sexta-feira, 3 de novembro de 2017

NÃO BASTA SER MULHER NEGRA,TEM QUE ESTAR DO LADO DA CLASSE TRABALHADORA: REFLEXÕES SOBRE ESCRAVIDÃO, QUILOMBO E REVOLUÇÃO!

Por Jéssica Aguiar, do MML-PI


Na mesma semana em que o Ministério do Trabalho publica a “portaria do trabalho escravo”, um ataque cruel aos direitos dos trabalhadores, a ministra do Temer, Luislinda Valois (PSDB), buscando justificar, o exorbitante e absurdo, acúmulo de salários, declarou que sentiria “escrava”, caso não consiga ganhar ainda mais.


Num país onde a maioria das mulheres pretas trabalha nos serviços mais precarizados, a saber, nas cozinhas, banheiros, lavando o chão e cuidando dos filhos dos outros, enquanto os seus só tem o olhar do Estado quando é para encarcerá-los ou matá-los, como tantos DG. Afinal o Brasil, hoje, ocupa a 4ª maior população carcerária do mundo, na qual 95% são pobres e 70% pretos.
Quantas amas-de-leite não conhecemos? Quantas tias Anastácias? Sim, a senzala existe, e definitivamente não é um ministério!
Ainda existe a senzala quando vemos dados, como os do IPEA e FBSP, no Maranhão, por exemplo, onde mulheres negras compõem 62% das vítimas de mortes por agressão; quando vivemos com a dura estatística do aumento de 54% de feminicídio de mulheres negras, em um país que ocupa o 5º lugar no ranking de violência contra as mulheres e que a cada 11 minutos tem uma mulher estuprada, onde as pretas da periferia são as maiores vítimas, sendo ainda criminalizados pelos abortos e vivendo todo dia com o descaso e abandono do Estado.
Escravidão é sentir na pele as reformas iniciadas nos governos do PT, sendo levadas a frente (e implementadas com a ajuda dos corruptos do Congresso) pelo governo Temer, como a trabalhista e da previdência, que oprimem e exploram ainda mais, sobretudo, às mulheres pretas, fazendo-as trabalharem em péssimas condições, até morrerem, sem nunca conseguirem se aposentarem.
Por tudo isso, a classe trabalhadora de conjunto, sabe muito bem que sua libertação não vem da Casa Grande, muito menos do capataz; nossos grilhões serão quebrados não por eleições, pois, como no passado, a nossa libertação não veio de uma princesa branca, nossa libertação foi, é e sempre será o QUILOMBO! Como Zumbi e Dandara é preciso organizar os de baixo para derrubar os de cima.
Saindo do mês do halloween, sabemos que as bruxas, as quais os opressores não conseguiram queimar, estão de punhos cerrados segurando o martelo e a foice, rondando à Europa, às Américas, Ásia, África e o Brasil.
O povo preto, as mulheres, os “famélicos da terra” resistem e, como em 1917, farão a revolução!
Por isso, Luislinda Valois, afirmamos: não basta ser mulher e preta, se na prática continua fazendo o jogo da burguesia e vivendo com seus privilégios de capataz, em detrimento da exploração de mulheres pretas, pobres, principalmente aquelas que vivem na periferia e sobrevivem com menos de um salário mínimo.
Desta maneira, ministra e todos os traidores e exploradores da classe trabalhadora, atentem-se aos que tem organizado a revolução - mesmo de dentro da senzala - em um novembro negro, a nossa resposta a todos esses ataques será a ocupação das ruas e parando o Brasil no dia 10 de novembro, por que: o nosso quilombo é de raça e classe!

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