domingo, 6 de março de 2016

08 de Março: romper com o governo e não com as bandeiras das mulheres trabalhadoras


 Por Marcela Azevedo, da Executiva Nacional

Às vésperas das manifestações do ato do 8 de março, diante da condução de Lula para depoimento nas investigações da operação Lava jato,  CUT, CTB, Marcha Mundial de Mulheres e UNE anunciaram que pretendem transformar os atos do dia internacional de luta das mulheres em atos para defender o ex-presidente do PT, com o lema “Mulheres com Lula”.

O governo do PT, que está no poder há 14 anos, tem responsabilidade com todos os problemas que nos afetam porque traíram a classe trabalhadora e aplicam junto com PSDB e demais partidos da burguesia, medidas que penalizam a nossa classe. É inadmissível diluir toda a luta das mulheres no marco da defesa de um governo e de um partido que não defende nossos interesses. Os ataques sofridos pelas mulheres são muitos, enfrentamos as demissões em massa; a ameaça de uma nova reforma da previdência que dificulta ainda mais a nossa aposentadoria; o aumento da violência machista; da criminalização do aborto; da falta de creches públicas; estamos morrendo e vendo nossos familiares morrerem na porta dos hospitais.


Esse mesmo governo que está sendo defendido por essas organizações sob a justificativa de que há um golpe militar em curso foi quem encaminhou ao congresso uma lei antiterror que foi aprovada na semana passada e que criminaliza os movimentos sociais e suas manifestações legítimas, podendo chegar a detenções de 16 a 30 anos. É o mesmo governo que rifou bandeiras históricas das mulheres como a legalização do aborto para manter o apoio de setores conservadores. É o mesmo governo que travou um acordão com Cunha, o alvo da indignação de milhares de mulheres no final do ano passado, para se manter no poder. E que acabou de firmar acordo com o PSDB para aprovar a reforma da previdência e para aprofundar a privatização da Petrobrás.

As mulheres estão demonstrando grande disposição de luta nas ruas, nas ocupações de escolas e fábricas, nas greves e mobilizações. Apresentar para elas a idéia de que Lula e o governo do PT são nossos aliados, que devem ser defendidos por nós é jogar ilusões na cabeça das mulheres, é levar a derrota de nossas pautas. Nesse momento o que precisamos é de democracia para lutar, é mostrar nossa força de maneira independente de todos os governos (PT, PSDB, PMDB, PSB, etc.) e tomar as ruas para derrotar o ajuste fiscal e qualquer tentativa de nos calar.

Nós, do Movimento mulheres em Luta, acreditamos que essa é a tarefa que está colocada para as organizações feministas e de trabalhadores. Para ser consequente com essa luta é necessário romper com o governo do PT e construir uma alternativa de classe à oposição burguesa.  É necessário construir um campo classista por fora do PT , PMDB e PSDB, que brigam nas alturas, mas se unem para jogar a conta da crise nas costas das trabalhadoras.

O 8 de março não pode ser usado em função do governo, é inadmissível que  a Marcha Mundial de Mulheres, CUT, CTB e UNE rompam a unidade de ação construída em torno da luta contra a reforma da previdência, o ajuste, a violência e a legalização do aborto, para defender os governos e o PT.

Estamos pela unidade da classe, não vamos defender que não defendeu as mulheres trabalhadoras. Exigimos que os eixos aprovados sejam mantidos, porque não podemos deixar que nossas bandeiras sejam moeda de troca.   Por isso exigimos que essas organizações rompam com o governo e não com as bandeiras das mulheres.

Basta das mulheres trabalhadoras pagarem pela crise

Basta de Dilma, Cunha, Temer e Aécio!

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