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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

A cada dia 13 a menos. Basta de Feminicídio ! Mayara presente!

Por Beth Dau, do MML RJ

Somos uma a menos. Mayara Amaral, violonista e compositora de Campo Grande, 27 anos, foi brutalmente assassinada, após ser estuprada por dois homens. O feminicídio, que faz 13 vítimas por dia no Brasil, levou mais uma de nós.

De acordo com o relato de Pauliane Amaral, irmã de Mayara, um de seus assassinos a atraiu para um quarto de motel, usando para tal o sentimento de amor que a moça nutria por ele. Lá, com um martelo escondido na mochila, a violentou. Não satisfeito, permitiu que seu parceiro fizesse o mesmo. Após violarem o corpo de Mayara, martelaram seu crânio até a morte. A justificativa: a moça resistiu ao assalto que eles tentavam realizar. O carro, um dos objetos roubados, havia custado mil reais, ainda segundo Pauliane. Já sem vida, a moça foi jogada dentro desse mesmo carro e levada até a casa de um terceiro homem. Os três então atearam fogo ao corpo violado e martelado de Mayara e o deixaram sozinho e carbonizado na beira de uma estrada.

A mídia burguesa, que cumpre de forma primorosa seu papel de agente dos opressores e da burguesia, fez coro à barbárie. Deu voz aos assassinos e suas mentiras, publicando seus depoimentos, que culpam a vítima pelo ocorrido. Reproduziu o argumento de que o duplo estupro que Mayara sofreu foi na realidade um ato sexual consensual e que as múltiplas marteladas desferidas em seu crânio pelos dois criminosos foram uma reação de defesa à sua atitude de resistência ao assalto.
É com profunda tristeza que o MML, um movimento composto por mulheres trabalhadoras, estudantes, musicistas, professoras, operárias, metalúrgicas, negras, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, enfermeiras, mães, lutadoras e sonhadoras, assim como Mayara, se manifesta em repúdio ao crime de ódio cometido contra uma de nós. Com extremo pesar, queremos registrar nossa revolta com a polícia e com a justiça burguesa, que tipificaram o crime contra Mayara como latrocínio, ou roubo seguido de morte, e não como feminicídio.

Até hoje, não pudemos ver nenhum governo que realmente tivesse a intenção de erradicar a violência contra a mulher. Para o governo Dilma, nossas vidas valiam apenas 0,26 centavos, valor investido por mulher anualmente durante seu mandato para combater a violência machista.  As taxas de assassinatos de mulheres negras seguem crescendo a cada ano e o Brasil continua ocupando o quinto lugar no ranking mundial em crimes do tipo. O governo Temer e o Congresso machista, racista e LGBTfóbico vêm aprovando medidas como o Projeto de Terceirização e as Reformas Trabalhista e da Previdência, ataques que representam um passo a mais no sentido da precarização da condição de vida das mulheres trabalhadoras.

Por isso, O MML reafirma o compromisso com a luta pela construção de uma nova sociedade, sem classes sociais, livre do machismo, do racismo e da LGBTfobia, uma sociedade socialista. Enquanto o sistema capitalista, que lucra com as opressões e que explora a classe trabalhadora até a morte, não for destruído, O MML se fará presente, construindo as greves, as manifestações e as ocupações, no caminho de uma revolução socialista. Não permitiremos que nossas Cláudias, Dandaras e Mayaras sejam esquecidas. Honraremos suas memórias pela luta.

Somos uma a menos. Mayara era violonista e compositora. A música era seu trabalho. Sua morte certamente deixa um sentimento de vazio nas pessoas que a amavam. Deixa também a tristeza e a revolta nos corações de todas as mulheres trabalhadoras que lutam por um mundo melhor e mais justo. O crime desferido contra ela representa uma razão a mais para seguirmos batalhando pela transformação estrutural que a classe trabalhadora, oprimida e explorada, tanto necessita.

Mayara Amaral, presente!
Nenhuma a menos!