Junho
começou com o grito das mulheres contra a violência sexual
A última quarta-feira
foi marcada por uma maré de mulheres que tomaram as ruas em diversas cidades. Em
são Paulo participaram 15 mil pessoas, no Rio de Janeiro 10 mil, Belo
horizonte, Porto alegre, Fortaleza, Aracaju e mais de 40 cidades também tiveram
suas versões da manifestação “Por todas elas”.
O motivo? A princípio,
a indignação pelo caso de estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro. Mas não
só isso, fomos às ruas para denunciar a cultura do estupro que naturaliza a
violência sexual e busca argumentos para responsabilizar a vítima. Também
tomamos as ruas para denunciar a negligência dos governos com as políticas para
as mulheres e a conivência com projetos reacionários como o estatuto do
nascituro, o PL 5069/13, o estatuto da família e os planos de educação que
excluem o debate sobre gênero.
A realidade que vivemos
não nos permite pensar em ficar calada. A cada 11 minutos uma de nós é vítima
de estupro em algum lugar do país, a cada 5 minutos uma de nós é espancada e a
cada 1 hora e meia uma de nós perde a vida por conta do machismo. Diante de
números tão alarmantes as políticas implementadas para garantir a vida das
mulheres foram totalmente insuficientes.
A Lei Maria da Penha,
conquista do movimento de mulheres, que foi promulgada há dez anos, teve muita
propaganda pelo governo do PT, mas não contou com os investimentos necessários
para se efetivar. As delegacias de mulheres seguem funcionando no horário
comercial e concentradas nos centros das cidades. Dos 27 centros especializados
prometidos por Dilma em 2014, apenas três estão em funcionamento. Além dos
sucessivos cortes no orçamento da Secretaria de políticas para mulheres, que
fez com que tivéssemos apenas R$0,26 centavos por cada mulher vítima de
violência.
Governo
Temer e sua secretária não nos representam!
Mudou o governo, mas
não mudou a negligência com o tema das mulheres. Temer assume interinamente a
presidência e já deixa evidente qual será sua postura frente a luta das
mulheres trabalhadoras. O fechamento da secretaria e depois a indicação de uma
representante da bancada conservadora para a pasta é uma afronta a toda luta que
nós estamos travando. Fátima Pelaes é contra a legalização do aborto mesmo nos
casos de estupro, foi presidente da Frente
Parlamentar da Família e Apoio à Vida e votou contra o projeto de lei do Chico
Alencar que previa salário igual para trabalho igual nas empresas.
Além de estar envolvida em casos de desvio de verbas públicas no ministério do
turismo. Ou seja, enquanto milhares de mulheres estão sendo demitidas, tem seus
direitos atacados como a aposentadoria e seguro-desemprego, enfrentam o
aprofundamento da violência machista como reflexo da crise econômica, o governo
do PMDB quer nos impor uma falsa representação.
Por isso, durante todos
os atos ecoava um grito de indignação que exigia o Fora temer, que afirmava que
Fatima não representa nossa luta, comemorava-se a saída de Cunha e se exigia
que Bolsonaro, Malafaia e Feliciano o acompanhem.
Mulheres
e homens da classe trabalhadora contra a violência machista
Diversas entidades dos
trabalhadores também se posicionaram na defesa dos direitos das mulheres. A
coordenação nacional da CSP-Conlutas - central sindical e popular- aprovou
moção de repúdio e encaminhou para as instâncias das entidades filiadas; o seminário
da campanha salarial dos trabalhadores da construção civil de Belém também fez
o debate sobre o tema e se posicionou repudiando os casos de violência. Essas são iniciativas importantes e é
necessário combinar cada vez mais as lutas gerais com o combate a toda forma de
opressão, isso porque são as mulheres e homens da classe trabalhadora que podem
destruir as bases de sustentação do machismo que é a sociedade capitalista.
Uma segunda rodada de atos já está sendo convocada.
É preciso seguir ocupando as ruas, já que a guerra esta apenas começando. É
preciso exigir o arquivamento do PL5069/13 que foi aprovado na CCJ; exigir o
não pagamento da dívida pública e a aplicação de 1% do PIB para as políticas de
combate a violência machista; a punição imediata dos estupradores e parte de
nossas tarefas também por pra fora o temer e todos os governos que oprimem e
exploram as mulheres trabalhadoras!
Ato na paulista, em São paulo
Ato no Capão redondo, zona sul de São Paulo
Ato em Teresina, Piauí
Nenhum comentário:
Postar um comentário