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terça-feira, 11 de abril de 2017

Total repúdio as agressões de Marcos Harter à Emilly no programa Big Brother Brasil 2017

Reprodução do ciclo da violência na telinha da Globo
Na manhã do dia 09 de abril de 2017 (domingo) na versão do Big Brother 17, a TV brasileira mostrou a verdadeira da face da naturalização da violência machista de Marcos Harter com Emilly. Marcos, durante todo o programa vem cometendo violência psicológica com sua namorada Emilly através de deslegitimação de suas opiniões, da aproximação de outras participantes para causar-lhe ciúmes e insegurança, além de gritos e explosão de raiva para impor suas posições.  Frente a esse quadro, não foi surpresa que no dia 09/04 as agressões tenham se tornado concretamente física. 

A violência contra a mulher se apresenta em cinco tipos: psicológica, moral, patrimonial, sexual e física. A violência psicológica se caracteriza quando a vítima é humilhada, perseguida, desqualificada, comparada, ameaçada e isolada. É isso que Marcos faz quando afirma que Emilly é inferior a um verme, compara com outra pessoa desqualificando-a, bem como quando diz que ela é incapaz de compreender situações. E por não deixar marcas visíveis, este tipo de violência é na maioria das vezes caracterizada como uma simples discussão entre iguais, entre pessoas que se relacionam.

Com todos estes elementos o violador consegue um relacionamento abusivo como acontece no programa e que é, algumas vezes, difícil de ser identificado porque se utiliza de sua inteligência com jogos de controle, manipulação, ciúmes e consegue fazer com que a vítima pense que não é boa o suficiente e que tudo é culpa sua. Isso provoca a baixa auto-estima e a depressão dominando o relacionamento sem que a vítima perceba deixando-a confusa.

Durante todo o programa Marcos reproduziu comportamentos extremamente machistas, fazendo comentários pejorativos e tratando as mulheres como objetos sexuais e, ao iniciar o relacionamento com Emilly, mostrou sua face de abusador. A emissora poderia ter tomado há tempos uma posição para que a audiência e o vale-tudo não fossem maiores que a tortura que a participante vem sofrendo. Contudo, o que esperar de uma emissora que se cala frente a um caso grave de assédio sexual para manter a audiência da novela, como o caso da figurinista que denunciou José Mayer ou mesmo convoca para o seu reality show um pedófilo que expõe suas armações para estuprar menores em TV aberta e ainda é romantizado quando sai do programa? O objetivo da rede globo é vender seus produtos e com eles contribuir para a manutenção dos comportamentos sociais tais como são. Se esta respondendo aos casos de machismo, é porque esses não tem amis como ir para debaixo do tapete e porque as mulheres estão cansadas de serem amordaçadas.  
Infelizmente, é essa programação e essa naturalização do machismo e todo tipo de opressão que chega às casas da grande maioria da população, em especial aquelas que vivem a mesma realidade de violência e que sentem condenadas a aceitar a caladas as agressões, pois se até no big Brother acontece, imagina na periferia, aonde nenhum suporte para essas mulheres chega.

A violência psicológica é a preparação para a agressão física, pois destroí a capacidade da mulher reagir, a convence de que ela é tudo aquilo que o agressor diz e, portanto, merece o corretivo físico. O gritar, o segurar no braço, o encurralar e o dedo na cara que Marcos faz com Emily vêm sempre depois de muitos insultos e piadas que a desmerecem.  
Marcos impõe medo e autoridade sobre todas as participantes. Sob a justifica de estar defendendo sua namorada, ele ameaça e intimida as demais mulheres na casa, colocando sobre as costas da Emilly a responsabilidade por seus atos com a celebre frase “Não era isso que você queria? Que eu perdesse o controle”.

Sem política pública os números da violência só crescem!

A Lei Maria da Penha, aprovada em 2006, embora tenha sido uma conquista importante do movimento feminista, ainda está longe de responder a realidade das mulheres vitimas de violência machista. Isso porque sua efetivação, tanto no aspecto preventivo quanto punitivo, necessita de investimento financeiro para garantir a rede de assistência, como casas-abrigo, inserção das mulheres no mercado de trabalho, medidas protetivas efetivas, campanhas de conscientização, etc. Porém, o que observamos é exatamente o contrário. Desde 2006 os cortes no orçamento são sucessivos, chegando esse ano a diminuição de 61% dos investimentos no atendimento às vítimas de violência e de 54% nas políticas de promoção de mulheres.

Sendo assim, tanto a Globo quanto os próprios governos alimentam e estimulam os números crescentes da violência. Segundo o mapa da violência de 2015, foram 13 mulheres assassinadas por dia no Brasil, nos últimos dez anos. Dentre essas 60% das vítimas foram mulheres negras. No Dossiê Mulher do Estado do RJ foram 49.469 casos notificados de violência psicológica e 49.861 casos de lesão corporal dolosa.
Basta de violência. Nenhuma a menos, Nenhum direito a menos!
Nós, do Movimento Mulheres em Luta, repudiamos todas as formas de opressão e violência contra as mulheres, assim como repudiamos também a Rede Globo que forma opinião no país e reforça a cultura do estupro e naturalização da violência. Exigimos que o agressor Marcos e emissora sejam responsabilizados e punidos. Assim como exigimos mais investimento nas políticas de combate a violência contra a mulher.
Na atual conjuntura, de aumento do desemprego e da precarização nas condições de vida, combater a violência passa também por garantir emprego e salário digno, bem diferente do que vem fazendo o governo Temer e seus aliados que atacam os direitos dos trabalhadores, em especial das mulheres. Por isso, nossa luta também e contra as reformas da previdência e trabalhista, pela revogação do projeto que regulamenta a terceirização e contra qualquer tentativa de retirar direitos.  


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