I ENCONTRO DE MULHERES DA CSP-CONLUTAS
Lutar contra o machismo e a exploração,
unir a classe trabalhadora e fortalecer o trabalho
de base
A crise econômica mundial hoje atinge com mais
força o continente Europeu. O desemprego, corte de salários e flexibilização de
direitos formam a receita do capitalismo para resolver suas crises: jogá-la nas
costas dos trabalhadores. E, nesse processo, superexploram os setores oprimidos.
Utilizam as ideologias machistas, racistas, homofóbicas e xenófobas para
ampliar a divisão da classe. Por outro lado, os trabalhadores resistem, com
grandes protestos europeus contra os planos de austeridades e contra os
governos, e nos países do norte da África e Oriente Médio, milhares saem às
ruas contra ditaduras e as péssimas condições de vida. As mulheres estão
presentes nessas lutas com destaque.
No Brasil, a crise ainda não tem afetado o país,
mas mesmo assim o governo Dilma retirou mais de R$ 100 bilhões do orçamento das
áreas sociais, privatizou aeroportos e a previdência dos servidores públicos e
promove isenção fiscal aos grandes empresários, enquanto os trabalhadores pagam
altas taxas juros. Para concretizar a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas,
o governo vem desenvolvendo políticas e leis que prevêem desocupações de áreas
de moradia e aumenta a criminalização dos trabalhadores. As greves nas obras da
copa demonstram a resistência dos trabalhadores às terríveis condições de
trabalho. O episódio do Pinheirinho é um exemplo de como esses megaeventos
produzem desastres à vida da população pobre.
Em relação às mulheres, a promessa de construção de
6427 novas creches não deverá ser cumprida, já que em 2011 nenhuma nova foi
erguida. Os programas de combate à violência tiveram seu financiamento reduzido
por conta dos cortes no orçamento. O projeto Rede Cegonha e a MP 557/2011,
reduziu a preocupação com a saúde da mulher à maternidade, deixando de lado a
sua integralidade, e a criação de um cadastro de grávida atua contra a bandeira
histórica do movimento pela legalização ao aborto. Aliás, Dilma se comprometeu
com os setores conservadores, na “Carta ao povo de Deus”, a não avançar na
legalização do aborto em seu governo.
Muitas trabalhadoras e trabalhadores acreditam que
com Dilma podem mudar sua situação, mas a experiência de 16 meses de governo
demonstra que não basta ser mulher, é preciso ter um programa que defenda a
classe. O PT optou por governar para os
banqueiros e empresários, atendendo a interesses que não podem ser conciliados
aos das trabalhadoras. Por isso, Dilma não representa as mulheres
trabalhadoras.
As
mulheres trabalhadoras - As mulheres são metade da classe trabalhadora
brasileira (46%). Elas são a maioria dos trabalhadores da Administração
Pública, tem presença significativa nas indústrias, e nos setores considerados
masculinos, como metalurgia, mineração e construção civil, a contratação de
mulheres vem crescendo sensivelmente nos últimos 10 anos.
Essa ocupação “feminina”, embora muito importante,
é resultante dos processos de reestruturação produtiva e vem acompanhada de
precarização das condições de trabalho que afeta toda a classe e as mulheres em
particular. Elas estão localizadas nos setores menos remunerados e são a
maioria entre os terceirizados. Ganham em média até 33% menos que um homem para
uma mesma função. Essa diferença cresce quando falamos das mulheres negras.
O capitalismo se apoia no machismo para pagar
menores salários e com isso regular o valor global da mão-de-obra, abrindo
espaço para pagar menos também aos homens. O trabalho doméstico culturalmente
reconhecido como tarefa da mulher, desobriga o estado e os patrões de
garantirem creches, lavanderias, restaurantes públicos. A mulher trabalhadora
acumula um dia a mais de trabalho por semana em virtude da dupla jornada.
A falta de creches é o principal motivo para que as
mulheres não consigam emprego ou permaneçam nele. A violência mata 10 a cada
dia, mas não se resume aos crimes bárbaros, está na sutileza da piada que por
vezes se transforma em assédio moral e sexual.
Unidade
entre homens e mulheres trabalhadores - Essa realidade impõe desafios à organização do
movimento sindical e popular em defesa dos direitos da classe trabalhadora.
É preciso incorporar as demandas das mulheres trabalhadoras como parte da
luta e atuação cotidiana do movimento sindical e popular. Isso é preciso para
unificar a classe e aproveitar o potencial de organização das mulheres. É
preciso um combate cotidiano ao machismo para incorporar mais mulheres e
fortalecer a luta dos trabalhadores.
As trabalhadoras presentes ao I Encontro de
Mulheres, realizado no dia 27 de abril defendem que a luta das mulheres só pode
ser vitoriosa em unidade com os homens trabalhadores, por isso, apresentam ao I
Congresso da CSP Conlutas algumas propostas:
Principais
bandeiras específicas:
-
Aumento geral dos salários. Salário Igual para Trabalho Igual!
-
Licença-maternidade de 6 meses sem isenção fiscal, para todas as trabalhadoras
e estudantes, rumo a um ano!
-
Reconhecimento do atestado de acompanhamento dos filhos como abono de dias ao
trabalho!
-
Creches em tempo integral, gratuitas e de qualidade para todos os filhos da
classe trabalhadora!
-
Anticoncepcionais para não abortar, aborto legal, seguro e gratuito para não
morrer!
-
Revogação imediata da MP 557/2011, que criminaliza as mulheres!
-
Fim da Violência contra a mulher! Aplicação e Ampliação da Lei Maria da Penha!
Punição dos Agressores, construção de casas-abrigo!
-
Cotas raciais nas universidades;
-
Criminalização da Homofobia;
-
Fim da terceirização que afeta principalmente as mulheres.
Campanhas
Políticas:
- Reafirmar
a inclusão das datas históricas das lutas das mulheres no calendário
de atividades da Central: o 8 de março – dia internacional de luta das mulheres
trabalhadoras; 28 de setembro - dia latino americano de luta pela legalização e
descriminalização do aborto; 25 de novembro - dia latino americano de luta
contra a violência às mulheres.
- Fortalecer
as campanhas que a CSP Conlutas vem desenvolvendo, como a “Trabalho Igual,
Salário Igual”, e a “Campanha Nacional por Creches”. Essas campanhas
devem ser encaradas como o esforço para colocar as mulheres trabalhadoras em
movimento e como uma forma de incorporar cotidianamente as respostas políticas
em relação às consequências da exploração e da opressão.
-
Construção de uma campanha nacional contra a Violência à Mulher;
Medidas
Organizativas:
Qualquer
organização que se pretende a fortalecer o movimento de massas na perspectiva
de dar protagonismo às lutas e necessidades reais da classe trabalhadora
precisa dar centralidade política e organizativa aos temas relacionados às
lutas das mulheres, por isso defendemos:
- Criação
de Secretarias de Mulheres nos Sindicatos;
-Cotas
para as mulheres nas diretorias, respeitando percentual de mulheres em cada
categoria, como instrumento de promoção das mulheres, de formação de dirigentes
sindicais, como o esforço para refletir as políticas das mulheres e para criar
identificação das trabalhadoras da base com suas direções;
- Desenvolvimento
de organizações por local de trabalho e CIPAS, estimulando a participação das
mulheres, sendo os olhos e ouvidos das direções sindicais sobre a
realidade da mulher trabalhadora.
- Realizar
Campanhas de sindicalização voltada às mulheres;
-
Realização de Encontros de Mulheres para deliberar sobre as pautas das mulheres
a serem incorporadas na luta cotidiana;
-
Garantia de creches em todas as atividades dos sindicatos e da Central, para que a
responsabilidade com os filhos não seja o impeditivo para a participação das
mulheres nas atividades.
-
Cursos e palestras para a categoria e diretoria, como forma de educação política e
vigilância constante às posturas machistas que ocorrem no interior do movimento
sindical.
- Avançar
e discutir no movimento popular como desenvolver mecanismos para
ampliação da participação das mulheres, com a criação de espaços específicos
que possam debater a realidade dessas trabalhadoras, encontros de mulheres nas
ocupações, reuniões periódicas para discutir a demanda por creche, o combate à
violência doméstica, etc.
As políticas e ações aqui apresentadas atuam no
sentido de fazer agitação política sobre as mulheres trabalhadoras para
ganha-las para a luta classista, tarefa fundamental para unir a classe
trabalhadora e impor uma derrota aos patrões e governos, fortalecendo a luta
por uma sociedade mais justa e igualitária, uma sociedade socialista.
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