segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Encontro do MML: Mulheres denunciam violência na greve do Rio, no morro da Rocinha e nas ruas da Índia


“Nós, mulheres, temos que ser fortes como eu fui e estou sendo. Os policiais da  UPP [Unidade de Policia Pacificadora] do Rio sumiram com meu marido [Amarildo], minha família foi machucada, minha sobrinha sofreu tortura, fizeram ela comer vidro, queimaram ela (…).  As pessoas ficam quietas, não tem disposição para fazer o que eu estou fazendo [denunciar]. O que acontecer, com qualquer pessoa da sua família, não se cale, grite”,  Elisabeth Gomes da Silva, moradora da Rocinha (RJ) companheira do pedreiro desaparecido Amarildo.

“As mulheres são maioria nessa greve dos profissionais em Educação no Rio. A força policial foi solicitada para retirar 140 mulheres da Câmara dos Vereadores ocupada contra a aprovação do Plano de Cargos e Salários. [Na ação] não foi só gás de pimenta [que utilizaram], mas taser [choque] no lado esquerdo do nosso peito”. Susana Gutierrez diretora do Sepe RJ à frente da greve dos profissionais do Rio.

“Uma mulher [indiana] foi presa e, na prisão, foram introduzidos cassetes e pedras dentro de sua vagina. O policial que a prendeu recebeu uma medalha (…). O estupro coletivo dentro de um ônibus que levou à morte uma indiana, em dezembro de 2012, foi ponto da virada e ponto de mudança para o movimento de mulheres, LGBT e juventude, se unirem e começarem uma grande mobilização (…). Nós não vamos aceitar que a violência se volte contra o nosso corpo como se isso fosse uma coisa normal”. Soma Marik, ativista contra os estupros de mulheres na Índia.

Esses foram alguns dos relatos feitos pelas palestrantes convidadas à mesa de debate sobre a violência contra a mulher neste domingo (6), último dia do 1° Encontro Nacional do Movimento Mulheres em Luta.

Elisabeth trazia em sua voz a força de quem teve coragem de denunciar a ação nefasta de policiais da UPP que desapareceram com seu companheiro Amarildo.

A profissional em Educação do Rio, Susana, levou ao debate a determinação de sua categoria composta 90% por mulheres, em greve há mais de dois meses, que enfrentam o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes e não se intimidam com a violência impetrada por eles.

A indiana Soma Marik trouxe a perseverança de alguém que quer mudar as leis de seu país, a Índia, onde os crimes de estupro acontecem a revelia.  A ativista está com uma campanha para que se mude a lei na Índia, onde só é considerada prática de estupro quando há penetração vaginal.

Essas mulheres, que viveram na pele ou viram pessoas próximas serem submetidas à violência, fizeram relatos impactantes e reafirmaram a necessidade de combater e lutar contra esse ataque e violação.

Mesa sobre a violência – Logo após as falas das convidadas, a mesa cedeu espaço para a trabalhadora de Saúde do Pará, Marcela Azevedo e para a representante da executiva do MML de Curitiba, Caren Capelesso, que expuseram ao plenário, estatísticas e pesquisas alarmantes sobre a violência vivida pelas mulheres. Denunciaram o estatuto no nascituro, que, de acordo com elas, ignora os direitos da mulher vitimas da violência do estupro.

Ainda de acordo com a fala das companheiras é preciso combater a violência contra a mulher em várias frentes. Essa violência ocorre quando o estado não disponibiliza casas abrigos em números suficientes para as mulheres que sofrem agressão; quando as mulheres são submetidas ao abuso sexual nos transportes públicos lotados, além da violência nas relações de trabalho, quando mulheres ainda continuam ganhando menos do que os homens.

Ambas reafirmaram a necessidade de uma forte campanha nacional contra a violência às mulheres trabalhadoras.

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Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

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Chega da violência contra as mulheres!

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