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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Nem Dilma, nem a direita: Mulheres em Luta construindo uma alternativa dos trabalhadores!


Manifesto do Movimento Mulheres em Luta

No mês de Março de 2015 presenciamos uma retrospectiva do período eleitoral do ano passado. No dia 13 os setores que apoiam o governo do PT (CUT, CTB, UNE, MST) chamaram manifestações afirmando que o objetivo era defender a Petrobrás, direitos e a reforma política, contudo ficou evidente que o ato era em defesa de Dilma, sob a argumentação de que o país encontra-se sob a ameaça de um golpe militar e, portanto, devemos defender a democracia e o governo. Já no dia 15 um número bem maior de pessoas ocuparam as ruas para demonstrar sua indignação contra a corrupção, o PT e a carestia. Embora essa manifestação se apresentasse como apartidária, em todos os Estados elas foram encabeçadas por partido e figuras da direita clássica brasileira como PSDB, Solidariedade, etc. 


Em nenhum desses dois espaços os setores massivos dos trabalhadores e a população pobre do país estiveram presentes. Em nossa opinião, porque nenhuma das duas manifestações refletiu as necessidades reais da classe trabalhadora.  


Os trabalhadores estão indignados com a política do governo federal de cortes nos orçamentos das pastas sociais e a retirada de diretos trabalhistas históricos como seguro desemprego, PIS, auxílio-doença e pensão por morte. Além disso, a subida dos preços trouxe ainda mais dificuldade e arrocho para a vida da população. Por isso não há como defender ou confiar no governo do PT já que a Dilma está fazendo exatamente aquilo que disse estar combatendo nas eleições: garantindo os lucros dos empresários e banqueiros, em detrimento das condições de vida dos trabalhadores. 


Por outro lado, PSDB e companhia que também se dizem descontentes com o governo federal não criticaram as medidas acima citadas, não vimos nenhuma bandeira dos trabalhadores levantadas nos atos do dia 15 seja por emprego, moradia, saúde, educação, contra a terceirização dos postos de trabalho ou a retirada de direitos. Ao contrário disso, os governos de direita estão aplicando os mesmos ataques aos trabalhadores e estão enfrentando as greves e a resistência das categorias como foi a da educação no Paraná e agora se estende a São Paulo e Pará, todos Estados governados pelo PSDB. 


Em toda essa situação as mulheres trabalhadoras e pobres são as mais prejudicadas porque são mais vulneráveis no mercado de trabalho, ocupando os postos rotativos, com maior índice de adoecimento, com os menores salários. Também somos nós as mais penalizadas com a falta de água, a falta de investimento em educação e déficit nas vagas de creches públicas, a falta de investimento no combate a violência machista, etc.


Como se não bastasse ainda estamos sendo atacadas pelo Congresso Nacional conservador e machista. Figuras como Eduardo Cunha, presidente da câmara de deputados, defende o fim da distribuição da pílula do dia seguinte, inclusive para mulheres vítimas de violência sexual; nega qualquer direito ou respeito aos LGBT’s e defende a aprovação do PL 4330 que oficializa a terceirização e abre espaço para se aprofundar ainda mais a exploração de mulheres, negros e LGBT’s. Apesar de querer aparentar ser o defensor da moral e dos bons costumes, Eduardo Cunha está na lista dos investigados por desvio de verbas públicas, na operação lava-jato. 


 Os trabalhadores já estão se mobilizando contra o PL 4330 e não tinha como ser diferente. Segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) de 2013, 70.6% das mulheres negras que trabalham nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal estão nos setores de serviços, na sua enorme maioria já como terceirizadas. Além dos menores salários, piores condições de trabalho e quase nenhum direito garantido, os trabalhadores terceirizados não conseguem se organizar em sindicatos, devido às divisões entre os trabalhadores que as empresas impõem com uniformes, refeitórios e horários diferenciados.


Diante dessa situação não existe alternativa as mulheres trabalhadoras e pobres que não seja organizar a luta e a resistência da nossa classe. Para isso, é necessário construir um campo em que se concentrem as entidades sindicais combativas, os movimentos sociais honestos, os partidos que de fato defendem os interesses dos trabalhadores, para enfrentar tanto os ataques do governo Dilma, quanto os ataques dos governos em que a oposição de direita está a frente. Da mesma forma que está colocada a tarefa de barrar os diversos projetos nefastos que tramitam no Congresso Nacional como o PL4330 que oficializa a terceirização, a reforma fiscal, etc. 


Nós, do Movimento Mulheres em Luta, estamos presentes nas greves, manifestações e iniciativas dos trabalhadores para construir esse setor que aglutine todos aqueles que estão indignados e querem lutar para defender os interesses dos trabalhadores. Construímos o Espaço de Unidade de ação que vem desenvolvendo experiências importantes como a campanha “Na copa vai ter luta” em 2014 e já coloca em curso um calendário de mobilizações agora em 2015. Somamo-nos ao chamado da construção de uma greve geral no país, ou seja, a paralisação em unidade de todos os trabalhadores, das diversas categorias para barrar esses ataques. Para essa luta se fortalecer, convidamos você que é professora, operária, servidora pública, dona de casa, estudante, etc. para se juntar a nós nesta tarefa.









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