sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Minustah: sinônimo de machismo, estupro e violência

No dia 15 de outubro, expira o mandato da Minustah, a chamada “missão de paz” no Haiti. No último dia 5, centenas de organizações e três prêmios Nobel apresentaram uma carta exigindo a retirada das tropas do país.

Esta ocupação é mais um capítulo da história do país que há séculos amarga os saques e pilhagem imperialistas. Presente no país desde 2004, a ocupação é liderada por tropas brasileiras e de lá para cá já provocou milhares de mortes de trabalhadores e jovens haitianos que se revoltam contra a intervenção militar.

No início do mês de setembro, foi divulgado um vídeo em que 4 soldados uruguaios estupravam um garoto haitiano de 18 anos. O ato ocorreu no final do mês de julho, mas ganhou repercussão com a divulgação de um vídeo que revelava o ato.

Mas este não foi o primeiro caso. Em 2005, 3 soldados paquistaneses estupraram uma jovem garota. 6 anos após o caso, com toda a repercussão que houve, ainda não há nenhum punido e o processo está arquivado.

O Haiti é um país arrasado pela exploração imperialista. Muitas empresas multinacionais se instalam na região para aproveitar a mão de obra barata e assim garantir seus lucros. A presença da Minustah assegura para os grandes empresários que as revoltas decorrentes da super exploração não vão interferir em seus ganhos.

O terremoto do início de 2010 colocou o país em piores condições e desde então, apesar das propagandas e da divulgação da idéia de que a Minustah precisa estar lá para “salvar” os haitianos, nada foi feito e o país não foi reconstruído.

Se abrirmos o livro obscuro da ocupação, encontraremos inúmeros casos de estupro e violência machista contra as mulheres do país. Os soldados lá presentes estão acima das leis do Haiti, pois estão em nome das Nações Unidas. Assim, usufruem o poder “legal” e econômico, pois os soldados ganham muito mais do que os trabalhadores haitianos e estão instalados nos melhores hotéis, usufruem as melhores praias e paisagens naturais do país.

Este ambiente promove a prostituição de muitas meninas que não possuem nenhuma outra perspectiva de ganhar a vida. São seduzidas pelos soldados a viverem para seus prazeres. As mulheres não optam por essa condição. As condições sociais e econômicas do país não lhes dão outra alternativa.

A maior parte dos alvos dos soldados da Minustah são jovens, homens e mulheres, dos bairros mais pobres do país. Todos os casos que são escancarados recebem uma interpretação da Minustah que colocam a culpa nos jovens. Quando um jovem de 16 anos foi encontrado enforcado em uma base militar de soldados nepaleses, a interpretação que tentaram dar foi de que ele havia se matado. Assim como disseram que o menino estuprado pelos soldados uruguaios consentia as violações em troca de comida.

A Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos do país divulgou, em 4 de setembro de 2011, uma série de atos de abuso, violações e violência que demonstram quais as reais conseqüências da ocupação militar para a população do país.

Apresentamos um extrato desse informe:

1. Em 18 de fevereiro de 2005, três soldados paquistaneses do contingente da Minustah instalados em Ganïves violaram Nadeige Nicolas;

2. Em 20 de março de 2005, Robenson Laraque, jornalista da Rádio Tele Contacto, foi mortalmente ferido por projéteis disparados por soldados da Minustah que expulsaram os antigos militares da polícia de Petit-Goave;

3. Em 26 de novembro de 2005, em Carrefour Trois Mains, sobre a estrada do Aeroporto, Marie Rose Précéus foi sodomizada e violada por um soldado jordaniano;

4. Em 20 de dezembro de 2006, Stephane Durogéne, estudante do terceiro ano do Centro de Formação Clássico e Econômico (CFCE) recebeu dois disparos no olho esquerdo por dois soldados da Minustah enquanto passava perto da Delegacia de Delmas 62;

5. Em 3 de novembro de 2007, cento e onze ‘capacetes azuis’ do Sri Lanka se envolveram em um caso de abuso e exploração cujas vítimas são menores;

6. Em 29 de maio de 2008, o policial Lucknis Jacques, da Delegacia de Cite-soleil, foi perseguido por soldados da Minustah;

7. Em 6 de agosto de 2008, soldados da Minustah maltrataram dois policiais, Donson Bien-Aimé e Ronald Denis, da Delegacia de Cite-Soleil. Esses fatos foram perpetrados contra as vítimas apesar do fato de terem se identificado claramente;

8. Em 18 de agosto de 2010, um menor órfão de 16 anos que respondia pelo nome de Gérald Jean Gilles foi encontrado pendurado em uma amendoeira na base dos soldados nepaleses da Minustah, situada em Carénage, Cap-Haitien. Esse menor freqüentava a base e prestava serviços aos soldados;

9. Na metade de outubro de 2010, capacetes azuis nepaleses da Minustah baseados em Mirebalais, são acusados de provocar e propagar o cólera no Haiti pelo derramamento de resíduos humanos nos rios Boukan Kanni e Jenba, o que causou consideráveis perdas humanas.

Lutar contra o machismo e a exploração econômica e sexual das mulheres é nossa obrigação. Por isso, dizemos em alto e bom som:

  • Fora as tropas da ONU do Haiti!
  • Punição a todos os soldados que exploram sexualmente jovens, mulheres e homens, do país!

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