quinta-feira, 6 de setembro de 2012

As eleições municipais e a luta pela legalização do aborto

Nas últimas eleições presidenciais, o debate sobre a legalização do aborto esteve colocado de forma muito categórica. De um lado, Serra, então candidato a presidente do país, tentou ganhar votos divulgando o posicionamento histórico de Dilma Roussef de defesa da legalização do aborto. Essa postura de Serra apoiou-se em uma ampla opinião contrária do povo brasileiro sobre essa questão. De outro lado, Dilma Roussef abadonou sua posição histórica para ajudar em sua vitória eleitoral e assinou uma "Carta ao Povo de Deus" que assegura que a legislação sobre a legalização não seria alterada em seu governo.

Grande parte dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros conhecem alguém que já fez aborto. E se perguntarmos à maior parte dessas pessoas se as mulheres que fizeram aborto devem ser presas, muitos vão dizer que não. Mas ao mesmo tempo, se perguntarmos se o aborto deve ser legalizado, muita gente também vai dizer que não.

Arcebispo de Campinas Dom Airton José dos Santos
Entretanto, há uma realidade inquestionável em nosso país, de que mais de 200 mil mulheres por ano realizam abortos. A maior parte das mulheres que fazem aborto são católicas e a segunda maior parte são evangélicas. Isso demonstra que a realização da prática do aborto não deve estar determinada pela religião desta ou daquela mulher, mas sim pelas condições de a mulher manter uma gestação e de criar os seus filhos. É diante dessas dificuldades concretas que as mulheres decidem por abortar ou não.

Pela dificuldade desse debate, nas eleições em geral, tanto a presidencial, quanto as municipais, muitos candidatos declaram suas posições contrárias com orgulho, e outros ou mudam de posição, ou escondem suas verdadeiras opiniões em relação ao tema. Os que defendem de forma coerente e humana a legalização e descriminalização do aborto são questionados por líderes religiosos e políticos, como aconteceu com Silvia Ferraro, candidata a prefeita da cidade de Campinas/SP pelo PSTU.

O Arcebispo Metropolitano da cidade, Dom Airton José dos Santos, escreveu uma carta na qual orienta os fiéis da Igreja Católica a levarem em conta o posicionamento dos candidatos em relação ao aborto na hora de votar. Além de propagar uma ideia que não leva em consideração a realização do aborto e a morte de milhares mulheres por o realizarem de forma clandestina, o arcebispo impôs um critério religioso sobre uma definição que é política, porque se trata de uma questão de saúde pública.

O Movimento Mulheres em Luta se solidariza com a candidata Silvia Ferraro diante dos ataques desferidos pela publicação de seu posicionamento, declara apoio incondicional à luta pela legalização e descriminalização do aborto e reforça o chamado para que o conjunto dos candidatos ligados às lutas dos trabalhadores apresentem a defesa da vida das mulheres também na forma de tratar a questão do aborto como um problema de saúde pública e não um caso de polícia.
Silvia Ferraro, candidata a prefeita da cidade de Campinas pelo PSTU

Confira vídeo das Católicas pelo Direito de Decidir de campanha pela legalização e descriminalização do aborto:

http://www.youtube.com/watch?v=LTXWm0HxiXg&fb_source=message

Um comentário:

  1. Eu só tiraria o "Grande parte dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros" pois nem sempre as vitimas são trabalhadoras(es), as vezes são até crianças; e quem vota e opina também pode estar desempregado.

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