A crise econômica tem aprofundado as
desigualdades impostas para as mulheres na sociedade. O índice de desemprego
atinge taxas de 13,8 % entre as trabalhadoras femininas, sendo que a taxa geral
é de 12% e acompanhamos o aumento dos casos de violência sexual, doméstica e
feminicídios.
Como parte dessa realidade, também
acompanhamos vários projetos de lei que buscam restringir ainda mais o direito
ao aborto, segunda nossa legislação tal prática já é considerada crime, sendo
que as mulheres que decidem abortar podem ser punidas com detenção de 1 a 3
anos.
Apenas nos casos de anencefalia, estupro
ou risco a vida para a mãe o aborto é permitido até o 3º mês de gestação, entretanto,
dificuldades e entraves burocráticos muitas vezes são impostos, com o objetivo
de atrasar o procedimento até que ele não possa mais ser realizado.
Congresso corrupto e machista não pode decidir por nós!
Na Câmara dos Deputados, 36
propostas têm tramitação ativa e poderão ser usadas nas discussões da
recém-criada comissão especial que pretende analisar a legislação sobre o
assunto.
A maior parte dos projetos de lei que tramitam
atualmente no Congresso Nacional sobre o aborto pretende endurecer a pena para
a conduta, dentre os quais cinco projetos propõe tornar a interrupção crime
hediondo.
Desde 2007, tramita no Congresso o PL 478
– Estatuto do Nascituro, de autoria dos deputados federais Luiz Bassuma (PT/BA)
e Miguel Martini (PHS/MG), que aponta tornar ilegal e transformar em crime
hediondo, o aborto em casos de estupro, punindo também o profissional de saúde
que auxiliar a mulher no procedimento. Como contrapartida, o projeto prevê a
concessão de um auxilio no valor de 01 salário mínimo até a criança completar
18 anos ou até a identificação do estuprador, que será obrigado a registrar e
pagar uma pensão para a criança.
Tal medida impõe a continuidade da
violência contra a mulher ao obrigá-la a seguir com uma gravidez indesejada, ao
criminalizá-la quando ela é a vítima, ao impor uma convivência com seu
estuprador e ao colocar os interesses do feto acima dos interesses dela própria.
No ultimo mês de junho o deputado Marcos Rogério (DEM/RO) deu parecer favorável
ao projeto na Comissão de Constituição e Justiça, da câmara de deputados.
Em 2013 o então Deputado Federal Eduardo
Cunha/PMDB apresentou o Projeto de Lei 5069, que propunha realizar a prevenção
de uma gravidez indesejada, em caso de estupro, apenas mediante apresentação de
boletim de ocorrência e exame de corpo de delito. Dessa forma, qualquer
profissional que garantisse atendimento a uma mulher nessas condições também seria
penalizado com detenção de 1 a 3 anos.
No Brasil, menos de 10% dos casos de
estupro são notificados, isso porque as mulheres têm medo de procurar a polícia
ou acreditam que nada será feito por ela. Além disso, o projeto prioriza a
questão burocrática à saúde e bem estar da mulher, ou seja, impõe que o
primeiro espaço que a vitima deva procurar seja a delegacia e não o hospital.
A Comissão Especial sobre
Licença Maternidade em caso de Bebê Prematuro realizou uma primeira discussão para votar o parecer do relator da PEC 181/15, que
prevê uma ampliação do tempo de convivência entre mãe e filho em caso de
nascimento antes do previsto. A versão inicial da Proposta de Emenda
Constitucional, que tramita no Congresso, quer acrescentar o tempo de
internação do bebê prematuro à licença maternidade de quatro meses vigente no
país. O texto original, no entanto, sofreu modificações após deliberações de
uma Comissão Especial, criada no final do ano passado. A versão mais recente,
de meados de agosto e que deverá ser discutida pelo colegiado, inclui sugestões
de alteração de artigos da Constituição que mudariam as regras sobre o aborto
na Constituição brasileira, proibindo mesmo os casos já garantidos pela lei.
Mulheres negras e pobres pagam com a vida!
Enquanto tramitam tais projetos, as
mulheres pobres e trabalhadoras continuam morrendo. Um milhão de abortos são
realizados por ano, no país. As mulheres negras e pobres são as maiores vítimas
da criminalização do aborto, pois, enquanto as mulheres ricas têm acesso às
clinicas especializadas nas quais realizam o procedimento de maneira segura,
discreta e sem julgamento moral, pagando entre 3 a 5 mil reais, valor que
nenhuma mulher da classe trabalhadora pode dispor, essas ultimas acabam
recorrendo à clínicas clandestinas sem as menores condições de higiene ou
utilizando os mais variados métodos para se livrarem da gravidez indesejada, de
agulhas de tricô a medicamentos, sem qualquer orientação. São as mulheres
negras as que mais morrem em decorrência de complicações, pois são as que menos
têm acesso aos serviços de saúde, e, quando aí chegam, enfrentam também o
racismo e a falta de informação.
Segundo a OMS, taxas de abortos
realizados por ano nos países onde o procedimento é legalizado são menores se
comparados aos países onde o aborto é crime. Na América Latina, somente Cuba,
Guiana, Guiana Francesa e Uruguai legalizaram o aborto até os três meses de
gestação. No continente, 11% das vítimas fatais de complicações na gravidez
morrem devido a abortos realizados de forma insegura e clandestina. No Uruguai, onde o aborto é permitido, antes
da realização do procedimento, as mulheres que procuram o serviço público de
saúde passam por uma equipe compostos por médicos, psicólogos e assistentes
sociais. A medida de descriminalização e legalização do aborto adotada pelo
Uruguai reduziu a taxa de mortalidade materna pelo procedimento a 0% em 2014.
Unidade da classe trabalhadora contra a retirada de todos os direitos!
O aborto é um problema de saúde pública,
é preciso garantir à mulher o direito de decidir sobre o seu corpo, mas
principalmente garantir informações sobre o mesmo, sobre sua sexualidade e o
acesso a um procedimento seguro e legal. O objetivo desses ataques é aprofundar a
opressão para que se aprofunde também a exploração de mulheres negras e não
negras e, consequentemente, da classe trabalhadora como um todo, atacando os
setores que estão demonstrando grande disposição de luta, fazendo com que sejam
desmoralizados.
Por isso, só a unidade dos trabalhadores na organização das
lutas pode garantir vitórias. Cada pauta de reivindicação, nessa atual
conjuntura, só se fortalece se for parte do objetivo comum de derrotar o
projeto da burguesia que atualmente esta sendo colocado em prática pelo Temer e
pelo congresso corrupto os quais não têm nenhuma moral para mexer em nossos
direitos ou decidir sobre nossas vidas.
ü Por igualdade de
condições e direitos!
ü Salário igual para
trabalho igual!
ü Creches públicas,
gratuitas, de qualidade e em tempo integral para todos os filhos da classe
trabalhadora!
ü Pelo fim da
violência machista!
ü Mais investimento
nas políticas de combate a violência machista!
ü Educação sexual e
anticoncepcional para não engravidar. Aborto livre e seguro para não morrer!
ü Contra a PEC
181/15. Crime hediondo é a negligencia do Estado com a vida das mulheres!
ü Abaixo o estatuto
do nascituro e a bolsa estupro!
ü Contra a reforma da
previdência e trabalhista! Fora Temer, fora todos os machistas e exploradores!
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