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quarta-feira, 28 de maio de 2014

I Encontro Estadual do Movimento Mulheres em Luta - Paraná!

No dia 31 de maio em Curitiba acontecerá o I Encontro Estadual do MML Paraná! Em um ano marcado por greves e mobilizações em todo o país, essa é uma importante iniciativa para avançar na organização de mulheres jovens e trabalhadoras para lutar contra o machismo e a exploração.


O MML é um movimento construído por mulheres trabalhadoras, estudantes, negras, LGBTs em luta pelo fim da violência contra a mulher, dos assédios nos transportes públicos, da desigualdade salarial, etc. Estamos em luta pelo fim do machismo e por uma sociedade mais justa. Ano passado, em seu primeiro e vitorioso encontro nacional, o MML reuniu mais de 2000 mulheres para organizar iniciativas de luta contra a opressão por todo o país. Como resultado, diversas campanhas pipocaram ao redor do país, no transporte público, nas universidades, nos locais de trabalho.  
Em ano de Copa do Mundo no Brasil, em que os governos preferem investir mais de R$ 11 mil por cada cadeira da Copa e apenas R$ 0,26 anuais para o combate à violência contra a mulher, o MML estará por todo o Brasil mais uma vez na organização e luta em defesa das mulheres. Sabe-se dos altos índices de violência contra as mulheres em todo o país, da falta de delegacias da mulher, creches, saúde e educação dignas para as brasileiras. Sobram estádios, mas a dignidade das brasileiras ainda está longe de ser conquistada.

No Paraná, isso não é diferente. Assistimos a uma escalada da violência machista em todo o estado, com casos escandalosos de assassinatos, abusos, estupros, assédio moral e sexual a que estão submetidas as paranaenses todos os dias. A violência machista atinge as mulheres diariamente, quando não conseguem vagas em creches para seus filhos, quando são submetidas a uma educação e saúde precárias, quando a rua em que mora é escura e insegura, quando estão desempregadas ou então trabalhando por um salário de miséria e sem direitos. A violência atinge ainda as mulheres lutadoras, que são perseguidas por sua opinião política ou proibidas de participarem da vida pública. 


É preciso lutar e para isso é preciso se organizar! Por isso, o MML Paraná está organizando seu I Encontro Estadual, um espaço aberto, voltado para a discussão e elaboração da luta. Venha participar!

A taxa de inscrição para participar, com materiais do encontro e almoço: R$ 10,00.
Atenção mães! O encontro terá creche para crianças até 12 anos.



Data: 31 de maio, sábado.
Hora: a partir das 9h00
Local: UFPR (D. Pedro II e RU Central)






Programação (em construção)

9h00 - 12h00: Abertura e Mesa
Mesa: “Essa Copa para quem é?

Debate sobre investimento público, turismo sexual, violência, greves e mobilizações neste ano de Copa do Mundo no Brasil.
Convidadas confirmadas: 
 - Camila Lisboa. Trabalhadora metroviária de São Paulo, uma das organizadoras da campanha de distribuição de alfinetes “Não me encoxa que eu não te furo” contra o assédio sexual nos metrôs.
 - Vanessa Fogaça. Jornalista feminista e mestranda  em estudos de gênero na UFPR. Membro da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero da OAB-PR.

12h00 - 14h00: Almoço

14h00-16h00: Grupos de Trabalho, para discussão e elaboração de propostas
Mulheres e saúde
 - Coordenação: 
Xênia Mello. Trabalhadora da UTFPR, advogada feminista e militante pela assistência humanizada do parto.
Letícia Faria. Trabalhadora do Hospital do Idoso de Curitiba. Cipeira e militante da saúde.
Mulheres e violência
Mulheres jovens
Mulheres e educação
Mulheres e mundo do trabalho
Mulheres e racismo

16h30: Plenária Final

20h00: Confraternização
Música, dança, cervejinha, refri, comida...por que ninguém é de ferro!



Mais informações, no blog do Encontro: http://encontromml.blogspot.com.br/


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Hoje, Wendy Goldman no Brasil!

Mulher, Estado e revolução - política da família Soviética e da vida social entre 1917 e 1936

Wendy Goldman

A Boitempo, em parceria com a Edições ISKRA, publica o premiado livro A Mulher, o Estado e a Revolução: política da família soviética e da vida social entre 1917 e 1936. Escrito por Wendy Goldman, historiadora e professora da Universidade Carnegie Mellon (EUA), especializada em estudos sobre a Rússia e a União Soviética, a obra ganhou o Berkshire Conference Book Award ao examinar as mudanças sociais pela qual passou a sociedade soviética nas duas primeiras décadas pós-revolução, com foco nas mulheres, e na relação que estabeleceram com o Estado revolucionário.
O livro retrata as grandes experiências da libertação da mulher e do amor livre na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) depois da Revolução – e por que falharam, quando entrou em cena a burocracia stalinista. “Seu tema é a difícil relação entre vida material e belos ideais”, afirma Goldman. O livro examina as condições materiais da União Soviética logo após a Revolução e explora questionamentos relevantes para qualquer movimento social: quando um novo mundo poderá ser criado? Quais são as condições necessárias para se realizar ideais revolucionários? É possível que se crie total liberdade sexual para homens e mulheres sob condições de desemprego, discriminação e persistência de atitudes patriarcais? O que podemos apreender dessa experiência, depois da Revolução Russa? Combinando história política e social, o livro recupera não apenas as lições discutidas por juristas e revolucionários, mas também as lutas diárias e ideias de mulheres trabalhadoras e camponesas.
Ao chegarem ao poder em 1917, como resultado de uma revolução, e com esperanças de construir um mundo novo, muitos juristas, educadores e outros militantes sonharam com novas possibilidades. Os bolcheviques lutavam para que, sob o socialismo, a instituição “família” definhasse; para que o trabalho doméstico não remunerado das mulheres fosse substituído por lavanderias, creches e refeitórios comunitários; para que o afeto e o respeito mútuos substituíssem a dependência jurídica e financeira como base das relações entre os gêneros. Uma geração de legisladores soviéticos se empenhou em concretizar essa visão e como parte dela, em 1920, legalizaram o aborto, que passou a ser considerado um serviço público e gratuito.
É importante destacar que os bolcheviques tiveram uma política aberta sobre as relações pessoais, especialmente considerando o atraso social e cultural da Rússia. A ideia de “amor livre” e as relações hierárquicas entre pais e filhos foram temas amplamente debatidos. “Em uma cultura patriarcal, os pais exerciam um controle tremendo sobre as mães e as crianças. Tomavam decisões sobre o matrimônio, a educação e o trabalho. Os bolcheviques queriam abolir esse controle, em favor dos direitos do indivíduo, do ser humano”, afirma Goldman. "Questionaram as hierarquias de todo tipo, não somente aquelas dentro da família. O Exército Vermelho foi reconstruído sob novas regras, mais democráticas em termos de relações entre oficiais e soldados. As escolas tornaram-se mistas, e os professores, estudantes e trabalhadores criaram Sovietes para governá-las. Os juristas discutiam o ‘desaparecimento’ da lei e do Estado e faziam leis destinadas a alentar esse objetivo. Inclusive desafiaram as hierarquias na arte e na música. Na década de 1920, os músicos soviéticos experimentaram uma ‘orquestra sem diretor’. Foi um momento de grande nivelamento e de experimentação apaixonante em todas as áreas da vida”.
No entanto, uma década e meia depois, com a atuação de forças contrarrevolucionárias, a legalidade do aborto foi revogada e a experimentação social deu cada vez mais lugar a soluções conservadoras, que reforçaram as amarras da família tradicional e o papel reprodutivo da mulher. A autora analisa nesse contexto como as mulheres responderam às tentativas de refazer a família, com Stalin defendendo a “volta à família e ao lar”; e como suas opiniões e experiências foram utilizadas pelo Estado para atender as suas próprias necessidades. A edição brasileira do livro será enriquecida com fotografias da época e textos complementares, como o texto de capa de Liliana Segnini, professora do Departamento de Ciências Sociais da Unicamp, e o prólogo escrito por Diana Assunção, historiadora e militante dos direitos das mulheres.
[Na foto abaixo: Dia Internacional da Mulher, 1917, Pitsburgo, Rússia]
 
Trecho do livro
“Uma vez que havia expectativa generalizada de que a família iria definhar, a questão de como organizar o trabalho doméstico provocou extensa discussão. Lenin falou e escreveu repetidas vezes sobre a necessidade de socializar o trabalho doméstico, descrevendo-o como ‘o mais improdutivo, o mais selvagem e o mais árduo trabalho que a mulher pode fazer’. Sem poupar adjetivos duros, escreveu que o trabalho doméstico banal ‘esmaga’ e ‘degrada’ a mulher, ‘a amarra à cozinha e ao berçário’ onde ‘ela desperdiça seu trabalho em uma azáfama barbaramente improdutiva, banal, torturante e atrofiante’. Lenin obviamente desprezava o trabalho doméstico. Argumentava que ‘a verdadeira emancipação das mulheres’ deve incluir não somente igualdade legal, mas também ‘a transformação integral’ do trabalho doméstico em trabalho socializado.”

Durante os dias 19, 20 e 21 de maio ela passará respectivamente  pelas cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, não perca!

O Movimento Mulheres em Luta estará presente.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Wendy Goldman no Brasil: Mulher, Estado e Revolução

Em maio de 2014, a historiadora Wendy Goldman estará no Brasil para um ciclo de conferências de lançamento de seu premiado Mulher, Estado e Revolução: política familiar e vida social soviéticas, 1917-1936. Durante os dias 19, 20 e 21 de maio ela passará pelas cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, não perca! 


Ganhador do prêmio Berkshire Conference, o livro examina as mudanças sociais pelas quais passou a sociedade da União Soviéticca nas duas décadas após a revolução de 1917, com foco nas mulheres e a relaçao que estabeleceram com o Estado revolucionário. Analisando a estrutura familiar, a sexualidade, o casamento e o divórcio na União Soviética, a obra explora como as mulheres responderam às tentativas bolcheviques de redefinição da instituição familiar. A edição brasileira vem ainda acrescida de apresentação de Diana Assunção e orelha de Liliana Segnini.
Campinas
19/05 | 17h30 | Debate “A emancipação das mulheres: o debate e os desafios da luta contra o machismo como parte da experiência da revolução russa”
com Wendy Goldman, Diana Assunção e Renata Gonçalves
Unicamp | Auditório I do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH)
Realização: Boitempo, Edições Iskra e Grupo de Pesquisa “Para Onde vai o Mundo do Trabalho?”
Apoio: Programa de Pós-Graduação de Sociologia da Unicamp, Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais da Unicamp e Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH)
Após o debate haverá sessão de autógrafos.
 
São Paulo
20/05 | 19h30 | Debate com Wendy Goldman, Andrea D’Atri (Argentina), Sofia Manzano e Diana Assunção
USP | Anfiteatro de História | FFLCH
Realização: Boitempo, Edições Iskra e FFLCH/USP
Apoio: Sintusp
Após o debate haverá sessão de autógrafos.
 
Rio de Janeiro
21/05 | 16h | Debate com Wendy Goldman, Andrea D’Atri (Argentina) e Carlos Eduardo Martins
UFRJ | Sala 109, Evaristo de Moraes Filho | Térreo | IFCS
Realização: Boitempo, Edições Iskra e Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) Apoio: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Após o debate haverá sessão de autógrafos
 
 

terça-feira, 13 de maio de 2014

No dia 15 de maio, as mulheres trabalhadoras e jovens estarão nas ruas!


Na Copa vai ter luta! 

Como parte das manifestações que vem sendo preparadas para o período da Copa do Mundo no Brasil, o dia 15 de maio é um dia nacional de lutas contra as remoções forçadas ocasionadas pela “Copa das Injustiças”.

No dia 22 de março, parte importante do movimento social brasileiro se reuniu no Encontro “Na Copa Vai Ter Luta”, aonde se definiu um calendário de lutas que combina a luta das categorias organizadas, que começam a viver seu período de campanha salarial, com a luta da juventude e do movimento popular. Essa unidade direciona suas reivindicações contra uma das maiores injustiças que vivemos no Brasil hoje.

A Copa das Injustiças

A realização da Copa do Mundo no Brasil não vai deixar nenhum legado. O próprio governo já abandonou este discurso, porque o que o povo está vendo e vivendo é a militarização do país, sobretudo das cidades que vão sediar os jogos, as remoções forçadas, colocando famílias inteiras sem ter onde morar, além da morte de até hoje 10 operários que construíram os estádios da Copa.

Foi olhando a contraposição entre os investimentos do governo nas áreas sociais, como saúde, educação, moradia e transporte e os investimentos públicos na Copa, que o povo foi pra rua. Jovens trabalhadores e estudantes tomaram as ruas do país em Junho passado. E essa efervescência política, contra as injustiças sociais, não acabou! Prova disso é quantidade de greves que ocorrem pelo Brasil, a quantidade de ocupações urbanas que ganham força e o avanço da criminalização dos movimentos sociais, por parte dos governos, que apelam para a repressão, para acabar com a possibilidade de os trabalhadores lutarem.

Categorias preparam lutas no dia 15!

No dia 15, paralisações de algumas categorias vão acontecer, ações de diversos setores em luta, como o funcionalismo público federal, o transporte em algumas capitais, como Metrô e CPTM de São Paulo. Mas o que tende a marcar o dia 15 é a mobilização do movimento popular e da juventude, que preparam um grande dia de luta.

Mulheres trabalhadoras dão força para as Ocupações urbanas!

As mulheres trabalhadoras são parte fundamental da preparação dessas lutas. As ocupações urbanas contam com uma presença enorme de mulheres trabalhadoras, muitas delas chefes de família, que criam sozinhas seus filhos. É por isso que a luta por moradia nesse país tem a força das mulheres, e a ausência de uma política coerente do governo federal para resolver os mais de 20 milhões do déficit habitacional que existe hoje é uma expressão de um ataque sobre as mulheres trabalhadoras. O projeto Minha Casa, Minha Vida não resolveu o déficit habitacional das parcelas mais pobres da população, mas foi muito bem recebido pelos empreiteiros, e grandes construtoras, que possuem altos lucros com este projeto.

No 15M, a mulher jovem luta!

O 15M, como vem sendo chamado pela juventude, pretende contar com a presença de diversos estudantes em mobilizações por todo o país, aonde o questionamento se volta à injustiça de o governo investir bilhões na Copa, mas muito pouco para a Educação e Transporte. Essa é a motivação para que uma grande unidade de entidades e coletivos estudantis prometam colocar a garra da juventude no dia 15. E também não vai faltar a força das mulheres jovens, grandes alvos da injustiça que é a violência contra a mulher.

Basta de Violência contra as mulheres!

O Movimento Mulheres em Luta estará presente em todas as lutas, para somar forças às diversas reivindicações, e também para unificar a classe trabalhadora e a juventude na luta contra a violência à mulher, exigindo mais investimentos nos programas de combate à violência, assim como a aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha. Também nos sentimos violentadas quando vemos que 11 mil reais são gastos com um assento de estádio, ao passo que nos últimos 10 anos, os investimentos nos programas de combate à violência não passaram de 26 centavos por mulher.

Cartão Vermelho para o turismo sexual!

Com essa lógica injusta, os governos federal, estaduais e municipais não possuem nenhuma condição de combater o turismo sexual, uma prática muito presente no Brasil, que atinge, sobretudo, as mulheres jovens, negras e nordestinas. Apesar das propagandas e campanhas que o governo promete fazer no período da Copa, assim como a campanha que a FIFA orientou nos aviões que trazem turistas ao Brasil, a tendência é que nesse período, grandes pacotes turísticos estejam sendo fechados, com a presença de mulheres que são superexploradas sexualmente por grandes agencias de turismo sexual. Prova disso é a odiosa estampa que a Adidas criou para identificar a diversão dos turistas durante a Copa, associando a Copa no Brasil a uma bunda e ainda em uma das estampas desenhando uma mulher negra, comprovando a referência de que as mulheres negras brasileiras são “sexo fácil”. Um verdadeiro absurdo que foi rechaçado e fez com que a Adidas retirasse a camiseta do mercado.

O Movimento Mulheres em Luta quer concretizar sua campanha nacional contra a violência durante a Copa distribuindo cartões vermelhos para o Turismo Sexual e exigindo que o governo federal crie medidas e programas para acabar com essa prática machista e exploradora de jovens meninas. Parte dessa luta significa lutar contra o projeto de Lei que regulamenta a prostituição, do deputado Jean Willys, que na verdade regulamenta a cafetinagem e exploração de mulheres.

No dia 12 de Junho, #vemprarua!

A maior parte da articulação de entidades, lutadores e organizações que constroem o dia 15 de Maio tem por objetivo central fazer com que esse dia potencialize a construção de uma grande mobilização no dia 12 de Junho, dia da abertura da Copa do Mundo, sobretudo em São Paulo, cidade que sediará a abertura. Vamos aproveitar que o mundo olha para o Brasil neste dia e mostrar porque o Brasil está em péssimas colocações nos rankings internacionais em relação a diversas áreas sociais, como por exemplo, no que diz respeito à violência contra a mulher, em que o Brasil é o sétimo país do mundo mais perigoso para as mulheres. Vamos mostrar que a imagem que foi exportada de que era o país da redução das desigualdades está totalmente questionada, e que os trabalhadores, os jovens e o povo pobre está lutando e se indignando com isso.

Movimento Mulheres em Luta

MOVIMENTO MULHERES EM LUTA APOIA AS GREVES DAS TRABALHADORAS E TRABALHADORES DE TODO O PAÍS.


                O carnaval de 2014 já antecipava um cenário de mobilização das trabalhadoras e trabalhadores de todo o país com a greve histórica dos garis do Rio de Janeiro em pleno carnaval. Segundo o “protestômetro” do site da Folha de São Paulo, nos últimos 30 dias, 33 categorias profissionais entraram em greve no Brasil. São greves operárias como a dos trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ) e da Indústria de Materiais Bélicos (Imbel), dos trabalhadores da educação Federal e da educação básica em várias cidades e estados.
                A realidade é que de norte ao sul a classe trabalhadora, homens e mulheres, não tiveram outra alternativa que não a greve para responder a realidade de arrocho salarial e ataque aos direitos a que  estão submetidos. Diante da realização da Copa do Mundo no Brasil, as contradições ficam mais evidentes ainda: Enquanto que para a FIFA o governo investe bilhões e não mede nenhum esforço, para os trabalhadores das universidades federais, por exemplo, recusou-se inclusive a negociar as reivindicações da greve.
                O Movimento Mulheres em Luta apoia as greves que tomam o país, pois acreditamos que é com muita luta e mobilização que iremos conseguir vitórias. Estamos atuando ativamente nessas greves das categorias que estamos inseridas, pois, enquanto mulheres trabalhadoras, operárias, professoras, funcionárias públicas nos somamos a essa indignação que percorre o Brasil. Estamos em luta por melhores condições de trabalho, por salários dignos, pelo direito a creche, entre outras pautas que construímos na luta.
                Para nós é significativo o fato de que parte dessas categorias em luta seja majoritariamente composta por mulheres como a educação e o funcionalismo público federal. Essa realidade apresenta uma combinação entre opressão e exploração que intensifica os ataques e a precarização das condições de trabalho. No caso da educação, por exemplo, a luta pela redução da jornada de hora-aula, afeta diretamente e com maior peso as mulheres, porque são elas que acumulam a dupla jornada de trabalho a partir do cuidado com os filhos e os serviços domésticos e ainda o famoso “dever de casa” como correção de provas e trabalhos que são feitos, na maioria das vezes, fora das escolas. 
                Infelizmente, o governo Dilma (PT) não mudou a vida da classe trabalhadora, por isso a greve segue sendo a única saída. Tão pouco esse governo tem maior sensibilidade com as questões das mulheres trabalhadoras, que além de sofrerem com os baixos salários e péssimas condições de trabalho, enfrentam a dura realidade da violência contra a mulher, que atinge dados alarmantes no país devido ao descaso de Dilma em garantir investimento público para que a Lei Maria da Penha saia do papel e garanta a vida e a integridade das vítimas de violência que, infelizmente, atinge principalmente as trabalhadoras, pois são estas que necessitam de políticas públicas pela falta de recursos.
                O Movimento Mulheres em Luta apoia as greves que estão ocorrendo em todo o país, sobretudo porque entendemos que é só com organização e luta da classe trabalhadora que arrancaremos nossas conquistas, também acreditamos que a luta contra a opressão das mulheres é tarefa da classe de conjunto, por isso esses momentos de mobilização são fundamentais para incorporar as pautas especificas das mulheres e para fortalecer a unidade entre homens e mulheres trabalhadores. Estivemos juntos na construção do 1º de Maio classista por todo o Brasil, também estaremos juntos nos atos contra as injustiças da copa e seguiremos ombro a ombro nas diversas greves e manifestações de trabalhadores que varrem o país!


segunda-feira, 5 de maio de 2014

CHEGA DE RACISMO! NÃO SOMOS MACACOS!



Se ser livre é ser vadia, somos todas vadias. Mas ser negro/a não é ser macaco/a.

Mais um episódio de racismo no futebol é alvo da indignação de milhares de brasileiros e brasileiras, sobretudo negros e negras, que se sentiram absurdamente ofendidos com a atitude racista de um torcedor que jogou uma banana no jogador Daniel Alves durante o jogo do Barcelona no último domingo.



O racismo é uma ideologia que há centenas de anos humilha, escraviza, superexplora, subestima, animaliza e mata o povo negro. No capitalismo, essa opressão é potencializada, porque vivemos em um sistema que transforma as diferenças em desigualdades e fundamenta a superexploração do povo negro com teorias absurdas, como a existência de raças biológicas, e indo além: não só existem raças, como existem “sub-raças” e nós, negros e negras estaríamos entre elas.

Em tempos de crise econômica, como vive a Europa, essa ideologia se intensifica, porque os grandes bancos, empresários e governos precisam arrancar mais direitos da classe trabalhadora e para isso, dissemina o racismo e outras ideologias para dividir os trabalhadores. Esse ato discriminatório do torcedor deve ser punido e a FIFA junto com os governos tem obrigação de criar regras mais duras sobre os atos de racismo no futebol. Esse esporte é acompanhado por milhões de expectadores no mundo e tem responsabilidade de combater o ódio racista. 

A reação de Daniel Alves ajudou a jogar luz no problema do racismo, foi uma reação de indignação. Mas não podemos restringir a conduta a esses atos de racismo à necessidade de negros e negras “ignorarem” o ato racista. Ao contrário, isso deve ser denunciado. Não podemos ter vergonha de denunciar o racismo, precisamos fazer com que os racistas sintam vergonha de serem preconceituosos e reproduzirem um comportamento e uma ideologia que mata milhares de negros e negras pelo mundo.

Estamos indignadas com racismo do torcedor junto com Neymar, mas não somos todos macacos

Como reação a essa atitude racista, Neymar, também jogador do Barça, orientado pela sua agencia de publicidade, lançou uma campanha nomeada “Somos Todos Macacos”, com fotos segurando uma banana. Diversos artistas seguiram a campanha e reproduziram a mesma foto.


Milhares de pessoas, com um sentimento sincero de indignação com o racismo também reproduziram a foto. Mas junto com isso, vimos uma justa reação de negros e negras, da quase totalidade dos movimentos de luta contra o racismo de revolta com a associação de negros com macacos e bananas. Essa reação deve-se ao fato de que chamar negros e negras de macacos, uma atitude muito comum e vivida por milhares de negros e negras é a expressão mais usual do que nosso povo sofreu a vida inteira: animalização, a localização em uma condição de “não seres humanos”, uma depreciação, uma inferiorização que humilha e destrói nossa auto-estima, não no sentido de que não nos sentimos bonitos, mas no sentido de que não nos sentimos gente. Isso é muito pesado. É por isso que não concordamos em tirar fotos com a fruta banana, nem dizer que somos todos macacos. Estamos solidárias com Daniel Alves, mas não vamos fazer a mesma campanha do Neymar.

No marco deste debate, muitas mulheres questionaram: mas nós não vamos pra rua dizendo que “somos todas vadias”? Não seria a mesma coisa? É uma dúvida justa e pertinente, mas acreditamos que não seja a mesma coisa. O termo “vadia” surgiu porque um policial deu uma palestra na Universidade de Toronto, no Canadá, dizendo que o motivo dos recorrentes estupros às universitárias era o fato de que elas se vestiam como “vadias” (slut em inglês). Um verdadeiro absurdo esta interpretação e isso gerou toda a indignação já por nós conhecida que culminou com o fenômeno internacional da Marcha das Vadias (SlutWalk = caminhada das vagabundas/vadias). A adesão a este termo se deu porque as mulheres diziam que se ser livre é ser vadia, então somos todas vadias. A marcha e a utilização do termo significavam um grito de liberdade contra as formas de comportamento imposta sobre as mulheres, materializada nas formas de se vestir. As imposições às formas de comportamento fundamentam o que o policial canadense falou, ou seja, culpabilizam as mulheres pelo o que elas sofrem.

Isso tudo é muito diferente do termo macaco, porque em primeiro lugar, ser negro não é ser macaco. Negro é negro e macaco é macaco. Em segundo lugar, como já dissemos, essa associação surgiu para nos animalizar, depreciar e humilhar. Em terceiro lugar, se aderimos essa associação mesmo de forma irônica, não estamos dando um grito de liberdade e rompendo com padrões de comportamento, estamos afirmando que ser negro é ser macaco. Vadia é um julgamento moral, macaco é uma depreciação estética e racial, que condena a forma como nascemos, que nos transforma em “sub-raça”. Não se trata da mesma forma de irônica de encarar o preconceito. Por isso, seguimos dizendo com milhares de mulheres que se ser livre, usar a roupa que quisermos é ser vadia, então somos todas vadias. Mas ser negro não é ser macaco e dizer que somos macacos não é um grito de liberdade.

 Por Camila Lisboa - Executiva Nacional do Movimento Mulheres em Luta

MML Pará realiza lançamento da cartilha de combate à violência contra a mulher trabalhadora.



De Norte a Sul acontecerá o lançamento de um estudo aprofundado construído pelo ILAESE sobre violência contra a mulher trabalhadora. E no dia 29 de abril o Movimento Mulheres em Luta Pará entrou nesse circuito lançando a cartilha no curso de Serviço Social na UFPA. O evento já iniciou vitorioso, uma vez que a diretoria do centro acadêmico de Serviço Social aprovou em reunião que o lançamento faria parte de seu calendário de atividades.



As meninas e os meninos do CASS, acompanhados pela executiva estadual do MML, passaram em turma pra mobilizar, fizeram cartazes pra divulgar, ficaram responsáveis pela infraestrutura, e no final o evento foi um sucesso, contando com a presença de 53 pessoas, sendo que 40 eram próprias do curso de Serviço Social; mais 5 estudantes secundaristas que disseram ter visto a divulgação pelas redes sociais; e o restante de outros cursos da UFPA e também da Universidade Estadual do Pará. O curso de Serviço Social foi escolhido para este primeiro lançamento (a redundância é proposital) devido ser majoritariamente feminino, por casos de assédio sexual já ocorrido, e devido o CASS ser vanguarda, dentro da universidade, no combate às opressões.



Foi realizada a exposição de slides que explicavam de forma didática partes da cartilha, foi dado ênfase à realidade cruel que se encontra a região Norte, o Pará, nesse debate. O Estado ainda continua na sétima posição no rank de violência à mulher, e nos últimos três anos cresceu em 18% os casos de estupros de mulheres.
Os estudantes presentes fizeram muitas perguntas, considerações, expuseram algumas realidades de opressão vivenciadas, inclusive em âmbito familiar, e o debate fluiu de forma intensa. Foi ressaltado que o MML é um movimento para as mulheres trabalhadoras, que agregamos a luta contra o racismo e a homofobia por entender que as opressões dividem as nossa Classe, e que são sustentáculos do sistema desigual no qual vivemos. Portanto, apontamos a construção de uma outra sociedade onde não hajam oprimidos e opressores.


Ao final, foi tirado uma proposição de reunião do MML na universidade, inclusive para encaminhar campanhas de combate à violência contra a mulher dentro da Instituição.
A executiva estadual do MML Pará deliberou por realizar lançamentos em outras categorias, como no setor da educação, da construção civil, do funcionalismo, e do movimento popular, já há uma data definida para o próximo, dia 17 de maio em uma área de ocupação, num bairro da periferia de Belém.

Por MML Pará.