Um momento histórico para as mulheres trabalhadoras do
Rio Grande do Norte. Assim foi o I Encontro Estadual do Movimento Mulheres em
Luta (MML), ligado à Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), que ocorreu no
último sábado (21), na Escola Estadual Winston Churchill, em Natal. O encontro reuniu
mais de 80 mulheres, entre servidoras da saúde, professoras, bancárias e
estudantes, para discutir a importância das trabalhadoras nas lutas que vem
ocorrendo no Brasil desde junho.
Durante todo o dia, elas também debateram diversos outros
temas, como violência, aborto, falta de creches, homofobia e a participação das
mulheres nos sindicatos e em movimentos populares. Ao final, uma coordenação
executiva do movimento no RN foi escolhida, com participação do Sindsaúde,
Sindicato dos Bancários, Sintest, Oposição Sinte/RN, ANEL e LSR. O evento serviu
ainda de preparação para o encontro nacional, que será realizado nos dias 4, 5
e 6 de outubro, em Minas Gerais.
A força das
mulheres trabalhadoras
Na mesa de abertura do evento, o avanço das lutas no
Brasil e a força das mulheres foram temas do debate, que também discutiu o novo
momento político do país e o papel decisivo das trabalhadoras nas mobilizações
de junho e nas greves de julho e agosto. A apresentação foi feita por Rosália
Fernandes, do Sindsaúde/RN, Marta Turra, do Sindicato dos Bancários do RN,
Carol Dias, da ANEL, e Thaís Martins, do Movimento Terra Livre e da LSR.
Para Rosália Fernandes, diretora do Sindsaúde/RN, o
mundo vive hoje uma combinação de lutas sociais, com forte participação das
mulheres trabalhadoras e jovens. “Na Europa, o movimento é contra os planos de
austeridade da crise econômica aplicados pelos governos. No Oriente Médio, são revoluções
contra ditaduras. No Brasil, temos grandes lutas por saúde, educação e
transporte. Aqui fizemos uma forte greve, acampando em frente à casa da
governadora. A maioria era de mulheres.”, destacou Rosália Fernandes, diretora
do Sindsaúde/RN.
Marta Turra, do Sindicato dos Bancários do RN, apontou
a necessidade de as trabalhadoras fortalecerem o movimento e se organizarem
contra o machismo e a exploração no capitalismo. “Queremos que o Movimento
Mulheres em Luta seja anticapitalista, classista e construído pela base. Não
existe capitalismo sem machismo. Por isso, precisamos lutar por um novo mundo
para a classe trabalhadora.”, disse a coordenadora geral dos bancários.
A professora e vereadora de Natal, Amanda Gurgel (PSTU),
participou do evento e destacou a importância da organização das mulheres
trabalhadoras. "Esse momento de hoje é histórico. É muito importante que
estejamos organizadas para lutar contra a exploração e o machismo dos patrões e
dos governos, que não investem em ações de combate à violência contra a mulher.
Esse movimento tem total apoio do nosso mandato.", afirmou Amanda.
Homens na
cozinha e na creche
Foram formados 7 grupos de discussão para debater
temas relacionados à opressão sofrida pelas mulheres trabalhadoras, como a violência
machista, as creches e o direito à maternidade, a saúde da mulher e o aborto,
racismo, homofobia e a luta das mulheres nos sindicatos e movimentos. O debate
foi muito rico e contou com ampla participação das mulheres.
Nos grupos e na a plenária final do encontro, a discussão
entre as trabalhadoras permitiu não só a formação política como também a troca
de experiências para fortalecer as próprias lutas e o movimento. Ao final, foi
escolhida a coordenação executiva do MML no Rio Grande do Norte.
Colocando em prática o combate ao machismo, toda a
infraestrutura do encontro foi garantida por homens. Eles cozinharam o almoço,
lavaram as panelas e cuidaram das crianças enquanto as mulheres participavam
dos debates. Foi uma pequena amostra de que é possível garantir a atuação política
das trabalhadoras quando homens e mulheres lutam lado a lado contra o machismo.
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