Na última terça feira, dia 4 de fevereiro, as 18h em pleno
horário de pico na estação Sé, estação central da cidade, um trem da frota K-07
falhou ocasionando um problema generalizado. A falha se iniciou no fechamento
das portas e, enquanto não se resolvesse, o trem da linha vermelha não poderia
continuar o seu trajeto, que seria a ligação leste-oeste da capital. Isso
desencadeou um verdadeiro efeito em cadeia.
A superlotação dos
trens do metrô de São Paulo, o desligamento do ar condicionado, a falta de
janelas e o calor sufocante que tem atingido a cidade nesse verão, geraram um
caos completo. Muitos passageiros
passaram mal, outros entraram em pânico e muitos desceram e caminharam pelos
trilhos. Essa situação durou por aproximadamente cinco horas e 10 estações do
metrô foram fechadas. Depois de tanto desespero o governo foi procurado para
dar explicações e qual não foi a nossa surpresa quando Geraldo Alckmin insinuou
que tudo isso poderia ser fruto de “sabotagem”, ou mesmo as declarações do
secretário de transportes de SP, Jurandir Fernandes, que foi mais além e disse
que todo o caos poderia ter sido obra de “grupos organizados” e de “vândalos”.
Enquanto os governantes jogam a culpa na população, nós
relembramos alguns fatos importantes para compreender o fato dessa terça feira
que não foi o primeiro e nomear os verdadeiros culpados. O trem onde houve a falha
é da frota K, frota que foi reformada pelas empresas envolvidas no esquema de
corrupção e licitações fraudulentas que veio a tona no segundo semestre de 2013
e que ficou conhecido como propinoduto. O propinoduto fraudava as licitações de
reforma, aquisição de novos trens e expansão do metrô de SP. Foram milhões desviados
por esse cartel que envolvia vários governos do PSDB e também algumas
multinacionais, Alston e Siemens.
Esse é mais um caso que evidencia a maneira como os governos
tratam uma questão tão cara para os trabalhadores como é o transporte. O caos e
sufoco que todos os dias nos atingem no transporte público poderia ser
perfeitamente sanado com mais investimentos, mas não é o que estamos vendo.
Bilhões são investidos nas obras da copa, bilhões foram desviados no escândalo
do propinoduto e a população paga o preço, um alto preço.
Nem todo mundo sofre de maneira igual no sufoco do
transporte. É na superlotação que nós mulheres mais sofremos com agressões
machistas de toda ordem. São comumente denunciados assédios e estupros. Somos
nós mulheres que enfrentamos gigantescas distâncias para levar nossos filhos
para a escola, para irmos para o trabalho, para voltarmos e fazermos tudo de
novo a fim de garantir a subsistência das nossas famílias. Somos nós que
ficamos vulneráveis nos pontos escuros de ônibus à espera do transporte. O caos
no transporte público, para nós mulheres, adquire contornos muito violentos. Os
governos e empresas ao serem responsáveis por toda essa situação são coniventes
com a violência machista que sofremos.
O Movimento Mulheres em Luta está organizando um Ato no dia 13 de fevereiro, junto com o Sindicato dos Metroviários de SP e outras entidades para denunciar sufoco do Metrô e para exigir investimentos para termos um transporte público, gratuito, estatal e de qualidade.
Vagões do Metrô, Monotrilho, Trens suburbanos têm cada vez menos assentos
ResponderExcluirEsta cada vez mais difícil viajar sentado nos trens em São Paulo. E isso não é só por causa da crescente superlotação do sistema. Dados obtidos por meio da Lei de Acesso a Informação, mostram que os veículos das frotas modernizadas e as composições novas têm sido entregues com cerca de 100 assentos a menos do que os equipamentos antigos.
Trata-se de uma tendência acelerada recentemente. Nos anos 1980 - segunda década de funcionamento das linhas da companhia, as composições da frota “C” da Linha 3-Vermelha possuiam 368 bancos. Algumas destas ainda rodam naquele ramal. No fim do decênio seguinte, os trens recém-adquiridos para a Linha 2-Verde passaram a apresentar 274 assentos, em um lote que recebeu o batismo de frota ”E”.
Agora, a quantidade de vagas para os passageiros se acomodarem caiu ainda mais. Por exemplo, quem andar em um veículo da frota “K”, modernizada nos últimos três anos, terá de disputar um dos 264 lugares disponíveis. Chama a atenção o fato de que esses trens, antes de serem reformados e rebatizados, pertenciam à antiga frota “C” com 368. Ou seja, possuíam 104 assentos a mais, com os mesmos comprimentos e larguras dos vagões redefinidos, sendo que as vagas do Monotrilho Linha 15-Prata recém inaugurado, não passam de 120.
Embora o Metrô, que é controlado pelo governo do Estado, não admita oficialmente, a redução dos bancos em seus trens tem o objetivo de permitir a acomodação de um número maior de pessoas em pé, desafogando mais rápido as plataformas superlotadas das estações durante os horários de pico.
Conclusão
“Para o Metrô e CPTM, modernizar é sinônimo de subtrair assentos”.
Análise técnica
As prioridades não têm levado em consideração o conforto dos usuários. "Como tudo é dimensionado só para atender à demanda no horário de pico, ninguém depois muda o arranjo e instala mais assentos nos trens”.
Proponho um sistema de Trens de dois andares com altíssima capacidade de demanda em apoio à Linha 11-Coral da CPTM, para aliviá-la nos horários de ponta. "Esses trens “double decker” utilizariam a mesma linha e maioria dos passageiros viajariam sentados."
É prioritário para implantação das composições de dois andares até a Barra Funda reformar e ampliar as Estações da Mooca e Água Branca, readequar a Júlio Prestes e construir a do Bom Retiro (que englobariam as seis linhas existentes além dos futuros trens regionais), tal atitude beneficiaria todas as linhas metro ferroviárias, e decentralizaria e descongestionaria a Luz.
Seria uma decisão sensata, racional, e correta porque falar em conforto para uns e outros irem esmagados não tem o menor sentido. Além de se evitar um risco maior, seria uma forma de aliviar este "processo crônico de sardinha em lata”.
Idosos
A Linha 5-Lilás, na zona sul, foi inaugurada em 2002 com trens de 272 lugares. A futura frota que será comprada para circular no ramal, que está sendo expandido para receber mais passageiros, registrará, em cada composição, 236 bancos, a menor quantidade entre todos os veículos do Metrô, com exceção do Monotrilho que tem 120.
Além do natural envelhecimento da população - segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas com mais de 65 anos de idade no país saltarão de 14,9 milhões em 2013 para 58,4 milhões em 2060 -, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) aprovou uma lei, no fim de 2013, que diminui de 65 para 60 anos a idade mínima para homens andarem de graça no metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o que deve atrair ainda mais passageiros desse perfil.
Sem fornecer números, a assessoria de imprensa do Metrô informou que a quantidade de assentos preferenciais nos trens novos e modernizados "É superior ao mínimo estabelecido pela lei". Os dados oficiais indicam que os trens do Metrô carregam, no máximo, até 2 mil passageiros.