terça-feira, 14 de março de 2017

As mulheres voltam às ruas nesse 15 de março. Por nenhum direito a menos, greve geral já!



Por Marcela Azevedo, da executiva Nacional do MML
Depois de sacudirem o país com mais de 50 atos e várias paralisações, no 8 de Março, as mulheres vão levar novamente sua força e disposição de luta para as ruas nessa quarta-feira. O dia de paralisação nacional contra a reforma da previdência tem crescido em adesão por todo o país e é fundamental que as mulheres estejam construindo essa importante manifestação. 
A reforma da previdência vai prejudicar todos os trabalhadores, mas as mulheres serão as maiores penalizadas, pois já entramos no mercado de trabalho com desigualdades provocadas pelo machismo, somos as primeiras a serem demitidas ou temos que abandonar o emprego por conta dos filhos e da falta de creche; também somos aquelas que aceitamos jornadas part-time para conciliar com tarefas domésticas e cuidado dos filhos; recebemos os menores salários e estamos nos postos de trabalho que mais causam doenças. Tudo isso, já nos dificulta de cumprir os 30 anos de contribuição atuais para conseguir aposentadoria, com essa reforma que aumenta para 49 anos esse tempo, aí que vai ser impossível para nós. O aumento da idade mínima para aposentar de 60 para 65 anos, igualando à idade dos homens, significa impor para as trabalhadoras um tempo maior de dupla jornada e adoecimento. 
Além dessas mudanças, a desvinculação do valor da aposentadoria do salário mínimo vai representar para as mulheres uma remuneração ainda menor, já que elas representam 70% dentre os que recebem os menores provento de aposentadoria. Essa proposta também vai proibir a acumulação de dois benefícios, como a pensão por morte e a aposentadoria.
Para justificar tamanho ataque, o Governo, a mídia e os empresários usam  argumentos difíceis de engolir. Afirmam que as mulheres vivem mais que os homens e isso gera custos para a previdência; que quando a diferença de tempo de contribuição e de idade foi estabelecida entre mulheres e homens, a mão de obra era feminina era bastante pequena, portanto não causava impacto na seguridade; ousam afirmar que as tecnologias diminuíram o tempo gasto com trabalho doméstico ou que a presença massiva de mulheres no mercado de trabalho tem diminuído as desigualdades com remuneração e condições de trabalho. 
Todos esses argumentos são facilmente derrubados, pois as mulheres são 44,3% dos contribuintes do INSS, porém são beneficiadas com apenas 33% das concessões de aposentadoria por tempo de contribuição. Além do valor médio dos benefícios pagos as mulheres serem 20% menores que os recebidos pelos homens. Quando verificamos o tempo gasto com trabalho doméstico, percebemos um aumento de 5 horas semanais na jornada total de trabalho para as mulheres, enquanto essas acumulam 55,1 horas semanais, os homens tem uma jornada de 50,5 horas semanais. 
Por fim, a farsa de que a presença de mulheres no mercado de trabalho diminui naturalmente as desigualdades cai por terra quando observamos que as mulheres recebem apenas 76%  da renda dos homens. Para as mulheres negras, essa diferença é ainda maior, recebem menos de 40% do que ganham os homens brancos. Para acessar postos de chefia e, por consequência, maiores salários, as mulheres enfrentam maiores barreiras. 
A superação dessas desigualdades não se dá nessa sociedade capitalista porque os patrões e governos lucram em cima da nossa opressão. Não há interesse de mudar a condição das mulheres, pelo contrário, todos os preconceitos e falsas idéias sobre a capacidade da mulher são usados para justificar os menores salários e a falta de garantia de serviços essenciais como creches, lavanderias e restaurantes públicos ou nos locais de trabalho. 
É necessário nos organizarmos para derrotar a combinação da opressão e da exploração que nos colocam em situação de total vulnerabilidade. Por isso, nós devemos estar à frente da luta contra a reforma da previdência. Já mostramos do que somos capazes e devemos utilizar todo nosso poder de mobilização para unificar a classe trabalhadora e derrotar os ataques desse governo, bem como colocar para Fora o Temer e todos seus aliados que querem retirar nossos direitos.  
As mulheres estão pela greve geral, por nenhum direito a menos! Contra a reforma da previdência e trabalhista! Basta de opressão e exploração da nossa força de trabalho! Fora Temer, fora todos que oprimem e exploram as mulheres trabalhadoras!

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