sexta-feira, 19 de abril de 2019

A submissão da mulher dentro de casa é a base para a subserviência aos patrões e governos. Damares quer frear a disposição de luta das mulheres trabalhadoras!


Texto de Ângela Nóbrega e Marcela Azevedo


Em audiência na Câmara dos Deputados, no dia 16/04/2019, a ministra do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, novamente deixou claro que não representa os anseios das mulheres trabalhadoras do país. Mesmo com os números alarmantes de casos de violência doméstica, ela se aproveita do cargo para impor sua "visão cristã" que defende a submissão da mulher ao homem, no casamento e dentro de casa.

Em primeiro lugar é importante dizer que a ministra ocupa um cargo público que, por sua natureza, deve servir ao bem estar de todas as mulheres, independente da religião que pratica ou mesmo se pratica ou não. O estado laico é a garantia de que as politicas públicas não farão distinções desse tipo.

Por isso, é bastante grave que em um espaço de debate sobre os direitos da mulher e de politicas para garantir esses direitos, a ministra faça a defesa de posições baseadas em dogmas religiosos.

Sabemos que grande parte das mulheres trabalhadoras tem religião, respeitamos a particularidade de cada uma, porém somos totalmente contra qualquer apologia ou naturalização da opressão da mulher e, consequentemente, da violência que sofre em decorrência disso.

Patrões e governos se beneficiam com a submissão das mulheres

A submissão ensinada às mulheres dentro de casa vai ter reflexo no local de trabalho e na participação feminina em questões sociais e políticas. A tendência a obediência e o hábito de não expor suas posições é o que permite as mulheres receberem salários menores em quase todas as funções, com diferenças que chegam a média de 30% do salário dos homens; é também o que permite com que as mulheres sejam o principal alvo do assédio moral feito pelos patrões para impor um ritmo de trabalho mais intenso e aumento da produtividade.
  
Também é colocado para as mulheres que assuntos da esfera pública não são de seu interesse, é muito comum o homem escolher um candidato nas eleições, por exemplo, e a mulher e filhos seguirem seus passos sem qualquer debate, nas organizações sindicais as mulheres pouco se organizam e poderiam ser dados muitos exemplos.

O fato é que toda essa construção do papel da mulher visa impedir que ela perceba o conjunto de desigualdades que enfrenta na sociedade e o quanto isso gera lucro para os patrões e governos. Em outras palavras, tenta esconder o papel assumido pela mulher trabalhadora na sociedade. Papel esse conquistado com muita luta e sangue de homens e mulheres  trabalhadores.

Reforma da previdência é mais uma violência contra as mulheres. Não aceitaremos caladas!

Damares, assim como todos os representantes do governo Bolsonaro, se apoia em discursos e defesas religiosas para impor grandes ataques a classe trabalhadora. Se aproveitam da fé das pessoas para ganhar confiança e, dessa forma, defenderem os lucros de quem já tem muito em detrimento das condições de vida de quem já não tem quase nada.

A reforma da previdência aumenta a idade mínima e o tempo de contribuição para que as mulheres possam se aposentar, sem considerar sua dupla jornada com o cuidado com a casa e os filhos e todas as desigualdades que enfrenta no mercado de trabalho; quer impor um sistema de capitalização que responsabiliza individualmente o trabalhador pela arrecadação de sua aposentadoria, sem considerar as várias interrupções que a mulher enfrenta em sua vida laboral; e ainda impõe mudanças no acesso a benefícios como PIS e pensão por morte, dos quais as mulheres são maioria entre os beneficiados.

Essas e as demais mudanças propostas no projeto de reforma da previdência do governo Bolsonaro são a prova mais cruel do quanto a vida e a garantia dos direitos das mulheres não são preocupações desse governo. Pelo contrário, aprofundam a violência e as desigualdades enfrentadas pela parcela feminina da população.    

As mulheres são parte da luta contra a reforma da previdência, a opressão e a exploração capitalista!

As mulheres vêm demonstrando grande disposição de luta na defesa de seus direitos e contra os ataques de todos os governos, é esse curso que o discurso de Damares tenta frear. Porém, não daremos nenhum passo atrás na luta por nossa libertação.

Nossa grande tarefa é o combate a essa ideologia da "mulher virtuosa" e sua carga extremamente machista, pois, ela leva à divisão da classe trabalhadora e faz com que aumente ainda mais os já alarmantes números de casos de violência contra a mulher e de feminicídios. 

Nossa luta é todos os dias e não está nos gabinetes. Nossa luta é contra a retirada de direitos e contra a Reforma da Previdência e só será vitoriosa se conseguirmos unificar toda a classe trabalhadora

Por isso, precisamos combater o machismo na luta cotidiana e em todos os espaços, lado a lado com os homens e mulheres da nossa classe para que sejamos respeitadas enquanto ser social que trabalha e é metade da classe que produz toda a riqueza.

Não faremos o combate ao machismo reproduzindo preconceitos religiosos ou morais. Nossa luta deve ser em defesa de um outro modelo de sociedade, sem exploração e sem opressão e que somente a classe trabalhadora unida será capaz de construir. 




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