quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Géia Borghi, mais uma mulher transexual assassinada !

Por Jéssica Milaré, MML de Campinas - SP
        Géia, técnica em enfermagem no Hospital Mário Gatti, em Campinas, foi assassinada no dia 9/10, quinta-feira, em Monte Mor, cidade vizinha à Campinas. Depois de ter sido abordada por dois homens em sua casa, Géia foi levada para uma estrada rural, onde foi encontrada amarrada, amordaçada, com um tiro no peito e carbonizada ao lado de um carro em chamas. Não deve restar nenhuma dúvida: é mais um típico crime de ódio contra LGBTs.
       A princípio, entretanto, a polícia suspeitava se tratar de um caso de latrocínio (roubo seguido de morte), o que mostra que esta instituição ignora a transfobia. Como é possível que, no país que concentra 44% dos assassinatos de LGBTs em decorrência de crimes de ódio, a polícia não saiba identificar esses casos?
       Algumas notícias sobre o assassinato diziam tratar-se de um homem e referenciavam-na pelo nome masculino que constava no RG. Isso é um desrespeito, Géia se identificava com o nome feminino e é assim que ela deve ser tratada. Travestis e transexuais são vítimas de várias formas de discriminação e de violência por causa da sua personalidade, das roupas que usam, do gênero com o qual se identificam e do nome com o qual se apresentam, é dever de todo mundo respeitar a identidade de cada pessoa.
        No dia 13, segunda-feira, ocorreu uma manifestação convocada por colegas e amigas(os) de Géia que parou a Avenida Glicério para reivindicar que seja feita justiça nesse assassinato. Acreditamos que esse é o caminho para que possamos conquistar nossos direitos, pois Dilma já nos mostrou que não é nossa aliada nessa luta. Durante seus 12 anos de governo, o PT não criminalizou a LGBTfobia e deixou de defender nossos direitos para fazer acordos com a bancada fundamentalista LGBTfóbica. O PSDB não fez diferente disso em nenhum de seus governos, pelo contrário, hoje a maior parte da bancada fundamentalista e da velha direita está apoiando Aécio Neves no segundo turno.
      No nosso país, 1 LGBT é morta(o) por dia. Em 2013, dos assassinatos de LGBTs, 100 foram com armas brancas (como facas, canivetes e tesouras), 93 com armas de fogo, 44 por espancamento (com paus, pedras ou marretas), 31 por asfixia e 4 foram queimadas(os), além de relatos de afogamentos, atropelamentos, enforcamentos, degolamentos, empalações, estupros e tortura. Quase 40% dos assassinatos são de travestis e transexuais, apesar destas pessoas serem ínfima minoria entre LGBTs.
Assim como Géia, que era trabalhadora, as principais vítimas dessa violência são os LGBT’s da nossa classe, que vivem nas periferias e favelas desse país e não tem condições de aderir ao mercado Pink ou de frequentar espaços caríssimos cujo poder aquisitivo lhe garante respeito acerca de sua orientação sexual. Pelo contrário, estão expostos à violência urbana e policial e sofrem com a falta de assistência de saúde e acesso a educação.  
      Além disso, grande parte é expulsa de suas escolas e de suas próprias casas e passam a viver em situação de prostituição quando ainda são menores de idade. Não é à toa que 90% das travestis se encontram em situação de prostituição, onde são alvo frequente de estupros e agressões, inclusive pela própria polícia. Muitas tentam sobreviver a partir do tráfico de drogas e acabam sendo presas. Apenas para citar um exemplo, no Presídio Central de Porto Alegre, onde existem cerca de 4000 presos (as), em 2011, havia 32 travestis.
      Cara leitora, caro leitor, pense sobre isso: quantas travestis, quantas pessoas transexuais você vê no seu dia-a-dia, no seu local de trabalho, no seu local de estudo, nos espaços públicos, nos locais de lazer que você frequenta? Se nós desconsiderarmos as casas de prostituição, as prisões e alguns poucos espaços onde LGBTs mais pobres costumam se encontrar, é possível encontrar mais de 10 travestis e transexuais em um único lugar?
        Esses são os sintomas de uma sociedade discriminatória que não aceita nossa própria existência!
É necessário que sejam implementadas medidas efetivas para combater toda essa violência. É necessária a criminalização imediata da transfobia, o direito à mudança do nome no registro civil e o acesso desburocratizado às cirurgias de redesignação genital e tratamentos hormonais gratuitamente pelo SUS. Por isso, defendemos a aprovação da PLC 122 original e da Lei João Nery. Mas é necessário muito mais do que isso, é preciso que travestis e transexuais sejam aceitas(os) nos locais de trabalho, de estudo, que sejam tratadas(os) com dignidade e respeito. Isso não é possível se a prioridade do governo for garantir os interesses dos bancos e das empresas, e não os interesses da população pobre e trabalhadora. 
        O Movimento Mulheres em Luta encampa essa luta por entender que as mulheres trabalhadoras precisam dar um basta a todo tipo de violência que sofrem, bem como acha fundamental a unidade entre os setores oprimidos para combater o machismo, o racismo, a LGBTfobia e a exploração capitalista. 
·         Pela criminalização da LGBTfobia! Aprovação do PLC122 e da Lei João Nery!
·         Punição exemplar aos assassinos de Géia!
·         Chega de violência e assassinatos contra  LGBTs!
 
 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Falta d'água em São Paulo: quem mais sofre são as mulheres.

    A população de São Paulo vive um dos momentos mais dramáticos dos últimos tempos, com a ameaça cada vez mais concreta de ficar sem água. O racionamento já afeta 60% dos paulistanos, logicamente que a falta de água começou nos bairros da periferia e a população pobre vem enfrentando verdadeira maratona para conseguir sanar suas necessidades. Na cidade de Itu, interior do Estado, os moradores relatam que a falta de água segue desde Setembro de 2013.

    Diante dessa realidade, não temos dúvida de que as mulheres são as mais afetadas com a falta de água. Uma vez que são elas as responsáveis pelas tarefas domésticas como lavar roupa, louça, limpar a casa, etc. Tanto aquelas que não trabalham fora ou estão desempregadas, quanto as que têm um emprego são prejudicadas por essa realidade. As mulheres têm em média 60 horas semanais de trabalho, devido à dupla jornada. A essa rotina inclui-se agora a busca por água, o que estende seu tempo de trabalho e a expõe a riscos de violência, pois em alguns bairros, andam-se longas distâncias para se chegar ao um poço ou torneira coletiva.

    O governo Alckmin de maneira oportuna negou que houvesse o risco da água terminar e camuflou o racionamento, até sair o resultado de sua reeleição, no primeiro turno do pleito. Contudo, alguns dias depois, já não é possível esconder os problemas no abastecimento de água do estado. A principal justifica utilizada pelo governo é a falta de chuvas, numa tentativa evidente de minimizar a responsabilidade desse governo que há 20 anos não realiza investimento na rede de abastecimento hídrico.

    Nos últimos 30 anos a população da região metropolitana passou de 10 para 22 milhões de habitantes, sem que os mananciais tivessem acompanhado esse crescimento. Pelo contrário, ao longo desse ano a empresa pública responsável por esse serviço foi entregue a iniciativa privada e hoje tem como principal objetivo garantir os lucros dos acionistas. Além disso, um terço da água tratada pela Sabesp é desperdiçado, por conta dos vazamentos na tubulação e a redução de funcionários que atuam na manutenção da rede.

    Enquanto isso, o governo pede a população para reduzir o consumo e apresenta bônus de gratificação na conta de água como alternativa. Mas, as grandes empresas da cidade, que são as responsáveis pelo maior consumo de água na produção, não estão sendo tensionadas a reduzir o consumo ou para aumentar o reaproveitamento da água que utilizam.

    Por isso, em diversas cidades já começaram a ter protestos exigindo respostas das autoridades ao problema, manifestações essas que tiveram como retorno a repressão policial. Não é possível aceitarmos calados mais essa imposição aos trabalhadores e população pobre de pagar pela irresponsabilidade e ganância de Alckmin/ PSDB e os empresários que estão se beneficiando no mercado das águas.

    Nós, do Movimento Mulheres em Luta, estaremos construindo essa luta, junto com diversos setores organizados dos trabalhadores e o movimento popular. Fazemos um chamado a você dona de casa, trabalhadora e chefe de família a vir conosco exigir do governo Alckmin uma solução que atenda as necessidades da população e que não siga mantendo os lucros de meia dúzia de empresários.

    No sábado dia 1 de novembro às 15h no Largo da Batata acontecerá um ato organizado por diversos movimentos e entidades para denunciar toda essa situação e exigir medidas concretas para solucionar essa crise. O Movimento Mulheres estará presente e convida todas a se somarem nessa mobilização.



terça-feira, 28 de outubro de 2014

VEM AÍ: SEMINÁRIO NACIONAL DO MML EM NOVEMBRO!



        Mulheres em Luta de todo o país: Está chegando o nosso Seminário Nacional de Novembro! Nesse seminário concluiremos a discussão e votação do nosso estatuto, uma importante ferramenta para avançar na organização do nosso movimento. Também lançaremos o  Abaixo-assinado nacional  “Pela aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha” e discutiremos de algumas alterações na composição da Executiva.

    Esta atividade, da mesma forma como a que aconteceu em agosto, terá um caráter representativo, ou seja, devem participar todas as entidades que reivindicam o MML e também as executivas e grupo locais do movimento. 

      A Executiva Nacional se reuniu no dia 18 de outubro e elaborou uma proposta de estatuto que foi publicada no Boletim Eletrônico nº 17 – pode ser acessada no blog. Essa proposta de Estatuto será discutida no Seminário e correspondente aos capítulos que vão do VI ao XV. Os capítulos anteriores já foram debatidos e votados no Seminário Nacional de agosto.

      É muito importante que todos os grupos, sindicatos, entidades e executivas que reivindicam o MML convoquem reuniões para discutir nas suas bases esse documento para que todas as companheiras possam opinar e contribuir com essa construção, fazendo com esse rico debate se reflita no seminário a partir de suas representações. Qualquer grupo, sindicato, entidade e executiva pode enviar textos de contribuição sobre o tema do estatuto.  O período de envio de textos de contribuição será de 30 de outubro a 10 de novembro e deverão ser encaminhados para o e-mail das inscrições.

     As inscrições para o Seminário Nacional estarão abertas a partir do dia 30 de Outubro. As participantes deverão preencher a ficha de inscrição que será disponibilizada a partir de 30 de outubro e enviar a ficha de inscrição junto com uma cópia do comprovante de pagamento para o e-mail mulheres.emluta.csp.conlutas@gmail.com É o mesmo procedimento do Seminário passado. A taxa cobrada é um valor mais baixo, pois será um Seminário de um dia só e esse valor servirá apenas para cobrir os custos do evento, tais como creche e estrutura.  Os valores são: R$ 15,00 para os sindicatos e R$ 5,00 para os demais setores.
 
Programação do Seminário Nacional
22 de Novembro – São Paulo

08:00 - Mesa de análise de conjuntura
09:30 - Apresentação do Estatuto.
10:00 - Grupos  de discussão sobre  Estatuto.
12:00 – Almoço.
*Entregar a relatoria dos GD's para a equipe de sistematização até as 13 horas.    
14:00 – Lançamento do Abaixo-assinado “Pela aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha”.
 15:00 – Votação do Estatuto.
16:30 – Apresentação de algumas alterações na composição da Executiva

Para ficar por dentro de todos os informes e iniciativas do MML é só acompanhar 
 Blog: 


Página do MML no facebook: 


 

sábado, 25 de outubro de 2014

BOLETIM ELETRÔNICO Nº 17

Boletim eletrônico nº17 do Movimento Mulheres em Luta. Confira nesta edição: 1 - Atenção: Mudanças no calendário de atividades de Novembro. 2 -Seminário Nacional do MML: Concluir o Estatuto e avançar no fortalecimento dessa ferramenta de luta e organização. 3 - Dia 25 de Novembro: construir nas ruas a luta contra a violência machista. 4 – Abaixo assinado: como vamos utilizar essa ferramenta.

Para ter acesso ao texto on-line  em versão PDF para imprimir é só acessar o link:
 http://issuu.com/mulheresemluta1/docs/boletim_eletr__nico_n__17_cor

Para acompanhar as informações do MML é só acessar o blog:
 http://mulheresemluta.blogspot.com.br/

Ou a página do MML nacional no facebook:
https://www.facebook.com/pages/Movimento-Mulheres-em-Luta/273212596079187?ref=bookmarks


Obs: Dia 28/10/2014  -
Precisamos fazer alterações de conteúdo no boletim, para adequá-lo as resoluções tiradas no seminário nacional de Agosto. Por isso publicamos essa versão e solicitamos que a anterior seja desconsiderada.



                                                





























Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Chega da violência contra as mulheres!

Chega da violência contra as mulheres!