segunda-feira, 17 de setembro de 2012

As consequências da precarização da saúde pública sobre as mulheres trabalhadoras


As mulheres são a maioria dentre os utilizam os serviços do Sistema Único de Saúde. Além de buscarem os serviços para seu próprio atendimento, elas ainda sofrem os impactos dos problemas na Saúde pública porque são as responsáveis pela saúde dos filhos e demais familiares. 

Quando o SUS foi implantado, com ele foi também criado o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que garantiu, em lei,  a atenção integral em todas as fases da vida da mulher. Uma vitória do movimento organizado, uma vez que, antes, a atenção à saúde da mulher se restringia ao período de maternidade.

Os longos anos de privatização e sucateamento da saúde pública fizeram com que essa conquista retrocedesse bastante. A falta de investimentos é crônica e a lógica do estado mínimo significa cortes e mais cortes na área da Saúde pelos sucessivos governos, em todas as esferas: municipal, estadual e federal. Por isso, as mulheres continuam lutando por acesso a serviços públicos de saúde, de qualidade, com profissionais capacitados para atendimento nos diferentes ciclos de vida da mulher; o direito à maternidade, partos humanizados e  a descriminalização e legalização do aborto.

As doenças que matam as mulheres
Segundo o Ministério da Saúde, as mulheres (entre 10 a 49 anos) adoecem e morrem das seguintes causas prioritariamente: neoplasias, doenças cardiovasculares, causas externas, doenças infecciosas e parasitárias e doenças relacionadas à gravidez, parto e puerpério (recém-nascido).

O câncer de mama é o mais comum. Em 2010, foram estimados 49.240 casos novos. Se diagnosticados e tratados oportunamente, as chances de cura são relativamente boas. Contudo, as taxas de mortalidade continuam elevadas porque as mulheres não têm acesso, no serviço público a exames de mamografia periódicos para rastreamento da doença. Também encontram dificuldades para realizarem outros exames complementares, como punções e biopsia retardando seu tratamento. 

O câncer do colo do útero é o segundo mais frequente na população feminina. As mulheres que apresentam alguma alteração no exame ginecológico conseguem vaga para atendimento especializado após um longo período de espera. Quando diagnosticado precocemente, esse tipo de câncer apresenta percentual de cura de 100%. Mas milhares de mulheres (a maioria pobre) morrem devido à doença.

Já as doenças infecciosas representam a quarta causa de morte entre as mulheres. Destaca-se o aumento de casos de HIV. Em 1985, para cada 15 casos novos de contaminação pelo HIV em homens, havia uma mulher. Em 2005, essa proporção chegou a 10 mulheres para cada 15 homens. Hoje, a contaminação pelo HIV é maior entre as mulheres jovens: são oito casos em homens para cada 10, em mulheres.

As doenças relacionadas à gravidez, parto e puerpério ocupam o 9º lugar nas estatísticas. Cabe destacar essa causa de mortalidade, pois o Brasil ocupa os primeiros lugares no ranking de morte materna. Provavelmente o índice de complicações decorrentes do abortamento inseguro é mais expressivo, visto que é a causa base de muitos casos de hemorragia.

O Brasil apresenta 68 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos. Um índice até dez vezes maior do que a dos países ricos.

Privatização na contramão da garantia dos direitos
Os governos (tanto do PSDB quanto do PT) apontam como saída a privatização dos serviços de saúde por meio das Organizações Sociais (OS), Fundações Estatais de Direito Privado, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, Melhor em Casa, SOS Emergência, entre outras parcerias público-privadas.

O governo Dilma cortou R$ 5,5 bilhões do orçamento da Saúde. A redução do financiamento da saúde reduz o atendimento às mulheres e, com a privatização da saúde, as mulheres perderão a pouca assistência integral que existe no SUS.

Fortalecer o SUS!
Lutamos pelo fortalecimento do SUS público, estatal e de qualidade. Somos contra a saúde privada que encara o ser humano como uma possibilidade de lucro. Entendemos que é necessário investimento na saúde pública, de no mínimo 6% do PIB, para avançar na atenção integral à mulher e ao conjunto dos trabalhadores. É com investimento real que se reduz o número de mortalidade materna, inclusive na prática do aborto, a redução dos casos de HIV e o número de mortes de pacientes de câncer de mama e colo do útero.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Chega da violência contra as mulheres!

Chega da violência contra as mulheres!