segunda-feira, 14 de junho de 2021

Moção de repúdio à violência praticada por apoiadoras/es do presidente Bolsonaro ante a atos pacíficos no ES

 

O Movimento Mulheres em Luta – MML/ES manifesta seu repúdio aos ataques misóginos e machistas cometidos pelas/os apoiadoras/es do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nessa sexta (11), no estado do Espírito Santo. Em um dos casos, quiçá o mais emblemático, uma moça trazia em suas mãos um cartaz em papelão com a frase: “Bem-vindo ++++ 500.000”. Sozinha, diante de apoiadores do atual governo federal que aguardavam, no aeroporto de Vitória, a chegada de Bolsonaro, a jovem protestou pelos quase 500 mil mortos pela política de genocídio adotada desde o início da pandemia no Brasil.

Em vídeo que circulou o país, um grupo de apoiadoras/es do presidente xingou ferozmente a moça com palavras de ódio e de misoginia. Moradora de Cariacica e mestranda de Direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a jovem foi agredida verbalmente por bolsonaristas que ficaram bem próximos a ela e tomaram o cartaz de suas mãos. Na ocasião, foi defendida por equipes de jornalistas que estavam no local para fazer a cobertura e evitaram que ela sofresse violência física.

Outra agressão que também repercutiu nas redes, foi o ataque machista contra a vereadora do PT, Luciete De Oliveira Cerqueira, a Ciety - evidente manifestação de violência política de gênero -, em São Mateus, principal destino do presidente que participou da cerimônia da entrega de casas populares. Numa gravação amadora, um dos apoiadores ensandecido questiona as frases das faixas e cartazes que pediam “vacinação para todos”. Em ato de vandalismo, o homem que não mostra o rosto, mas que se identificou como José Beltrame, retirou todas as cruzes fincadas em um dos pontos do protesto. Elas simbolizavam a memória dos quase 500 mil mortos pelo novo coronavírus. 

Também no estado, dezenas de outdoors que foram instalados sofreram atos de vandalismo e depredação. As peças publicitárias foram planejadas para repercutir durante a vinda de Bolsonaro ao ES. Tanto em Vitória quanto em São Mateus, movimentos populares e sindicais protestaram contra as políticas genocidas do governo Bolsonaro na gestão da pandemia da Covid-19. Além dos outdoors, durante todo o dia 11, manifestantes realizaram faixaços em pontos estratégicos da capital e, à noite, participaram de buzinaços – todas manifestações pacíficas.

As mobilizações dos capixabas nesta sexta-feira e no último dia 29 de maio deixaram evidentes que o governo federal e o presidente Bolsonaro são cada vez mais rejeitados pela população. A morte de milhares de pessoas, o negacionismo, o atraso na compra de vacinas por parte do governo, cortes na ciência, saúde e educação, dentre outras políticas e ações, como a Reforma Administrativa, têm sido rechaçadas com veemência pelo Movimento Mulheres em Luta – ES. Não daremos trégua à política de genocídio e de aniquilamento de políticas sociais, sobretudo, durante a maior crise sanitária e econômica da história do Brasil. 

Toda solidariedade à estudante e à vereadora!

Machistas não passarão!

Fora Bolsonaro e Mourão. Vacinação para todos e todas já!



quinta-feira, 8 de abril de 2021

Todo apoio a greve das montadoras da LG em São José dos Campos e Caçapava

 A LG é mais uma empresa multinacional que decidiu encerrar sua produção de celulares na região de Taubaté em plena pandemia. Após anos de exploração da mão de obra do país, principalmente das mulheres que são maioria no setor operário de eletro/eletrônico, a empresa vai deixar mais de 800 funcionários jogados a própria sorte.

O Brasil enfrenta a nefasta combinação da crise econômica com a crise sanitária cujos resultados são mais de 300 mil mortes por covid-19 e mais 14 milhões de desempregados. Como sempre acontece em momentos de crise, as mulheres são as primeiras a perder o emprego devido à lógica machista de super exploração do capitalismo. No último trimestre de 2020, a taxa de desocupação das mulheres foi 37,6% maior do que entre os homens, apesar de 28,9 milhões de famílias brasileiras serem chefiadas por elas.

Essa é a realidade que a LG quer impor as trabalhadoras das empresas Sun tech, Blue tech e 3C (fornecedoras das peças para a multinacional) em São José dos campos e Caçapava, no interior de São Paulo. O lastro será de desespero e sofrimento para esses trabalhadores.

A política genocida do governo Bolsonaro/Mourão, ao mesmo tempo em que empurra a população para a morte, se omite diante das demissões em massa que estão acontecendo no país e demonstra mais uma vez sua incompetência e descaso com a nossa classe. Os governos locais também se eximem de exigir a garantia dos empregos e seguem defendendo os ricos e poderosos.

Por isso, nós do Movimento Mulheres em Luta nos solidarizamos com as trabalhadoras dessas empresas e apoiamos a greve iniciada por elas para defender seus empregos e o sustento das suas famílias.

Estabilidade no emprego já!
Vidas acima do lucro!
Basta de machismo e super exploração!

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Justiça por Lorena! Mulheres trans tem direito a viver!

 Por Frida Pascio, ativista trans do MML SP


Lorena Muniz era uma mulher trans de Recife que tinha um sonho: colocar próteses mamárias de silicone em seus seios. Para isso, ela viajou até São Paulo.
A clínica em que ela foi fazer o procedimento pegou fogo devido ao curto-circuito e Lorena foi “esquecida” desacordada e sedada dentro da clínica. Médico e enfermeiros saíram do local em chamas. Lorena chegou a ser socorrida, mas devido a ter inalado muita fumaça e gases tóxicos, acabou tendo morte cerebral. O caso poderia ser mais um esquecido, dentre tantas meninas e mulheres travestis e transexuais que morrem em virtude de procedimentos, porém, seu companheiro Washington, denunciou e visibilizou o caso, criando uma comoção nacional.
Tudo isso ocorre, pois pessoas trans/travestis não têm acesso ao SUS, não são acolhidas e respeitadas quando procuram esse tipo de serviço, tendo suas identidades, corpos e nome social desrespeitados. Esse é mais um crime contra as pessoas trans, apesar de já termos uma Lei contra crimes lgbtfóbicos no país, infelizmente ela não saiu do papel e não sairá sem nossa luta permanente.
Preços mais em conta e fugir do desrespeito e humilhações que sofrem ao acessar o SUS são as duas razões primárias de um problema de transfobia estrutural. Quando uma pessoa trans não é assassinada literalmente por seus algozes, ela morre assassinada nas mãos daqueles que usam de seus sonhos e desesperos em adequar seus corpos a sua mente e morrem em procedimentos estéticos, desde aplicações de silicone industrial, colocação de próteses de silicone, mastectomia masculinizadora até cirurgias de redesignação sexual clandestina.
Em 2020, o país registrou o segundo maior número de assassinatos trans desde quando a ANTRA começou esse levantamento. O ano com maior número de assassinatos foi 2016. Ainda no ano passado, uma pessoa trans foi morta a cada 48 horas.
Houve um aumento de 41% nos assassinatos em relação ao ano de 2019, quando foram 124 pessoas trans mortas. Os crimes aconteceram, em sua maioria, em locais públicos, 71% e 77% dos crimes foram executados com requintes de crueldade. Essas são as mortes oficiais de mulheres trans do ano passado, mesmo sabendo que os números são subnotificados e, portanto, muito maiores.
Também é importante frisar que 70% dessa população não conseguiu acessar o auxílio emergencial por conta de problemas com as documentações que nem chegam a ter ou que não teve os prenomes e gênero retificados, além de problemas de não ter acesso a uma conta no banco.
O número de assassinatos é muito maior quando se analisa casos como o de Lorena, que não foi e nem será a última, que teve o direito de acesso ao serviço de saúde pública negado e tendo que acessar clínicas clandestinas que não estão preparadas para atender às necessidades de toda essa população. Lorena não foi apenas “esquecida” no meio de um incêndio. Sabemos, que se fosse uma mulher cis, possivelmente ela não teria sido “esquecida”. Seu corpo foi deliberadamente desprezado e deixado para morrer.
Devemos denunciar esse crime junto a Washington, esposo de Lorena há seis anos. Denunciar e exigir punição para médico e equipe. Que a morte de Lorena não seja apenas mais uma que entre nas estatísticas, como de tantas anteriores a ela. Transformemos o luto em luta e lutemos para que pessoas travestis e transexuais possam acessar efetivamente o SUS e ter suas identidades de gênero e nomes sociais respeitados.
Não podemos ser “esquecidas” como mulheres e classe trabalhadora. Precisamos lutar pela unidade da classe, lutando sempre contra as opressões alimentadas pelo sistema capitalista que nos separa e desune.
Basta de violência aos corpos trans! Pelo fim das opressões, construir a unidade da classe trabalhadora, para pôr abaixo o capitalismo! Vidas trans importam!

Acesso digno e sem transfobia ao SUS!
Justiça por Lorena!


terça-feira, 3 de novembro de 2020

NOTA DE REPÚDIO DO MOVIMENTO MULHERES EM LUTA AO DESFECHO DO CASO MARI FERRER!

 

NÃO EXISTE ESTUPRO CULPOSO!

A jovem Mariana Ferrer foi vítima de estupro em Dezembro de 2018, na boate onde trabalhava como promoter, em Santa Catarina. Segundo seu relato, ela foi dopada pelo empresário André de Camargo Aranha e levada para um camarim restrito da casa. Um vídeo mostra Mariana descendo uma escada tonta apresentando um evidente estado de embriaguez, em sua comanda constava apenas uma bebida, em quantidade insuficiente para causar o apagão que a jovem teve.

A vítima fez várias ligações para amigos que estavam no local, pedindo ajuda e para não deixá-la sozinha com André, mas infelizmente não pode contar com a solidariedade de ninguém. Chegou em casa aos prantos, com a roupa suja de esperma, sangue e sem a sobriedade totalmente recuperada.

Mariana Ferrer buscou forças onde não tinha para denunciar o caso, mas o delegado responsável sequer pediu as câmeras de segurança da boate, que meses depois, quando solicitadas, já estavam sem os registros daquela fatídica noite.  

O QUE EXISTE É JUSTIÇA BURGUESA E MACHISTA!      

Após meses de investigação, mesmo não havendo nenhuma dúvida quanto à materialidade e à autoria do crime, o Ministério público apresentou a absurda tese de estupro CULPOSO (que não existe na legislação penal) para aliviar a barra do estuprador e a tese foi aceita pelo juiz. 

Segundo a defesa do empresário, o abusador não tinha como saber se a vítima estava inconsciente, portanto, se estava de acordo ou não com a relação sexual. Essa é uma argumentação friamente construída para, mais uma vez, responsabilizar a vítima pela violência que sofreu. Visto que, o advogado anexou ao processo, fotos de Mariana maquiada e em posições sensuais, retiradas de seu perfil em redes sociais.

Estamos cansadas de ver a naturalização do estupro ser justificada pela roupa que usamos, pelo nosso comportamento ou pelo local onde estamos. Nada disso é salvaguarda para desrespeitar as mulheres e violentar seus corpos.

O advogado, o ministério público e o juiz responsável pela sentença que inocentou André Aranha não se acanharam em construir essa tese e nem de criar um crime que não existe na legislação brasileira, porque sabem que representam uma classe social, que no Brasil e no sistema capitalista quem tem dinheiro é colocado acima da lei.

Todas as instituições da burguesia servem apenas para manter os privilégios de classe e impedir os trabalhadores de se rebelarem, principalmente os setores oprimidos dentre esses. É por isso que não podemos nutrir nenhuma ilusão de que a nossa libertação se dará por dentro desse sistema e que basta denunciarmos o machismo ou mudarmos a cultura de costumes para superar a opressão cotidiana. Cada vez mais precisamos lutar com todas as forças para destruir o capitalismo, suas representações e os privilégios que ele garante a um pequeno grupo.

JUSTIÇA PARA MARIANA FERRER! PUNIÇÃO PARA O ESTUPRADOR!

Isso não quer dizer, em nenhum momento, que vamos cruzar os braços e deixar aberrações como essa acontecer. Não vamos nos calar porque essa violência não foi só com a Mariana, mas com todas nós.  Essa postura do judiciário abre precedentes para casos futuros, reforçando ainda mais a impunidade e colocando a vida e a integridade física das mulheres em um risco muito maior.

A cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Dentro de casa, no caminho para o trabalho, dentro da igreja ou até mesmo no hospital. Isso é reflexo do discurso permissivo e de naturalização que sempre existiram e que se aprofundaram com o governo Bolsonaro e seus apoiadores, assim como é também reflexo da falta de investimento em políticas públicas que coíbam tamanha vulnerabilidade.

Temos que organizar a luta cotidiana em defesa da vida das mulheres e garantir a unidade de toda a classe trabalhadora para por fim a esse sistema de opressão e exploração! Nós do Movimento Mulheres em Luta repudiamos esse desfecho e nos colocamos na trincheira da luta até que essa sentença caia e tenhamos, de fato, a punição a quem merece!

#NãoExisteEstuproCulposo

#RevogaçãoImediataDaSetença

#PeloFimDaCulturaDoEstupro

#ChegaDeMachismo

#JustiçaParaMariFerrer

#PuniçãoaoEstuprador

#PeloFimdoCapitalismoeSuasInstituições



segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Companheira Benedita Farias, presente!

 

O Movimento Mulheres em Luta lamenta profundamente a morte da companheira Benedita Farias, membro de nossa Executiva Nacional.

Bena, como era chamada, era trabalhadora da saúde em Belém/PA, dirigente da oposição de sua categoria no Estado e parte do comitê central do Movimento Revolucionário Socialista (MRS). Compunha a Executiva Nacional de nosso movimento, eleita no Encontro de 2018.

Uma lutadora incansável na defesa dos direitos de classe das mulheres e no enfrentamento ao capitalismo, Bena foi mais uma em nosso país que tombou diante das complicações do covid-19.

Fica seu exemplo de determinação e persistência na luta, fica a sua memória de mulher trabalhadora e revolucionária. Seguiremos combatendo o machismo e toda forma de opressão, assim como seguiremos enfrentando o capitalismo ate sua completa destruição, na certeza que Benedita Farias estará sempre PRESENTE!!





sábado, 12 de setembro de 2020

Mulheres e mães oprimidas e negligenciadas. Basta de violência obstétrica!

Por Juliana Melim, do MML ES


Das janelas reais ou das janelas virtuais que agora se abrem com mais frequência para uma parcela da população, assistimos ao crescimento dos contágios e das mortes provocadas pelo novo Corona vírus no Brasil e no mundo. No Brasil, nos aproximamos das 150 mil mortes oficiais. Em sua maioria corpos de mulheres, pretos e pobres.

 A ausência de uma política que implementasse quarentena geral com emprego e renda digna para toda população, gera nossa indignação frente à atuação do governo Bolsonaro com sua política econômica ultraliberal e sua postura de negação da ciência e descaso com as vidas. Nenhuma política séria de enfrentamento aos impactos sanitários, econômicos e sociais da pandemia. O Estado apresenta, sem máscaras, sua natureza de classe. No capitalismo, sua natureza burguesa, em defesa dos lucros. Enquanto isso as mortes aumentam. Números ganham nomes, rostos cada vez mais conhecidos.

 Não restam dúvidas que o contexto de pandemia agravou as desigualdades sociais, raciais, de gênero e orientação e identidade sexual já tão violentamente desenhadas em nosso país. No caso das mulheres trabalhadoras o desemprego, o aumento da violência doméstica e também da violência obstétrica ganham o triste destaque nas manchetes do mundo.

Dados do Sistema de Informação e Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), indicam que o Brasil passa de 200 mortes de mulheres grávidas ou no pós-parto por Covid 19. Esse número corresponde a cerca de 70% das mortes de gestantes e puérperas no mundo e fica mais grave ao sabermos que 22,6% dessas mulheres não tiveram acesso a um leito de UTI.

 Esses dados trazem ao centro do debate a necessária implementação das políticas sociais públicas destinadas ao atendimento das mulheres trabalhadoras nas suas mais diversas demandas sociais. Combater a mortalidade materna exige reflexões e ações no campo da política, da economia e da cultura. Ações capazes de promover o atendimento às especificidades das mulheres na sua condição de trabalhadora, de gestante e, em muitos casos, de mulheres que se encontram com toda responsabilidade pelos cuidados com os filhos.

Ser mulher no Brasil é um desafio histórico e cotidiano. O machismo, as desigualdades sociais, a violência, nos pune, nos abandona, nos mata. Sobretudo as mulheres negras. Além de todas essas expressões da exploração e da opressão, a maternidade, por se tratar, muitas vezes, de um papel socialmente imposto, idealizado e romantizado, também se apresenta como um desafio. As possíveis fases do ciclo reprodutivo transformam-se em risco de morte em um país extremamente desigual, machista e racista. O mais preocupante é que a maior parte das mortes maternas possuem causas amplamente conhecidas pela ciência e poderiam, facilmente, serem prevenidas ou tratadas.

Dados do Ministério da Saúde denunciam que entre 2000 e 2017, morreram, oficialmente, 29.983 mulheres por causas maternas. Se observarmos apenas o ano de 2017 identificaremos 1.718 óbitos maternos. Grande parte dessas mortes poderiam ter sido evitadas com a execução e o financiamento públicos de programas e serviços que garantissem acompanhamento pré-natal, assistência e acolhimento adequados combinados com políticas públicas que reduzissem as desigualdades: direito à educação, inclusive à educação sexual - por isso repudiamos todas as tentativas de aprovação de projetos como o Escola sem Partido. Direito ao trabalho protegido, por isso a necessidade de lutarmos pela revogação da “reforma” da previdência, da “reforma” trabalhista, da ampliação da Lei das Terceirizações, que atacam os direitos vinculados ao trabalho e deixam mulheres e homens da nossa classe jogados no desemprego, na informalidade e nos trabalhos cada vez mais precarizados. Direito ao saneamento básico e à política de saúde. Por isso, defender o SUS é uma pauta fundamental.

A maternidade precisa ser uma escolha consciente e livre das mulheres. E, caso se concretize, precisa contar com uma rede de políticas públicas que assegurem a vida da mãe e da criança. Todavia, sabemos que no Brasil a violação e negação dos direitos atingem, especialmente, as mulheres negras, indígenas, pobres, com baixa escolaridade e que, na triste maioria das vezes, possuem pouco ou nenhum acesso aos serviços de saúde. Negam-se exames básicos, consultas de pré-natal, negam um parto “humanizado” e livre de violência obstétrica, negam o acompanhamento da puérpera, negam a possibilidade de decidir interrromper, de maneira segura, a gravidez, quando nos vemos impossibilitadas ou não desejamos ser mães em determinado momento das nossas vidas.

Que possamos escancarar nossas janelas para entender essa realidade e adensar a luta das mulheres trabalhadoras, negando, agora sim, a sociedade dividida em classes e produtora das desigualdades e parindo, com nossas próprias mãos, uma outra sociedade livre de todas as mazelas.



sábado, 5 de setembro de 2020

05 de Setembro-Dia internacional da mulher indígena



Por Samanta Wenckstern, do MML 


O dia 05 de setembro é o dia internacional da mulher indígena. Essa data foi instituída em 1983, em homenagem à Bartolina Sisa, mulher aymara que foi esquartejada e morta no dia 05 de setembro de 1782, durante a rebelião anticolonial de Túpaj Katari, no Alto Peru.

Portanto o dia 05 de setembro é um dia para relembrar a luta histórica das mulheres indígenas do continente e do Brasil e continuar lutando, pois não faltam motivos. As mulheres indígenas são importantes lideranças de movimentos sociais por todo o continente, com diversas pautas, seja pela defesa dos direitos aos povos indígenas, pelo meio ambiente, e por melhores condições de vida.

Os povos indígenas têm lutado e resistido fortemente há mais de 500 anos, lutando contra a colonização, o capitalismo, a expropriação de seus territórios, contra o genocídio e etnocídio.

Desde a campanha do atual presidente Bolsonaro foi declarada uma verdadeira guerra contra os povos indígenas. Bolsonaro já se mostrou totalmente contrário a demarcação de terras indígenas, tem incentivado o desmatamento, a grilagem, o garimpo ilegal e a expropriação dos territórios indígenas. Por isso, as queimadas têm aumentado assustadoramente desde o começo do governo, e os ataques aos povos indígenas tem aumentado dia após dia. O número de assassinatos de lideranças indígenas em 2019 foi o maior em 11 anos.

Não bastando tudo isso, a pandemia atual devido à COVID-19 tem mostrado abertamente o projeto genocida do governo Bolsonaro. A completa falta de políticas públicas e o incentivo a abertura da economia já provocou mais de 120 mil mortos no momento que escrevemos este texto. Os indígenas são bastante afetados pela pandemia, seja por questões sociais, como falta de boas condições para enfrentar a doença, como também fatores genéticos. Segundo o ISA, já morreram 779 indígenas pela pandemia, e muitos destes idosos, que junto com eles, morreram também seus conhecimentos, suas línguas, histórias e saberes. Como muitos indígenas dizem, quando um idoso indígena morre, morre com ele uma verdadeira biblioteca.

Um dos casos mais indignantes de violência aos povos indígenas, foi o desaparecimento de corpos de bebês do povo yanomami que morreram devido à COVID-19. Os corpos não foram entregues às mães, para o devido luto, de acordo com os rituais de seu povo, causando uma dor imensa e um grande desespero.

Porém as mulheres indígenas têm ganho protagonismo cada vez maior em suas lutas, e tem se organizado cada vez mais. Em agosto de 2019 ocorreu em Brasília a I Marcha de Mulheres Indígenas, que reuniu mais de 2 mil mulheres, de mais de 130 povos, que marcharam contra Bolsonaro e pela demarcação de terras, fortalecendo suas lutas e seu protagonismo enquanto mulheres.

No Brasil e na América Latina as mulheres indígenas têm cada vez mais se levantado e têm sido vanguarda na defesa de seus direitos e do meio ambiente.


- Pelo fim do genocídio e etnocídio!

- Pelo fim da violência, prostituição e estupro de mulheres indígenas!

- Pelo direito à diferença: respeito à cultura, tradições e modos de vida indígenas!

- Por políticas públicas específicas de saúde e educação para a população indígena!

- Que os trabalhadores assumam a luta dos povos indígenas para garantir a unidade da classe contra o Bolsonaro e todos que nos oprimem e exploram!

- Contra o Marco Temporal!

- Todo apoio à luta das mulheres indígenas!

- Demarcação já!




Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Chega da violência contra as mulheres!

Chega da violência contra as mulheres!