segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Querem calar as mulheres, mas já aprendemos a gritar! Toda solidariedade à Lola, Juliana Tolezano e Feminismo sem Demagogia!

Por Luana soares e Marcela Azevedo

A crise econômica e política atuam juntas, lado a lado e atinge intensamente a vida dos trabalhadores, em especial a dos setores mais oprimidos da sociedade. O aumento no custo de vida, as centenas de demissões e a falta de perspectiva de grande parte da juventude faz com se intensifique a reprodução de ideologias opressoras como o machismo, o racismo e a LGBTfobia. As últimas semanas foram marcadas por retrocessos importantes no que diz respeito aos direitos das mulheres. Como se não bastasse o debate em torno da redução da maior idade penal, do novo estatuto da família, agora a bancada conservadora ainda se dedica a aprovar o PL 5069, de autoria de Eduardo Cunha e mais 12 deputados de diversos partidos, inclusive do PT e do PSDB, que dificulta o acesso à pílula do dia seguinte para as vítimas de estupro.

O surgimento desses projetos absurdos não é à toa. Dão-se centralmente pela polarização em que se encontra a sociedade. O conjunto dos trabalhadores rompe com o PT e seu governo, fazem greve e resistem aos ataques em seus direitos. A dominação ideológica é um dos caminhos para evitar que a classe veja que é capaz de derrotar a burguesia. Assim, é possível visualizar a movimentação de todos os setores sociais, inclusive os mais reacionários, na disputa da consciência dos trabalhadores.

Eduardo Cunha e sua corja inspiram muitos setores que sem qualquer escrúpulo insultam e ameaçam mulheres, negros e negras, homossexuais, travestis e transexuais de diversas formas. É o caso, por exemplo, da pequena Valentina, de apenas 11 anos de idade,  participante de um reality show da TV Brasileira, que foi vítima de assédio sexual e pedofilia através das redes sociais. Das críticas sem fundamento, mentirosas e desrespeitosas ao ENEM que abordou a violência machista no tema da redação e também uma questão fazendo referência a Simone de Beauvoir. Mas os ataques foram além.

A partir da reação massiva das mulheres, que tomaram as ruas em atos que deixavam evidente que não vamos aceitar a retirada dos nossos já poucos direitos, as páginas de algumas feministas e defensoras dos LGBT’s foram vítimas de retaliação no facebook e chegaram a ser desativadas por alguns dias. Isso aconteceu após a página “Orgulho de ser hétero” ter sido retirada do ar por ter recebido várias denúncias em razão de postagens homofóbicas e machistas. Em resposta, os administradores e seguidores dessa página fizeram uma ofensiva para que as páginas Jout Jout Prazer (Julia Tolezano) e Feminismo sem Demagogia também fossem retiradas do ar, além da nossa querida Lola, do blog “Escreva Lola, escreva!” receber inúmeras ameaças e mensagens agressivas através das redes.A página do MML também foi alvo de comentários vexatórios e ultrajantes. 

A colunista de blogueiras negras, Stephanie Ribeiro, que é também estudante de Arquitetura na PUC de Campinas, após denunciar casos de racismo institucionalizado, sofreu diversos tipos de agressões verbais em seus perfis sociais na internet e até mesmo teve seu armário da faculdade pichado com frases racistas. Perseguição esta que a Universidade não reconheceu. 

 Todas elas são conhecidas por defenderem o direito das mulheres, negros/negras e dos LGBT’s e tem muita referência nas redes sociais. Uma semana antes do ocorrido o vídeo da Jout Jout – Vamos fazer um escândalo - que falava sobre assédio e incentivava as mulheres a fazer denúncias, havia viralizado nas redes, ganhando um dos maiores alcances de seu canal no youtube.

Tudo isso é um grande absurdo, mas sem dúvida alguma, muito insuficiente para enfraquecer e calar a luta das mulheres pelo Brasil inteiro. Tanto que em várias capitais do país os atos majoritariamente organizados por mulheres só crescem. Milhares de nós que se reúnem e fortalecem a mobilização em defesa dos nossos direitos, exigindo o Fora Cunha e denunciando a política de ataques do Governo Dilma. 

Esse é o melhor refúgio para as blogueiras que foram ameaçadas e tiveram suas páginas cerceadas: a certeza de que mulheres são rios, ficam mais fortes quando se juntam. Nós, do Movimento Mulheres em Luta, cobrimos as companheiras de solidariedade e reafirmamos que nenhum instrumento que sirva de porta voz para a luta contra as opressões será apagado. Mesmo tendo concepção e, muitas vezes, opiniões distintas de outras organizações, nos colocamos na defesa intransigente do direito democrático de que todas possam se manifestar. Além disso, exigimos a punição a todos aqueles que ameaçam e violentam psicologicamente as mulheres na internet. 

O papel do PT no avanço do conservadorismo no Brasil

Não é de hoje que o governo do PT abriu mão de defender os interesses dos setores oprimidos para se manter no poder. A carta ao povo de Deus, na qual Dilma afirmava que não tocaria no tema da legalização do aborto caso os setores conservadores apoiassem sua campanha, foi o primeiro aceno de omissão. Depois veio o veto ao kit anti-homofobia também em troca de um favorzinho dos fundamentalistas que na ocasião se calariam frente ao envolvimento de José Dirceu em processos de corrupção. Agora, quando Eduardo Cunha é acusado de desvio de verba pública e segue atacando os direitos das mulheres, negros e lgbt’s, a postura do Governo do PT é mais uma vez o caminho do acordão e nenhuma defesa dos nossos direitos.

        Por isso, não podemos fingir que o nosso único problema é o Cunha. É necessário reconhecer a responsabilidade que Dilma e o PT têm nessa história, são eles os responsáveis pelo espaço que a direita tem hoje no país. Afinal de contas, o vice Michel Temer, é do mesmo partido de Cunha.

Por isso, para além de fortalecer a unidade em torno da defesa das mulheres, é preciso que as lutadoras honestas rompam com o governo e junto com toda a classe trabalhadora possam ditar o seu próprio futuro.



Um comentário:

Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

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Chega da violência contra as mulheres!

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