Por Wellingta Macedo, do MML e QRC Pará
Hoje, dia 13 de maio, é uma
data que a historiografia branca e burguesa oficial gosta de dizer que é a data
da Abolição da Escravatura, porque há 129 anos, a Princesa Izabel, filha de Dom
Pedro II, assinava a chamada Lei Áurea. Esta lei marcava oficialmente, a
extinção da escravidão negra no Brasil levando a libertação de mais de 750 mil
escravos, a maioria de origem africana que foi sequestrada de seus países e
trazida para o Brasil, pelos portugueses.
Para o Movimento Negro, o 13
de maio não é uma data de comemoração. É sim uma data de denúncia. Primeiro
porque a Princesa Izabel não é uma heroína e nem “libertou” ninguém da
escravidão. O “fim” da escravidão, com a assinatura da Lei, foi fruto da luta
de negros e negras, africanos e brasileiros, que contou com o apoio de outros
setores das camadas médias da sociedade como os Abolicionistas, para a sua
Abolição e alforria. Foi fruto das várias revoltas populares que ocorreram no
Brasil de norte a sul, na época do Império, como a Cabanagem, no Pará, as
Revoltas do Malês e a Sabinada, ambas na Bahia e comandadas por uma Mulher
Negra chamada Luísa Mahín, mãe do abolicionista Luís da Gama. Foi fruto da
construção de Quilombos por Negros e Negras que fugiam das fazendas e senzalas
onde eram constantemente chicoteados e tratados como animais, sendo o Quilombo
dos Palmares, comandado por Dandara e Zumbi, em Alagoas, o mais famoso.
Num país como o Brasil que
vive o Mito da Democracia Racial e não assume o seu Racismo, onde a
miscigenação, que ocorreu por conta do estupro de várias mulheres pretas na
condição de escravas, ainda é vista como algo positivo, nós vivemos uma Falsa
Abolição porque negras e negros, especialmente os da classe trabalhadora, encontram-se na base da pirâmide social. Para
exemplificar, um jovem negro tem 129% mais chance de ser assassinado do que um
jovem branco e quando fazemos o recorte de gênero e classe, a situação só
piora. No Brasil, mulheres negras ainda enfrentam duas vezes mais chances de
sofrerem feminicídio do que uma mulher branca, 59,4% das mulheres negras são
vítimas da violência doméstica e 68,8% são vítimas de agressão com 2x mais chance
de serem assassinadas, ao comparar com uma mulher branca.
Se tudo isso já não fosse
suficientemente grave, a condição de “escravo”, não desapareceu com a
“Abolição” de Izabel. Os negros ocupam os postos mais precarizados de trabalho
com as mulheres negras liderando as vagas de empregada doméstica no país, bem
como as vagas de serviços terceirizados como telemarketing, por exemplo. É
outra forma de escravidão travestida de trabalho assalariado com péssimas
condições de trabalho, salários baixos e quase sem benefícios.
As reformas que Temer e o
seu Congresso corrupto querem aprovar atingirão em cheio os setores mais
oprimidos e explorados da sociedade. Negros e Negras, especialmente as mulheres
negras que são a maioria das chefas de famílias e também a maioria das mães
solteiras, sofrerão bastante para se aposentar, por exemplo, caso a Reforma da
previdência passe. Mulher preta trabalha desde cedo. Nas suas costas ela
carrega um peso de tarefas e responsabilidades, por isso mesmo são as maiores
vítimas dos transtornos mentais, como o que abateu Estamira, a estrela daquele
documentário de 2005, de Marcos Prado, sobre uma catadora de lixo negra e
filósofa que morava num aterro sanitário. Estamira morreu aos 70 anos de
diabetes, totalmente invisibilizada pelo Estado brasileiro.
É por esse e outros motivos
que não comemoramos o 13 de maio, ao contrário.
Denunciamos a Falsa Abolição e
o Racismo brasileiro. Não reivindicamos a Princesa Izabel como nossa heroína e
salvadora, porque ela não foi. Reivindicamos Dandara, Luísa Mahín, Acotirene,
Aqualtune, Cláudia da Silva e tantas outras que tombaram por conta do Racismo e
lutando pela verdadeira liberdade. Liberdade esta que só virá com uma Revolução
Socialista e que no Brasil será Negra. Ou não será.
Aquilombar as lutas para unificar as mulheres da classe trabalhadora!Nossas vidas importam! Basta de machismo, racismo e lgbtfobia! Fora Temer, fora Todos que nos oprimem e Exploram!
O quilombo dos palmares é uma das grandes mentiras do Brasil. Zumbi não era libertador de escravos. Era sim, um grande escravocrata. Vivia como um rei em Palmares. Fosse na Africa ele seria um negociante de escravos.
ResponderExcluir"Se mil tronos tivesse, mil tronos eu daria pela libertação dos escravos ." Com esta frase no Senado e Senadores contrariados pois se a princesa assim assinasse perderia o trono. A princesa Isabel ( A redentora) fez muito mais para o fim da escravidão que qualquer ídolos do movimento negro no Brasil. Mas os tolos só pelo fato dela ser branca, não aceita a história, a qual jamais será mudada. Parabéns a Carlinhos Brown que reconhece o valor de quem têm valor.
ResponderExcluirEnquanto isto idiotas de esquerda que idolatram Zumbi dos Palmares um assassino de brancos e negros. Fica como exemplo de luta.
Isto mostra o nível de estudo no Brasil