segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mulheres em Luta contra a Mídia Machista

Cartaz da Marcha Nacional contra a Mídia Machista
No dia 25, sábado, muitas jovens mulheres foram para as ruas de granes capitais do país gritar em alto e bom som que as mulheres não são mercadoria. O motivo das manifestações foi o repúdio a propagandas de conteúdo altamente machistas que reforçam o estereótipo das mulheres, associando-as às características relacionadas com fragilidade, delicadeza ou mesmo submissão.

Dentre os comerciais citados no manifesto da marcha contra a mídia machista estão o da cerveja Nova Schin que está sendo condenado por incitar a violência contra a mulher. Em tom de brincadeira, os homens conversam sobre formas de ver as mulheres peladas e se imaginam invisíveis, o que os permite arrancar os biquinis das mulheres, ou mesmo entrar no banheiro feminino.

Outro comercial questionado é o das Lojas Marisa, em que as mulheres são orientadas a vestirem-se bem porque há 96 mulheres para um homem. Além de associar a beleza a conquistas amorosas, incita a competiçãop entre as mulheres. Isso para não falar do padrão sexual imposto, uma vez que muitas mulheres podem querer se relacionar com outras mulheres e não apenas homens.

Esse tipo de divulgação, em um país aonde o machismo se expressa em altos índices de violência contra as mulheres, tem um efeito muito devastador, pq deseduca a população que assiste a TV, ao mesmo tempo em que respalda, do ponto de vista ideológico, ações violentas e machistas.

O Movimento Mulheres em Luta participou dessas manifestações por entender que o questionamento aos padrões estéticos, sexuais impostos pela mídia sobre as mulheres é muito importante. Em São Paulo, a diretora licenciada do Sindicato dos Metroviários Marisa Santos, esteve presente e falou para várias pessoas sobre a campanha que o Sindicato realizou no ano passado contra o programa Zorra Total da Rede Globo, que fazia piada com a violência sexual que várias mulheres sofrem no transporte público.

Confira algumas passagens do Manifesto da Marcha Nacional contra a Mídia Machista:

"Alguns exemplos de campanhas publicitárias machistas são os de cosméticos e vestuário em geral, onde a mulher é retratada como a alienada dependente financeiramente do marido. Já nas propagandas de carros, o homem sempre dirige e precisa de praticidade para o dia-a-dia do trabalho e agilidade para a prática de esportes – já a mulher está quase sempre no banco do passageiro, apenas sorrindo para sua situação de dependência e controlando a bagunça das crianças. Os comerciais de produtos de limpeza e serviços domésticos em geral também se direcionam sempre às mulheres, considerando-as as serviçais da casa em primeira instância, sempre.

Já há algum tempo, estamos inconformados e protestando pela mudança do comportamento da mídia em relação às mulheres. Uma recente divulgação da marca de preservativos Prudence fomentou o debate sobre a mídia machista: a “Dieta do Sexo” apresentava as calorias perdidas ao tirar a roupa de uma mulher sem o seu consentimento.

Diante da visível apologia ao estupro, protestos foram feitos via Facebook, o que culminou na retirada da publicação da rede social. Em meio a tudo isso, surge o debate sobre a campanha publicitária “O Homem Invisível”, da Nova Schin, que foi o estopim para a mobilização social e a criação da Marcha Contra a Mídia Machista.

Há alguns meses, vem sendo veiculada na TV a propaganda da Nova Schin, com apologia ao estupro. No comercial publicitário, cinco homens que bebem num quiosque de praia imaginam: “E se fôssemos invisíveis?” Já no campo da imaginação, tudo o que se vê é uma latinha flutuante, e então, o “homem invisível” aproveita de seu “poder” para passar a mão em mulheres deitadas na areia e invadir o vestiário feminino, fazendo as moças saírem correndo de dentro do lugar, seminuas.

A propaganda da Nova Schin presta um desserviço à sociedade enquanto corrobora com a mentalidade de que abusar de uma mulher e invadir sua privacidade é aceitável, e pior que isso, engraçado. Não é engraçado. O estupro não configura apenas a penetração vaginal. Desde 2009, praticar qualquer ato libidinoso sem consentimento da outra parte envolvida é estupro é É CRIME.

Nos mobilizamos, mas a Nova Schin não quer ouvir. Todos os protestos na página do Facebook são apagados e ignorados, e a propaganda continua no ar, a todo vapor. Por este motivo, apelamos ao CONAR pela retirada imediata de circulação da propaganda, e exigimos da empresa Nova Schin uma retratação correta, não apenas: “Não foi nossa intenção ofender ninguém”. O CONAR disse, em resposta aos e-mails de protesto, que o caso foi arquivado em março, pois, por maioria de votos, foi decidido que a campanha publicitária não representava apologia ao estupro por ser uma situação “absurda” (alguém ficar invisível), além de, ao fim do comercial, o homem ser ignorado pelas mulheres.

A situação é absurda no comercial, mas a incitação ao estupro é real, e os fatos também são: segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de 2011, pelo menos oito mulheres são agredidas por hora no Brasil, e na capital de São Paulo, uma mulher é estuprada a cada três horas. No Brasil, aconteceram cerca de 91 mil assassinatos de mulheres nos últimos 30 anos, segundo o Mapa da Violência 2012. Ao incentivar este tipo de comportamento abusivo dos homens para com as mulheres, a mídia colabora para a cultura de estupro e violência contra a mulher brasileira."

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