No início de 2012, as mulheres trabalhadoras brasileiras amargaram o triste balanço do primeiro ano de governo da primeira mulher a presidir o país: nenhuma nova creche foi inaugurada para receber matrículas de crianças em 2011.
Dilma se elegeu discursando que com uma mulher na presidência, as mulheres receberão mais atenção e prometeu a construção de 6427 novas creches. A falta de creches é uma das principais dificuldades para as mulheres trabalhadoras conseguirem emprego ou se manter nele. Infelizmente, o machismo impõe que as mulheres sejam responsáveis pelo cuidado dos filhos e netos, assim, com a falta delas, quem mais sofre são as mulheres.
Para cumprimento da promessa, o governo Dilma teria de inaugurar 1600 creches por ano. No entanto, em 2011, apenas 39 creches foram entregues simbolicamente e nenhuma em condições de receber as crianças. Foram realizados convênios com 1507 municípios, mas nenhum apresentou as creches novas.
Para esse projeto, o governo Dilma previu a destinação de 2 bilhões de reais. No entanto, apenas 383 milhões foram repassados. Em 2011 e 2012, foram cortados, respectivamente R$ 50 bi e R$ 55 bi do orçamento, o que significou cortar recursos do Ministério da Educação, que deveriam também ser repassados para o projeto de Educação Infantil.
Mesmo com esse cenário, Dilma reafirmou sua promessa. É importante que o governo tenha consciência de que com esse tema não se brinca, pois envolve, por um lado, as condições de vida das mulheres trabalhadoras e por outro, um direito das crianças, que tem direito à Educação, previsto na Constituição Federal do país.
Também é importante que o governo saiba que mesmo essa promessa está longe de resolver o déficit que existe no país, e muito longe da meta prevista no Plano Nacional de Educação de 2001 e de 2011. Hoje, apenas 18,4% das crianças de 0 a 3 anos estão matriculadas em creches, sendo 10,7% matriculadas em creches públicas e 7, 7% matriculadas em creches particulares.
O Plano Nacional de Educação prevê uma meta de 50% de matrículas. Para o governo ampliar para 5 milhões de vagas, é necessário um investimento de R$ 70 bilhões, muito menos do que o governo está investindo na Copa do Mundo e muito menos do que o governo destinou aos banqueiros em 2011, quase metade do orçamento do país (924 bilhões).
É necessário que Dilma reveja suas prioridades, ou então, vai deixar de lado a situação de vida das mulheres trabalhadoras e infelizmente, vai nos fazer chegar à conclusão de que seus discursos eleitorais estiveram voltados apenas para conquistar o voto das mulheres trabalhadoras e não para de fato resolver seus problemas.
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