef, a primeira mulher a presidir o país, teve nas eleições do ano passado. Um direito tão caro à vida da mulher foi utilizado pela presidenta como moeda de troca para conseguir os votos e se eleger.

- Educação sexual e anticoncepcionais para não abortar e aborto legal, gratuito e seguro para não morrer!
- 6% do PIB para a Saúde Já!
- Não ao PL 478/07!

Neste dia 28, precisamos fazer essa ecoar essa luta em favor das mulheres que morrem ou ficam com seqüelas porque a prática do aborto é criminalizada. Em muitos países, como em Portugal, as mulheres tiveram essa importante conquista e “não saíram abortando por aí”, como se fosse um método contraceptivo. A conseqüência da legalização são mais vidas preservadas. O Estado deve garantir todas as orientações sobre os métodos contraceptivos e o aborto legal para que as mulheres que optem pelo aborto possam fazer de forma gratuita e segura. Para isso, é necessário ampliar o investimento em saúde pública, para que os hospitais públicos tenham condições de implementar as melhorias significativas no que tange à Educação Sexual e às condições necessárias para realização de abortos seguros.

Creches em período integral públicas, gratuitas e de qualidade!

Ao mesmo tempo em que os governos criminalizam a prática do aborto, as mulheres trabalhadoras não recebem condições para exercer o direito à maternidade. Esse drama é tão evidente em nosso país, que o recente Anuário das Mulheres Brasileiras revelou que a maior dificuldade para as mulheres conseguirem emprego, ou se manterem nele é a falta de creches.

Cerca de 84% das crianças de 0 a 6 anos estão fora das creches. Somado a isso, a situação de trabalho das professoras da Educação Infantil é cada vez pior, afinal este ofício não é encarado como profissão de professora. O compromisso de Dilma de construção de mais de 6000 novas creches até 2014 já está atrasado. Em 2010, o Projeto Proinfância do governo Lula também não cumpriu as metas previstas.  

Conheça o Movimento Mulheres em Luta  da CSP Conlutas

Somos um Movimento de Mulheres Classista e Feminista. Lutamos pelo fim da opressão às Mulheres e acreditamos que isso só é possível através da organização classista com o conjunto da classe trabalhadora. Acreditamos que a luta contra o machismo não pode estar separada da luta contra o capitalismo, sistema que explora e oprime as mulheres trabalhadoras. Por isso, construímos uma alternativa de organização independente dos governos e dos patrões.

Não temos ilusões de que todas as mulheres são aliadas. As mulheres burguesas defendem os seus interesses de classe, que na maioria das vezes está na contramão dos interesses das mulheres trabalhadoras. Acreditamos no caminho das lutas e não no caminho da subserviência aos governos em troca de migalhas que apresentam aos setores oprimidos. Queremos a libertação completa da classe trabalhadora, única forma de acabar com a exploração e opressão das mulheres.

O Movimento Mulheres em Luta é uma alternativa de organização classista e feminista para as mulheres trabalhadoras. Venha construir e fortalecer essa alternativa! Venha ser também uma Mulher em Luta!

domingo, 18 de setembro de 2011

A Miss Universo e as Mulheres Angolanas: Nada em Comum.



No dia 12 de setembro, o mundo olhou para o concurso de beleza que elege a mulher mais bela do universo. Segundo sua auto-apresentação, este histórico concurso, que hoje é dirigido pela Miss Universe Organization, de propriedade de Donald Trump, conhecido milionário norte americano, busca avaliar além da beleza das mulheres, suas “capacidades de liderança e inteligência”, para difundir valores como a paz pelo mundo.

Essa concepção do concurso foi se transformando ao longo dos anos de uma possibilidade de ingresso no mundo das celebridades de Hollywood (este era o prêmio das edições do meio do século para cá) para a “luta” pela paz ao redor de nosso planeta. Perguntamos, no entanto, por que tanta rigorosidade estética para se escolher uma mulher capaz de difundir a paz? E mais, perguntamos onde estiveram as Misses Universo sob o acontecimento de guerras tão questionadas pelo mundo, como a invasão norte americana no Iraque e no Afeganistão?

O concurso em questão reforça e difunde a idéia de que as mulheres devem ter um padrão de beleza e ainda demonstra que, na sociedade machista em que vivemos, quando se trata de avaliação física e estética, as mulheres podem ser protagonistas, em outros momentos, é muito difícil existirmos como figura central.

Esta última edição recebeu uma atenção particular do Brasil. Em primeiro lugar, porque sediou o evento e depois porque a Miss Brasil chegou muito perto do título, ficando em terceiro lugar. A Miss Brasil é eleita ao disputar o título com as representantes de todos os estados brasileiros. Para se eleger a Miss de algum estado, há uma disputa entre diversas garotas de cada estado. Atentamos para um fato curioso de que as meninas que concorreram para o título de Miss Bahia eram em sua maioria garotas brancas, em um estado que é majoritariamente negro.

Apesar de a Miss Universo de 2011 ser negra – fato que ocorre pela 3° vez – não há como não reconhecer um padrão de beleza que é perseguido na avaliação das meninas que concorrem ao título. A maior parte das concorrentes e das vitoriosas ao longo da história são mulheres brancas, com um padrão marcadamente europeu, o que é expresso no caso acima citado em relação à eleição da Miss Bahia e mesmo pela quantidade de mulheres negras que venceram o concurso ao longo da história.

Ainda assim, o impacto da vitória de uma negra sobre as mentes mais conservadoras é bastante forte. Assim que anunciada a vitória de Leila Lopes, representante de Angola, a internet foi palco de declarações absurdamente racistas e fascistas contra a recém vitoriosa do concurso. Repudiamos veementemente esse tipo de prática.


No entanto, reconhecemos que o racismo que a atual miss Universo sofreu não passa nem perto do racismo e da humilhação que sofrem a maior parte das mulheres angolanas. Toda a Imprensa saiu em defesa de Leila Lopes e até denunciou as declarações racistas. No entanto, nenhuma imprensa defende ou se preocupa com a situação das mulheres angolanas, cujo índice de desemprego atinge 79%. A Miss Universo não é analfabeta como as 70% de mulheres de seu país. A cada 100 mil bebês que nascem no país, cerca de 1500 mães morrem, em função das péssimas condições de saúde e saneamento básico de Angola. Leila Lopes dificilmente passará por isso.

Essa situação é conseqüência de séculos de opressão e exploração do povo negro angolano, que hoje está em várias partes do mundo tendo sua mão de obra super explorada pela sua condição de negros e imigrantes, fato agravado ao se tratarem de mulheres.

A vitória da angolana no concurso de beleza mais conhecido do mundo reflete um abismo cruel entre a situação da maior parte das mulheres angolanas, trabalhadoras e pobres e uma ínfima minoria que pode ter tudo o que quer, inclusive a coroa da Miss Universo. Apesar de também estar submetida ao racismo, Leila Lopes está muito mais “protegida” do que as mulheres angolanas.

sábado, 17 de setembro de 2011

Chega de sufoco! Basta de violência contra as mulheres nos transportes públicos!



Qualquer um que circula pelo metrô de São Paulo, sabe exatamente o que significa sufoco. E as mulheres podem dizer o quanto esta situação se torna ainda mais insuportável em função do machismo e da degeneração das relações humanas.
Para além do desconforto e do empurra-empurra, mulheres, de todas as idades, são obrigadas a conviver com homens se esfregando em seus corpos e as apalpando das formas mais nojentas, e inclusive, o relato de mulheres que saem dos vagões com esperma escorrendo em suas roupas e denúncia de estupro
Por isso chamamos todas as organizações de trabalhadores e mulheres, a protestarem e exigirem segurança e punição aos agressores.

Ato dia 20 de setembro – terça-feira


6:00 hs estação do metrô Barra Funda
17:00 hs estação do metrô Sé
 Comissão de Mulheres do Sindicato dos Metroviários de São Paulo - Movimento Mulheres em Luta – Pão e Rosas/LER-QI – Oposição Bancária - Secretaria de Mulheres do PSTU.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Qual é o lugar das lutas das mulheres trabalhadoras e quem são os aliados e aliadas nessa batalha?




O ano de 2011 assistiu no recente 17 de agosto, milhares de mulheres ocuparem a Esplanada dos Ministérios realizando a 4° Marcha das Margaridas. Este nome homenageia Margarida Alves, lutadora do campo que enfrentou o machismo e a exploração dirigindo muitas lutas e encabeçando a representação dos trabalhadores e trabalhadoras rurais na direção do sindicato de Alagoa Grande (PB). Assim como muitos outros combatentes, foi assassinada em 1983 pelos usineiros do estado da Paraíba.

A luta de Margarida Alves envolvia o enfrentamento com os enormes lucros dos latifundiários da região e também envolvia o enfrentamento com o machismo, que colocava para as trabalhadoras rurais condições de trabalho e exploração ainda mais severas. Homenagear e resgatar sua tradição de luta tem um significado importante, pois é a constatação de que por um lado, as mulheres trabalhadoras seguem sofrendo as consequências da superexploração capitalista e por outro lado é a constatação de que o caminho das conquistas é o caminho das lutas, da organização classista e feminista.

A 1° Marcha das Margaridas ocorreu em 2000, ou seja, realizada durante o governo FHC, e “teve um forte caráter de denúncia do projeto neoliberal” (site da Marchas das Margaridas 2011). “Grande parte dessas reivindicações voltou a integrar a pauta das marchas seguintes, realizadas nos anos 2003 e 2007 sob o governo Lula, em que foram obtidas maiores conquistas” (idem).

Em 2003, primeiro ano do governo Lula, momento em que uma parte grande dos movimentos sociais estava cheio de expectativas, o lema da Marcha era: “2003 Razões para Marchar, 50 mil mulheres irão reivindicar terra, água, salário mínimo digno, direito à saúde pública com assistência integral, o fim da violência sexista e todas as formas de violência no campo”.

Nos parece que era claro para os setores dirigentes da Marcha das Margaridas que o governo de FHC não atenderia nenhuma demanda das mulheres, afinal, como é apresentado no próprio histórico da Marcha, o projeto neoliberal implementado por FHC promovia às mulheres mais violência no campo de na cidade, piores condições de trabalho, baixos salários, desemprego, etc.

Em 2003, a classe trabalhadora brasileira acreditou que o projeto de Lula era um projeto de mudanças. Boa parte das organizações dos movimentos sociais estimulou essa confiança. Assim, a Marcha das Margaridas expressou essa expectativa e foi para a rua pedir mudanças básicas, mas que não tinham sido atendidas pelo projeto neoliberal.

Em 2007, com 4 anos de experiência com o governo de Lula, a Marcha volta às ruas e segue denunciando a dura situação das trabalhadoras rurais, envoltas a péssimas condições de trabalho, violência machista, baixos salários, etc. Não seria esse o momento de fazer uma reflexão sobre avanços e retrocessos da situação da mulher trabalhadora? Afinal a 2° Marcha havia sido marcada pela expectativa de que havia chegado a hora de acertar as contas com o neoliberalismo.

Neste período, nós do Movimento Mulheres em Luta, estávamos engajadas na construção de uma alternativa de organização classista para a classe trabalhadora brasileira, a antiga Conlutas, agora CSP Conlutas, depois dos processos de unidade garantidos pelo Congresso da Classe Trabalhadora (CONCLAT 2010).

Essa alternativa de organização se orientava pela retomada da tradição de luta da classe trabalhadora brasileira, pois o que assistimos no Brasil sob o governo Lula foi a transformação do neoliberalismo de FHC em um neoliberalismo de conciliação de classes orquestrado por Lula. Isso significa que o projeto responsável pela miséria, desemprego, ausência de políticas sociais passou a ser implementado por um ex-combatente do lado de cá, que assim tornou-se, junto com o partido e a Central que construiu (PT e CUT) um aliado do lado de lá.




Nós sabemos que muitas mulheres que estavam na recente marcha de 2011, junto com mais milhões de trabalhadores brasileiros, não enxergam Lula dessa forma. Ainda mais quando além do próprio PT, boa parte dos movimentos sociais dizem que Lula segue sendo um aliado do povo. Nós respeitamos essa posição, mas discordamos dela e queremos pedir licença para mostrar às mulheres da classe trabalhadora brasileira que Lula não ajudou a melhorar a nossa vida porque seguiu fazendo o que o neoliberalismo defende: dar dinheiro para os patrões e cortar dinheiro das áreas sociais, arrochar os salários, etc.

Por que em 2007 foi necessário marchar fazendo as mesmas reivindicações da marcha de 2003? Por que Lula não atendeu essa demanda das mulheres depois de 4 anos de anos de governo? Muitas organizações dizem que a mudança de qualidade da política de Lula foi a criação da Secretaria de Políticas Especiais para as mulheres. Mas quais foram os impactos da criação dessa secretaria na dura vida das mulheres trabalhadoras brasileiras?

Há quem responda falando de alguns programas que passaram a existir, mas quantas mulheres foram atendidas por eles? Também há quem diga que não é o ideal, mas que aos poucos, as coisas vão mudando. Então, perguntamos, por que foi possível haver uma mudança de qualidade na vida dos empresários e banqueiros, que sob o governo Lula enriqueceram 400% e em relação às mulheres trabalhadoras temos que esperar e ir aos poucos?

Há quem diga que a eleição de uma mulher para presidir o Brasil é, no entanto, a verdadeira prova de que o projeto de Lula, Dilma e PT garantem o avanço e “empoderamento” das mulheres. Vejamos então a Marcha das Margaridas deste ano e vamos refletir juntos sobre o motivo que faz as mulheres irem para as ruas em 2011 e reivindicar em essência as mesmas medidas exigidas em 2000, 2003 e 2007, adendadas com a luta contra projetos como Belo Monte.

É verdade que o Brasil vive um período de crescimento econômico que permite um maior poder aquisitivo aos trabalhadores e abriu mais oportunidades de emprego. Mas isso não ocorre de graça, pois o ritmo de trabalho nas fábricas está cada vez mais intenso e em comparação com o enriquecimento da burguesia brasileira, os banqueiros e empresários, o poder aquisitivo dos trabalhadores e trabalhadoras é quase nada.

Essa situação econômica que parece favorável, na verdade revela que o projeto de Lula, Dilma e PT não está voltado para a melhoria da vida da classe trabalhadora e muito menos da mulher trabalhadora, mas sim ao enriquecimento dos patrões..

2011 também é o ano em que se completa 5 anos da Lei Maria da Penha, que foi aprovada sob o argumento de que mudaria a vida das mulheres brasileiras. O saldo dessa medida revela a incapacidade de a Justiça salvar a vida das mulheres que sofrem com a violência doméstica ao mesmo tempo em que revela que o julgamento moral tem prevalecido na avaliação dos casos. O caso de Elisa Samúdio que foi assassinada pelo ex-goleiro Bruno é uma expressão disso: a denúncia dela não enquadrou-se na Lei Maria da Penha porque ela não era esposa oficial. Isso sem falar no baixíssimo número de delegacias de mulheres que existem pelo país, piorando ainda mais quando saímos dos grande centros.

Os piores retrocessos obtidos em relação à luta pela legalização do aborto ocorreram sob o governo Lula e podem se aprofundar sob o governo de Dilma. Lula assinou o Acordo Brasil Vaticano, que assegura o compromisso de o Brasil não aprovar a legalização do aborto, prática condenável pela Igreja Católica. Durante a disputa eleitoral, Dilma Roussef assinou uma carta em que se comprometia com setores religiosos e abandonava sua posição de defesa da legalização do aborto. Agora, tramita no Congresso Nacional um projeto (elaborado por um deputado do PT) que quer recuar inclusive do direito que as mulheres tem hoje de realizar o aborto em casos de estupro.

Essas informações revelam que precisamos marchar. Marchar e lutar para destruir um sistema que acaba com a vida das mulheres trabalhadoras e da classe trabalhadora de conjunto. Mas também revelam que não podemos marchar em direção ao Palácio do Planalto para abraçar a presidenta. Não basta ser mulher, como Dilma, ou um ex-operário, como Lula. É preciso defender com coerência os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

O Movimento Mulheres em Luta está ao lado da luta das margaridas, trabalhadoras, mães, filhas que transformam seu suor em lucro dos grandes latifundiários, banqueiros e empresários de nosso país. Mas não acreditamos que o caminho é a subserviência aos governos, como quer a direção das organizações que encabeçam a Marcha das Margaridas.

Acreditamos no caminho da luta ao lado da classe trabalhadora. Por isso estivemos em Brasília no dia 24 de agosto, junto à CSP Conlutas, ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), ao Movimento dos trabalhadores sem Teto (MTST), à Intersindical, enfim, às organizações que neste momento se mostram mais coerentes com a defesa da classe trabalhadora e com a luta pelas transformações que nosso país precisa.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Auditoria da Dívida denuncia: aumento da meta do superávit primário é mais dinheiro para os banqueiros



Os jornais mostram a decisão do governo de aumentar neste ano em R$ 10 bilhões o superávit primário, ou seja, a reserva de recursos para o pagamento da dívida. Desta forma, a meta de superávit, que já era de R$ 117,9 bilhões, passa para R$ 127,9 bilhões. O governo alega que aumentando o superávit primário, o Banco Central poderá reduzir a taxa de juros. Porém, o Brasil pratica elevados superávits primários há mais de 10 anos, e continua com as maiores taxas de juros do mundo.

Esta decisão de aumentar o superávit reflete o grande aumento na arrecadação federal, que no período de janeiro a julho de 2011 foi 14% superior ao mesmo período do ano passado, já descontada a inflação.

Ou seja: o governo arrecada cada vez mais, onerando principalmente os mais pobres – por meio dos tributos incidentes sobre o consumo e da renda dos salários – para pagar a dívida.

Enquanto isso, o setor financeiro – principal beneficiário da dívida pública – se utiliza de diversos artifícios para pagar menos tributos, conforme mostra a Folha Online. A Receita Federal vem constatando que os bancos têm declarado que recebem calotes de devedores em uma quantidade maior do que a efetiva, possibilitando um pagamento menor de imposto.

A injustiça tributária também se aprofunda na Itália, onde o primeiro-ministro Silvio Berlusconi desistiu de instituir um tributo sobre os mais ricos, o que seria o único ponto positivo de seu recente pacote de “austeridade”, que incluiu pesados cortes de gastos sociais. Esta suposta “austeridade” serve para pagar uma questionável dívida, feita em grande parte para salvar o setor financeiro.

Na Espanha o governo também tenta limitar os gastos sociais, agora por meio de uma iniciativa inédita: uma emenda à Constituição. Os principais sindicatos espanhóis lutam fortemente contra esta medida, que também serve ao pagamento de uma dívida feita para salvar bancos.

Desde 2008, os 27 países da União Européia executaram pacotes de salvamento de bancos no valor de nada menos que 2 trilhões de euros, conforme mostra o documento “As Cifras da Dívida – 2011”, elaborado pelo Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo – CADTM.






quinta-feira, 1 de setembro de 2011

É hora de levar às ruas a campanha pelos 10% do PIB para a Educação Pública Já!



A Jornada Nacional de Lutas serviu para unificar as ações de vários movimentos, mobilizações e greves que culminaram com a Marcha à Brasília no dia 24/08. Como parte da Jornada e ao final da marcha, foi feito o lançamento nacional da Campanha “pelos 10% do PIB para a Educação Já!”.

Em uma plenária que reuniu cerca de 300 pessoas com delegações organizadas pelo Andes, sindicatos de trabalhadores em educação e professores do ensino médio bem como os estudantes organizados pela  ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre!) e pela esquerda da UNE, foram aprovados os próximos passos da campanha.

Encerrada a primeira fase, cujo objetivo era articular os diversos setores envolvidos para discutir e preparar esse movimento, agora a tarefa é massificar e levar para a base a campanha. No calendário aprovado está previsto que o mês de setembro seja utilizado para organizar os comitês nas regiões, fazer lançamentos regionais da campanha e realizar atividades  de palestras, debates, atos  e seminários.  É preciso ir além dos setores diretamente ligados a educação e levar este debate a toda a sociedade.

Já estão prontos a arte dos adesivos e cartazes que podem ser obtidos com o Andes que centralizará sua distribuição. Outra alternativa é baixar estes materiais aqui para reproduzi-los na íntegra ou utilizá-los para fazer materiais que combinem com as questões especificas de algum setor que queiramos envolver na campanha.

Foi aprovada a próxima reunião da Coordenação Executiva da Campanha – formada por algumas entidades – a ser realizada em Brasília no dia 5 de setembro. Além disso, foi indicado para a primeira quinzena de novembro a realização de um Plebiscito Popular em todo o país, quando se pretende coletar centenas de milhares de votos em favor dos 10% do PIB para a Educação Pública Já.

Fonte: www.cspconlutas.or.br

Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Chega da violência contra as mulheres!

Chega da violência contra as mulheres!