Páginas

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Basta de violência no Carnaval! Somos mulheres e não mercadoria!

O Carnaval é uma data reconhecida e festejada no mundo todo, mas tem no Brasil uma particularidade que encanta o mundo inteiro, pois aglomera em 4 dias milhares de festas que resgatam a cultura popular e promovem a alegria de milhões de foliões.

No entanto, como tudo no capitalismo, as festas carnavalescas mercantilizaram e passaram a reproduzir a lógica do mercado no seio de uma festa que desenvolveu-se popularmente. A expressão disso se dá em absurdos como a venda de abadás caríssimos para os trios do carnaval de Salvador, o que permite que apenas a classe média-alta e branca do Sudeste usufrua da festa. Ou em absurdos do tipo do carnaval carioca na Marquês de Sapucaí, com fantasias caríssimas, que exclui a população das comunidades aonde a identificação do Rio de Janeiro com o samba nasceu. E por aí se vão exemplos.

Na sua forma de mercantilização, a identificação cultural do povo brasileiro com o samba e a dança transforma o corpo da mulher em uma das mercadorias mais vendidas no carnaval. Vendidas enquanto imagem, enquanto corpo e enquanto sexo. Literalmente sexo.

Assim, as Instituições poderosas no Brasil, como a Rede Globo passam a determinar a Rainha da Bateria de determinadas escolas, quebrando totalmente a tradição desse posto. O camarote da Brahma paga mulheres oficialmente lindas para estrelar a marca.

A atração de milhares de turistas ao país desenvolve um mercado de acompanhantes para servir aos turistas. Muitas empresas vendem este “produto” abertamente, fazem parte do pacote: viagem, hotel e acompanhante.

A lucratividade dos empresários de vários ramos – cerveja, fantasia, turismo, etc – é enorme no período do carnaval e a utilização do corpo da mulher como objeto a ser consumido, como mercadoria, é parte fundamental desse lucro.

Além desse tipo de violência, as mulheres também estão submetidas a outros tipos de violência, como a violência física e sexual. As festas de carnaval, infelizmente, são regadas de assédio sobre as mulheres, que são tratadas como uma carne desfilando, a ser consumida por quem chegar primeiro.

Essas reflexões para nada devem servir para uma conclusão conservadora de que as festas de carnaval não podem ser comemoradas, ou de que as relações sexuais e afetivas não podem ser relações de um dia, ou uma noite de carnaval. Acreditamos que tudo isso vale. Acreditamos que o carnaval pode e deve ser muito comemorado, os trabalhadores e trabalhadoras tem direito à diversão e à alegria de carnaval.

No entanto, com a crescente mercantilização do carnaval essa alegria da comemoração fica restrita a poucos e a ideologia machista que mercantiliza o corpo da mulher segue aprisionando as mulheres. A capacidade de resgate das festas populares e o enfrentamento com a noção de que o corpo da mulher tem que ser vendido como se fosse carne é motivo de organização e de luta do Movimento Mulheres em Luta.    


Um comentário:

  1. Viva ao carnaval e a alegria!!! Defendemos essa festa popular, no sentido de que ela de fato seja popular!! Mas para que nós mulheres possamos usufruir da total liberdade de viver, dentro e fora do carnaval, precisamos nos organizar, reagir e combater as atitudes, a mídia, a propaganda, a música e tudo que limite a mulher a uma mercadoria, um objeto de consumo. Nós temos o direito de nos vestir, de dançar, de amar, de todas as formas, sem que isso possa ser justificativa para a falta de respeito, a violência moral, sexual e física contra qualquer mulher!!!

    ResponderExcluir