Nós da Associação de
Pós-Graduandos/as das Universidade Federal da Bahia (APG-UFBA), recebemos
notícias de diversas candidatas, cujo os seus nomes não serão mencionados aqui,
pois o processo seletivo, Edital 01/2022 para a seleção de candidatos/as
regulares mestrado/doutorado – PPGEFHC, ainda está em andamento, por isso é
importante preservarmos a integridade das mesmas. As candidatas relataram que
foram vítimas de assédio moral no ato da entrevista, sendo que um dos membros
da banca manifestou comentários de natureza sexista na tentativa de
descredibilizar as suas pesquisas.
Considerando que em um
processo seletivo existem relações de poder que já foram cristalizadas por
práticas hierarquizadas no espaço acadêmico, o reflexo dessas práticas pode
incorrer em constrangimentos para as participantes, uma vez que, já estando em
uma situação psicologicamente vulnerável (serem avaliadas) ficam sujeitas e
reféns dos abusos que podem ocorrer.
Destacamos
que a cultura classista, racista e machista se manifesta em diversos espaços,
tanto no público quanto no privado, e no espaço acadêmico não seria diferente.
Nesse sentido, mesmo a universidade pública sendo o centro de produção
intelectual, que visa discutir e combater qualquer tipo de opressão, ainda há
espaço para diversas formas de opressões sociais, a exemplo do machismo.
Inclusive, neste programa existem professores e professoras qualificados/as que
contribuem incansavelmente no ensino, pesquisa e extensão a nível nacional e
internacional promovendo reflexões pertinentes para o ensino, filosofia e
história das ciências, a fim de gerar críticas e debates a respeito das
opressões de classe, gênero e raça.
Nesse ínterim, se estabelece no programa uma
linha de pesquisa já consagrada internacionalmente: gênero e ciência. Assim, o
programa tem sido procurado por mulheres com a intenção de utilizar a pesquisa
como instrumento político de enfrentamento contra as opressões, acreditando
existir para tal um espaço reconhecido e consolidado.
Mesmo diante deste cenário, para nosso
espanto, algumas dessas mulheres e seus projetos foram descredibilizados por
meio da tentativa de anulação dos seus conhecimentos por membros da banca
avaliadora, nem sempre tão familiarizados com os objetos de estudo em questão.
Tendo como resultado uma avaliação parcial voltada a valores pessoais e não em
critérios acadêmicos, como esperado de uma seleção desta natureza.
Diante de uma temática
(gênero) ainda contestada por princípios ideológicos que fogem o aspecto
teórico, os eventos aqui denunciados refletem o quanto a academia ainda está
alicerçada em eixos discriminatórios, a exemplo do machismo.
Diante do exposto, essa
carta visa manifestar o nosso repúdio a imparcialidade de um dos membros da
banca avaliadora, o que demonstra a incapacidade avaliativa do mesmo perante a
temática apresentada pelas estudantes que optaram pela linha de pesquisa de
História das Ciências, mais especificamente, na área da História das Mulheres
nas Ciências, incorrendo em falas agressivas e pessoais que feriram a lisura do
processo e a integridade psicológica das participantes.
Por
isso, solicitamos as gravações e a apuração das provas orais que foram
gravadas, conforme consta no edital.
Para que sejam tomadas as devidas providências quanto à credibilidade de
todo o processo seletivo.
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