Por Marcela Azevedo
O mês de outubro é marcado,
internacionalmente, pela campanha de conscientização e prevenção do câncer de
mama. A campanha teve início em 1990, a partir da Fundação norte americana
“Susan G. Komen for the cure”.
Esse tipo de câncer é o que mais
acomete mulheres em todo o mundo. No Brasil, tratar do tema é deveras
importante, visto que o câncer de mama é o tipo que mais mata mulheres no país.
Para 2023 a estimativa era de 73.610 novos casos de câncer de mama, assim como
o risco foi estimado de 66,54 casos para cada 100mil mulheres.
A prevenção é o melhor remédio
O câncer de mama é raro antes dos
35 anos, grande parte dos nódulos são benignos, ou seja, não são cancerígenos,
e podem acometer tanto mulheres quanto homens. Não existe uma forma de impedir
o surgimento dos nódulos na mama, entretanto, quando identificado e tratado
precocemente, as chances de cura são de 95%.
Por isso, é parte das orientações
médicas, realizar o exame de toque nas mamas para identificar qualquer tipo de
caroço (nódulos), alterações no bico do peito, pele avermelhada, saída de
líquido das mamas que são os principais sintomas e sinais do câncer de mama.
Além disso, deve se realizar a ultrassonografia de mama, a cada 02 anos, antes
dos 40, e anualmente, após essa idade.
As mulheres que, culturalmente,
foram educadas a não tocar seu corpo, sofrem mais essa consequência da opressão
machista. Ou seja, muitas vezes, não identificam precocemente os sinais do
câncer de mama, devido à falta de hábito ou por não se sentirem autorizadas a
fazer o toque da mama. Devemos ter como medida de educação em saúde, o combate
ao machismo e à imposição de comportamentos conservadores as mulheres, que
atentam contra sua própria saúde.
Acesso ao tratamento é um direito!
Entretanto, a opressão machista
não é a única barreira para garantir a prevenção e tratamento do câncer de mama.
Os nódulos, podem ou não ser identificados ao toque, e em ambos os casos é
necessário acompanhamento profissional para orientações e medidas de cuidado. Os
sucessivos cortes no orçamento da saúde e o sucateamento do SUS, visando a sua
privatização, são medidas que afetam diretamente as mulheres trabalhadoras.
Em todos os governos, desde que o
SUS foi implementado, os ataques à sua estrutura e abrangência foram constantes.
No governo FHC, na década de 90 foram criadas as primeiras Organizações sociais
- OS’s e Organizações de sociedade civil de interesse público - OSCIP’s , que
assumiram a administração dos hospitais públicos de grande porte. Esse tipo de
administração desresponsabilizou o governo de investir na saúde e desviou verba
para a iniciativa privada.
Com os primeiros governos do PT a
atuação das OS’s e OSCIP’s se expandiram para a atenção básica, aprofundando a terceirização
e precarizando os serviços públicos. Os concursos públicos foram quase inexistentes,
sendo que a contratação de equipes seguiu a lógica de mercado e não de demanda
da população. É comum vermos essas empresas atrasarem salários e os
profissionais abandonarem os postos de saúde. Além disso, é constante a quebra de
aparelhos ou a falta de outros recursos para garantir a realização de exames ou
tratamentos.
No governo Temer, com a criação
da PEC do teto de gastos, se aprovou o congelamento dos investimentos nas áreas
sociais, incluindo saúde e educação, por 20 anos. Os governantes afirmam que o
teto de gastos é uma medida de responsabilidade fiscal, mas, na verdade, é uma
forma de garantir o envio de dinheiro público para as dívidas sem fim com
setores da burguesia, que não renunciam a seus lucros.
Durante o governo Bolsonaro, além
dele não ter feito nada para proteger a população durante a pandemia, ainda
realizou cortes no orçamento da saúde e paralisou todos os demais atendimentos,
sem garantir uma política de atenção a demanda represada, pós-período pandêmico,
o que gera consequências até hoje para a população.
Seguindo essa mesma lógica, de
preservação dos interesses dos ricos e poderosos, o governo Lula/Alckmin tenta implementar
um teto de gastos ainda pior, com o arcabouço fiscal. Somente no último
bloqueio de verbas, realizado no início do segundo semestre, foram cortados R$1,5
bilhão do orçamento de 2023. O setor da saúde teve o maior corte com R$ 452
milhões.
Lutar pela saúde pública e
gratuita é defender nossas vidas!
Diante da real situação enfrentada
pelas mulheres trabalhadoras, que precisam superar inúmeras barreiras para
preservar suas vidas, nós, do Movimento Mulheres em Luta, chamamos as mulheres a
se tocarem, enfrentando o machismo e priorizando o autocuidado. Contudo,
precisamos ir além e nos organizarmos, com independência dos governos e
patrões, para lutar em defesa do SUS; da saúde pública, gratuita e de qualidade;
contra qualquer forma de teto dos gastos, que prioriza o lucro de poucos, em
detrimento das necessidades da maioria da população; por uma sociedade sem
opressão e sem exploração, na qual nossos direitos elementares sejam garantidos
plenamente.
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