O principal marco desta batalha foi, sem dúvida, o debate realizado na Coordenação Nacional da CSP Conlutas de Agosto, em que dedicou-se um dia inteiro de discussão e reflexão sobre quais ações podemos fazer para intensificar a luta contra o machismo, o racismo e a homofobia.
Assim, essa discussão encaminhou uma das principais campanhas políticas relacionadas a esta luta e combinadas com as ações que a classe trabalhadora brasileira realizou neste ano. No marco das campanhas salariais, lançamos a campanha “Trabalho Igual, Salário Igual”. Com esta campanha, foi possível desenvolver reivindicações especificas dos setores mais explorados e pauperizados da nossa classe, as mulheres, os negros e negras e LGBT.
Dente os destaques, podemos citar a conquista dos trabalhadores da General Motors, de São José dos Campos, que além de conquistarem a ampliação do auxílio creche, conquistaram a extensão do direito da licença casamento também para os casais homossexuais, no marco da conquista pela legalização da união homoafetiva.
Também destacamos o envolvimento das mulheres trabalhadoras da Construção Civil em Belém do Pará, uma categoria majoritariamente masculina, mas que também utiliza a opressão para precarizar o trabalho do conjunto dos trabalhadores deste setor e de forma mais aprofundada o trabalho das mulheres.
Ainda realizamos as atividades do 8 de março, as manifestações, atos, debates, blocos de carnaval (em 2011, o 8 de março caiu em plena terça feira de carnaval). Também estivemos presentes na Marcha Nacional contra a homofobia e fomos muito ativos no intenso debate que a luta pela criminalização da homofobia abriu. Não titubeamos diante da polarização social aberta com os casos absurdos de violência homofóbica: durante a Virada Cultural de São Paulo, milhares de pessoas colaram o adesivo da CSP Conlutas e da ANEL: É hora da virada contra a homofobia! Chega de Violência! Pela aprovação imediata do PL 122!
Em Junho, realizamos o Seminário Nacional de Creches, que abriu a campanha por creches do Movimento Mulheres em Luta e do Setorial de Mulheres da Central. Também estivemos presentes em muitos debates nos sindicatos, escolas, universidades sobre a luta contra o machismo e a homofobia. Em Novembro, realizamos a Marcha da Periferia, como parte das ações do dia da Consciência Negra. Esta atividade é tradicional no Maranhão, a partir da organização do Quilombo Urbano, um movimento popular urbano, que organiza a juventude da periferia, com muita disposição de luta e com muita cultura. Neste ano de 2011, a Marcha da Periferia ocorreu em mais 6 estados do país, apontando a capacidade de construção de um movimento negro independente, através do Quilombo Raça e Classe.
Também em Novembro, colado ao dia da Consciência Negra, foi a vez do Movimento Mulheres em Luta organizar ações do dia de luta contra a violência à mulher. A atividade de destaque foi a panfletagem no metrô Sé, no centro de São Paulo, em que junto ao Sindicato dos metroviários e sua Secretaria de Mulheres, combatemos o milhares de caso de violência sexual dentro do metrô.
Essas atividades demarcaram os avanços da luta contra a opressão a partir da CSP Conlutas e também as necessidades de ampliarmos a nossa capacidade de organização dos setores oprimidos, considerando que são a maior parte da classe trabalhadora brasileira.
Sob o primeiro de ano da primeira mulher a presidir o país, as mulheres, negros e negras seguiram penando com as mazelas de um sistema que transforma as diferenças em desigualdades e proporciona exploração, opressão, sofrimento, humilhação e até mortes.
A aprovação da união homoafetiva pelo STF foi resultado da pressão histórica do movimento LGBT, o que demonstra que não adianta render-se ao governo para obter conquistas. A batalha pela aprovação do PL 122 se depara com as traições de setores que eram identificados por boa parte do movimento como aliados na luta. Marta Suplicy está negociando o inegociável com a bancada evangélica, um setor político que acha que a homossexualidade é uma doença, portanto, muito difícil que haja algum tipo acordo que não signifique arrancar direitos dos LGBT.
A expectativa depositada sobre o fato de Dilma ser mulher já aponta frustrações em seu primeiro ano de mandato. A Conferência de Mulheres do governo que acaba de ocorrer foi pautada pela falta de orçamento para desenvolver os planos de políticas para as mulheres. Em 2011, apenas 109 milhões foram destinados para os programas da Secretaria de Políticas para as Mulheres, sendo que 36 milhões foram destinados para programas de combate à violência e apenas 18 milhões foram efetivamente gastos. Ao compararmos esses recursos como que foi destinado ao pagamento da dívida pública neste ano, vemos que tipo de prioridades Dilma aponta.
A relação com os quilombolas foi expressão do desprezo pela luta do povo negro por parte dos governos, assim como as ações nas periferias brasileiras para dar uma cara européia para a Copa no Brasil.
As conclusões de 2011 nos apontam novos desafios para 2012. O crescimento econômico parou, as medidas anti-crise já se fazem sentir. Ainda não é claro o nível de desenvolvimento da crise no Brasil, mas é claro, pela experiência com a crise de 2008 e pela experiência com a crise atual na Europa, que os governos e empresários não vão pensar duas vezes para atacar os trabalhadores e salvar seus lucros e assim, comprometer os setores mais explorados e oprimidos da classe trabalhadora.
Do ponto de vista da nossa organização e resistência, vamos realizar o 1º Congresso da CSP Conlutas, momento para reafirmar nossos princípios, organizar as lutas e nos prepararmos para os prováveis enfrentamentos do ano de 2012. A batalha é grande e dura. Mas o horizonte de um mundo igualitário e socialista, em que a diferença será valorizada como diversidade, em que o trabalho e a produção terão um sentido social, em que as relações humanas terão condições de evoluir para uma relação de convívio multiplicador e não destruidor é o que estimula a batalha e a dedicação cotidiana que precisamos.
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