terça-feira, 4 de setembro de 2012

"Faça-se feminista, livrai-nos de Putin!"


“Virgem Maria, faça-se feminista, Virgem Maria, livrai-nos do Putin!!!”

Com esses versos as meninas da banda feminista russa Pussy Riot foram condenadas a dois anos de prisão. A justificativa foi “ódio religioso”. As jovens feministas ecoavam o grito de liberdade que está dentro de muitas mulheres que questionam o papel social historicamente imposto sobre as mulheres. Essas regras estão ditadas também por diversas religiões, por isso a alusão a “Virgem Maria” na música.

No entanto, questionamos se haveria alguma condenação se os versos se restringissem a dirigir-se a Virgem Maria. Além da crítica aos padrões de comportamento impostos sobre as mulheres, há um repúdio escancarado a Vladimir Putin, presidente da Rússia.

Ao acompanharmos o processo político que vive a Rússia sob o governo de Putin, teremos claro que essa atitude foi mais uma de suas medidas autoritárias, que ataca o direito de expressão e, portanto, o direito de protestar contra seu próprio governo.

Além de condenar a banda feminista, Putin também é partidário de ideias homofóbicas, concretizadas na proibição da realização de paradas gays, ou de protestos de homossexuais no país, reproduzindo e relembrando episódios lamentáveis e condenáveis da história da humanidade, como o ódio propagado por Hitler aos homossexuais.

O fervor autoritário das ideias e medidas de Putin é reforçado pelo conservadorismo machista e homofóbico do presidente que está em seu terceiro mandato, tendo exercido também o cargo de 1º ministro. As últimas eleições são extremamente questionáveis quanto a sua lisura, o que gerou fortes protestos nas ruas de Moscou.

Esse projeto político de controle das ações políticas dos movimentos organizados e espontâneos que ocorrem no país está a serviço de entregar toda a economia do país para as grandes multinacionais, acabar de vez com sua soberania e massacrar a vida dos trabalhadores que sofrem com péssimas condições de trabalho, os distanciando drasticamente das conquistas que a revolução socialista de 1917 garantiu.

É visível em todos os protestos russos o justo receio de retornar à ditadura que assolou o país na era stalinista, que foi responsável pela restauração capitalista no país, proporcionando retrocessos sobre as conquistas políticas, sociais, culturais e humanas da revolução. De um país socialista com uma das Constituições mais igualitárias no que dizia respeito aos direitos das mulheres, a Rússia se tornou um país capitalista que hoje prende mulheres que se expressam contra o machismo e o autoritarismo.

Os agentes históricos desse processo foram a burocracia stalinista que preteriu os direitos dos trabalhadores em favor de seus privilégios e de uma coexistência pacífica com o imperialismo norte americano, destruindo uma das maiores conquistas de mulheres e homens da classe trabalhadora em todo o mundo, que foi o estado operário soviético.

Hoje, Putin registra na Rússia sua carga de responsabilidade com o rumo político do país, perseguindo, prendendo e torturando ativistas como o jogador de xadrez Gary Kasparov que foi espancado pela polícia russa quando foi pego em uma manifestação protestando contra o governo.

Pela evolução dos acontecimentos, Putin parece se inspirar na ditadura Síria, a quem o presidente russo declara apoio total e aberto, mesmo diante do massacre sangrento que vem realizando sobre os manifestantes que consolidam cada vez mais o enfrentamento civil armado.

Os movimentos sociais de todo o mundo precisam manifestar-se em apoio às meninas da Pussy Riot, e também em repúdio às medidas repressivas e autoritárias do governo de Vladimir Putin.

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