terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Apurar a violência sexual na USP não é prioridade para deputados da ALESP!



Por Marcela Azevedo da Executiva Nacional do MML

Hoje, pela terceira vez, aconteceu uma audiência na assembleia legislativa de São Paulo para instaurar a CPI que vai investigar os casos de violência sexual contra estudantes na Universidade de São Paulo- USP. Infelizmente, mais uma vez esse propósito foi adiado por falta de quórum de deputados para garantir tal CPI. 

Os casos de estupro na universidade vieram a público após uma matéria publicada no site ponte.org, na qual várias estudantes relataram a violência que sofreram e como foram convencidas a não denunciar. Após romperem o silêncio, vem crescendo o número de denúncias e o movimento de mulheres organizado na Universidade está lutando para que haja punição dos culpados e medidas concretas da Instituição para responder a esse problema.   

A CPI poderia ser uma ferramenta importante para não abafar os casos de violência e garantir punição os agressores. Contudo, não parece ser esse o interesse do Governo do Estado, já que a pressão para silenciar as vítimas e paralisar a própria comissão de direitos humanos da ALESP, está sendo forte. 

Para que a CPI fosse aberta seria necessária a presença de cinco dos nove deputados estaduais titulares da Comissão de Direitos Humanos da Alesp, mas apenas quatro compareceram. Nenhum representante da bancada do governo estava presente na sessão no horário marcado, às 14 horas. Às 15 horas, o deputado Carlos Bezerra Jr. (PSDB) chegou à sessão, o que possibilitaria a sua instalação, mas a CPI não pôde ser aberta porque o quórum deve ser confirmado até no máximo 15 minutos após o início da sessão, de acordo com o regimento da Casa.

Os demais deputados que compareceram à sessão foram Adriano Diogo (PT), os deputados Marco Aurélio (PT), Sarah Munhoz (PCdoB) e Carlos Giannazi (PSOL). Faltaram os deputados Bruno Covas (PSDB), Jorge Caruso (PMDB), José Bittencourt (PSD) e Ulysses Tassinari (PV), todos da situação.É inadmissível que um tema tão sério e devastador para as mulheres jovens e trabalhadoras, não apenas da universidade, mas de todo o país, seja tratado com tanta negligência por aqueles que se dizem representar os interesses da população. 
Amanhã (17/12), às 14 horas, acontecerá nova audiência na tentativa de instaurar a CPI. Vale ressaltar que, caso tal quórum não seja alcançado até sexta-feira, a CPI só poderá se efetivar após o recesso de final de ano. Ou seja, assistiremos mais um caso de relevância social ser jogado para baixo do tapete, para proteger uma meia dúzia de privilegiados.
Por isso, nós do Movimento Mulheres em Luta, fazemos um chamado para que todas as ativistas estejam amanhã na ALESP, porque não há dúvida de que sem a pressão do movimento, o machismo institucionalizado e os interesses políticos vão imperar sobre a apuração dos fatos, sabemos que sem uma luta cotidiana a violência contra a mulher vai seguir sendo naturalizada em todas as esferas da sociedade. 
Basta de violência contra as mulheres! Apuração dos casos de estupro na USP! Punição aos estupradores!
 
Letícia Pinho, estudante da USP e da Executiva Nacional do MML, em intervenção na audiência de hoje, dia 16/12/2014
 
Ato realizado pela frente feminista da USP no dia 25 de novembro na Faculdade de Medicina da USP

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