“Se você pensa que mulher é fraca, a mulherada não é
fraca, não. A gente luta contra o machismo, a violência e a exploração”
A greve internacional pela
vida e direitos das mulheres demonstrou mais uma vez, nesse 08 de Março, que
não daremos nenhum passo atrás na luta por nossas pautas históricas. Segundo
cobertura da imprensa, aconteceram atos de mulheres em mais de 400 cidades ao
redor do mundo. Em Berlim, capital da Alemanha, o 08 de Março se tornou feriado municipal.
No Brasil, com manifestações realizadas de
norte a sul do país, o Movimento Mulheres em Luta esteve presente em pelo menos
20 Estados (AP, AM, PA, MA, PI, CE, PB, RN, SE, PE, BA, DF, GO, RJ, SP, ES, MG,
PR, SC, RS). E Além das capitais, estivemos presente nos atos em Guarulhos/SP,
Santo André/SP, São José dos Campos/SP, São José do Rio Preto/SP, Campinas/SP,
Ouro Preto/MG, Itajubá/MG, Juiz de Fora/MG e Santa Cruz do Sul/RS.
Por
nenhuma a menos
A denúncia do aumento do
feminicídio, estupros e agressões às mulheres ecoou em todas as mobilizações.
Não poderia ser diferente já que até a véspera do dia das mulheres foram 340
casos de tentativa de feminicídio no Brasil, sendo 204 consumados. Em casa, no
local de trabalho ou nas ruas as mulheres têm enfrentado formas cruéis de
violência, muitas vezes vindo de quem deveria garantir a sua segurança, como
aconteceu em São Paulo quando um policial militar esbravejou “não ter cerimônia
para quebrar a cara de mulher”.
Essa situação, além de ser
fruto da disseminação do ódio contra mulheres, negros e LGBT’s estimulados pelo
atual governo, também é fruto do descaso e sucessivos cortes nos orçamentos de
políticas para mulheres. Dos governos do PT, passando por Temer e o novo presidente todos reduziram o orçamento de políticas para mulheres.
A impunidade também
incentiva a reprodução da violência machista. Nesse 8 de Março, lembramos de
Marielle – mulher negra, lésbica, mãe, ativista e política. Sua execução se deu
por seu enfrentamento com os poderosos do Rio de Janeiro e a impunidade de sua
morte, se dá justamente pelo mesmo motivo. Por Marielle e todos os lutadores
que foram mortos, exigimos justiça para que não sejamos nós a próxima
vítima.
Por
nenhum direito a menos
As mulheres também levaram
para as ruas o protesto contra a reforma da previdência, esse projeto de por
fim a aposentadoria cuja aprovação foi tentada no governo Dilma, Temer e agora
por Bolsonaro. Se os outros governos já tinham planos perversos, o atual
governo de ultra direita está atirando para todos os lados e não livrou nem os
idosos de baixa renda. Aumento da idade mínima, do tempo de contribuição, fim
da aposentadoria especial para professores e trabalhadores rurais,
desvinculação do Benefício de Prestação continuada - BPC - do salário mínimo, enfim os ataques são muitos com esse
projeto. Por isso, as mulheres deram o recado nas ruas e afirmaram que não vão
aceitar caladas mais essa violência, vai ter muita luta para defender o direito
a aposentadoria.
A
unidade é a única alternativa para derrotar Bolsonaro. Não é hora de impor
pautas que dividem o movimento!
As manifestações do 08 de
Março aconteceram em unidade em quase todos os Estados. Essa necessidade se
impôs frente a conjuntura de um governo reacionário, machista e capacho do
imperialismo. Porém, não foi fácil construir essa unidade, mesmo com tantas
pautas comuns.
Em muitos lugares as
mulheres do PT, com apoio de setores do Psol, impuseram o tema do Lula Livre,
como parte das bandeiras a serem levadas nas manifestações. Não há dúvida, de
que democraticamente tinham o direito de levá-las, ou mesmo de que as mulheres
são sim seres políticos e tem suas opiniões. O problema central esteve em impor
essa pauta nas reuniões de construção comum dos atos, onde setores se colocaram
de maneira categórica contra essa pauta, não apenas por não concordar com ela,
mas principalmente por saber que isso afastaria muitas mulheres que querem
lutar, mas não querem servir de base para projetos políticos que traíram a
classe trabalhadora e bandeiras históricas do movimento feminista, como a
legalização do aborto.
Em muitos lugares se
incorporou ao eixo das manifestações o tema da democracia. Porém, o que se viu, quando algumas falas se contrapunham a defesa de Lula, defendendo que todos os
corruptos e corruptores devem pagar por seus crimes, foi o desrespeito e a
tentativa de impedir tal fala.
Não é dessa forma que vamos
conseguir canalizar toda a disposição de luta das mulheres para nossos inimigos
iminentes. O Bolsonaro governa com as forças armadas, com toda sua artilharia
voltada para os trabalhadores e pobres do país, dentre esses o principal alvo
são as mulheres, não podemos vacilar, é hora de construir a luta em torno
daquilo que realmente nos unifica e fortalece.
Por
uma alternativa classista e independente das mulheres trabalhadoras!Todas à construção do 22 de Março!
Nós, do Movimento Mulheres
em Luta, acreditamos que só a organização pela base, em cada local de moradia,
estudo e trabalho poderá impulsionar o movimento necessário que avance para a
construção de uma greve geral, que pare o país e derrote o projeto de Bolsonaro,
como fizemos com Temer.
Que 2017 ainda esteja fresco
em nossa memória, quando o 8M foi o ponta pé inicial para as grandes
mobilizações daquele ano. Disposição de luta existe, as mulheres mostraram o
caminho. Agora é responsabilidade das grandes centrais sindicais e movimentos
sociais seguir esse rumo. No dia 22 de Março - Dia nacional de Luta contra a Reforma da Previdência - estaremos novamente nas ruas!
O
8M começou cedo nas fábricas, minas, canteiros de obra e praças!
Diversas iniciativas também
foram realizadas nos locais de trabalho para conversar com as mulheres e com os
homens trabalhadores sobre a importância do 08 de Março- Dia internacional de
luta das mulheres trabalhadoras e quais pautas estão em jogo.
Com assembleias,
panfletagens e café da manhã se pontuou que o machismo é uma ideologia que
divide a nossa classe e fortalece os governos e patrões, nossos verdadeiros
inimigos.
São José dos Campos/SP |
Em São José dos Campos foram
realizadas assembleias em 8 fábricas (Avibras, Forming, JC Hitachi e TI Automotive, em São José dos
Campos, Caoa Chery e Adatex (fábrica têxtil), em Jacareí, e na Blue Tech e
Domex, em Caçapava). Em São joão Del Rei as atividades
aconteceram na portaria das empresas AMG metalurgia e Granha ligas. Em São
Paulo, capital, amanhecemos em frente a empresa Lorenzenti e no Ceará a
assembleia se deu no canteiro de obra com 600 operários, sendo 60 mulheres.
Juiz de Fora/MG |
Em juiz de Fora a atividade
se deu na praça da estação, onde foi realizado um café da manhã com as
trabalhadoras e foi feito o convite para o ato que aconteceria a tarde.
Todas essas iniciativas são
fundamentais para resgatar a origem do 08 de Março que surgiu da luta das
mulheres por direitos trabalhistas e melhores condições de trabalho e que
colocava para o conjunto da classe trabalhadora a responsabilidade por essa
luta.
É esta unidade que precisamos construir nos dias de hoje para enfrentar
os ataques aos nossos direitos, derrotar os governos de ultra direita e avançar
para construir uma sociedade onde mulheres e homens sejam tratados com
igualdade e dignidade, uma sociedade socialista!
Fortaleza/Ce |
São João del Rei/MG
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